Capítulo 12 - Escolhas.

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Escolhas (nome): ato ou efeito de escolher; seleção; possibilidade de selecionar entre duas ou mais; opção.

Layna

Suspirei e saí da biblioteca, provavelmente era o melhor. Caminhei de queixo descido pelo corredor, se os ignorasse, eles ignoravam-me.

A sala onde teria a aula ainda se mantinha fechada e esperei perto da porta pois não tinha ideias de como passar o intervalo, retirei o meu telemóvel do bolso e joguei qualquer coisa parva para me entreter.
As risadas frenéticas masculinas captaram toda a minha atenção e Zayn lutava com Andrew. Não o tinha visto na biblioteca mas iria vê-lo, somente, na aula. 

Notei que o meu olhar ainda não os tinha deixado quando o toque soou e entrei rapidamente quando esta foi aberta. 

A aula decorria como uma normal mas os meus olhos, intencionalmente, olhavam para a silhueta masculina de Zayn, era estranho como agora sentia empatia e raiva por ele. Que sentimentos tão contraditórios.

A matéria vagueava como se fosse algum rafeiro perdido nos becos de uma grande cidade e o meu raciocínio perdera-se com ela.

Quando os ponteiros do meu, antigo, relógio apontaram para aproximadamente as horas a que tinha de sair arrumei os meus cadernos e estojo na mochila para sair.
- Zayn permita-me falar consigo. - Pediu o professor assim que nos levantamos quando o toque moveu-se livremente pelos corredores a anunciar a sua presença. Provavelmente pelas faltas antes desta aula. 

Esperei no corredor pelas próxima aula que seria no mesmo lugar e Zayn saiu olhando-me ferozmente.
- Chamou-te. - A sua voz curta e grossa fez a minha espinha estremecer e entrei quase automaticamente na sala.

O professor esperava-me a sorrir sinistramente.
- Deves estar curiosa, provavelmente. Não a vou repreender. - Brincou e eu sorri, não estava em sintonia neste assunto. - Deve saber que o seu colega está na equipa da escola.
- Que colega? - Perguntei.
- O Zayn.
- O que tenho eu a ver com isso?
- Se a menina não me interrompe-se provavelmente a esclarecia. - Engoli em seco. - E os jogadores da equipa não podem ter, propriamente, más notas ou serão convidados a sair da equipa e o seu colega é um elemento precioso para um bom resultado nesse desporto, contudo a pontuação que ele atribui à equipa não reflete nos esforços das aulas e por isso as suas notas são degradantes.
- O que tenho eu a ver com isso? - Acentuei.
- O departamento de professores desta turma decidiu que o Zayn precisava de ajuda para obter o patamar...
- Não! Eu não o ajudo! - Quase gritei. - Tudo menos isso.
- Já está decidido.
- Ele tem dinheiro porque raio não vai para um explicadora?
- A explicadora não está propriamente dentro dos assuntos da aula para perceber as dificuldades do seu colega.
- E porquê eu? A Sarah é melhor aluna do que eu.
- A sua colega não tem a mesma força, convicção e paciência que a menina exerce. Ponderamos todas as suas colegas para o cargo mas umas tinham uma relação extra colegial com o seu colega e outras poderiam vir a ter.
- E ele?
- Ele vai ponderar sobre o assunto.
- Eu não quero. - Abandonei a sala, sabia que Zayn não tinha aceitado e não ia aceitar assim um pedido tão amargo como aquele.

Caminhei irritada pelos corredores e sentei-me no corredor furiosa com aquilo, esperava encontrá-lo ali para o dissuadir a não o fazer.
- Quando desprezas uma pessoa... - Disse ele assustando-me.
- Não te esperava aqui. - Interrompi.
- Estava aqui a pensar. Quando desprezas uma pessoa mas não tens outro remédio se não trabalhar com ela, o que fazias?
- A doença para o remédio é importante?
- É tudo para o que alguma vez trabalhei.
- Então fazia de tudo para a tratar. - Ele suspirou.
- Lá se vai a minha reputação. - Brincou.

Irónico.

- Não propriamente.
- Como assim?
- Dizes ao teu professor que não mas têm explicações à escondidas. - O que estava eu a fazer?
- Até te beijava mas provavelmente dava com os lábios nos olhos ou num lugar qualquer meio sinistro. - Brincou. - Agora um ideia para que ela aceite.
- Fala com ela.
- Uma mais original.
- Fala com ela. - Repeti.
- Isso não vai resultar.
- Já experimentaste?
- Claro que não.
- Então não sabes se resulta. - Ele ficou calado, provavelmente a pensar em como seria a conversa comigo.

Depois de tocar teria a última aula do dia e finalmente iria para casa na companhia de Liam. Era estranho como ele queria estar comigo, nunca tive isso na minha vida.

Caminhamos ambos calados durante algum tempo e sentia que aquilo me tinha dado a conhecer uma boa parte de Liam, ele compreende que para mim isto é novo e respeita.
- Ainda estou à espera da minha fama pós morte. - Ele olhou-me curioso. - Predador homicida. - Lembrei e ele riu.
- Ainda estou a estudar isso. Tenho que preparar cenário e tudo, não pode ser à balda.
- Tens razão, vou esperar ansiosa e estudar várias maneiras de gritar em agonia.
- Boa ideia. - Ambos rimos e a casa onde resido já se fazia notar. - Amanhã estás ocupada?
- Não sei, porquê?
- Por nada.
- Não. - Respondi de imediato.
- É bom saber. - Piscou-me o olho e deixou-me sozinha e curiosa em frente à porta de casa. Que raio fora aquilo?




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