Capítulo 31 - Estarias?

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Coloquei os auscultadores sobre os ouvidos quando me sentei sobre os bancos do autocarro e me encaminhei, como todos os sábados, até perto do cemitério onde a minha mãe e o meu avô se aposentam.

Sentei-me para ficar em frente à pedra onde segurava o nome da minha mãe e acariciei-o.
- Tenho imensas saudades tuas mãe. Não faço a menor ideia do que te contar hoje... Ando mais confusa que nunca... Ontem foi o concurso de talentos e o Liam cantou, sim o meu namorado, ele dedicou-me a música, foi bastante romântico mas o Zayn também cantou e eu não consigo pensar em mais nada a não ser na voz dele e... Não sei o que fazer... Que faço? - Fiquei uns momentos em silêncio e com a mão sobre a pedra. - Eu sei que ele faz-me muito mal mas que posso eu fazer? Ele... Não sei... Ele tem um efeito sobrenatural em mim e eu não aguento estar perto dele sem lhe tocar e se aguentar estou a esforçar-me mais do que aguento e eu não aguento muito mais do que consigo... Vou só ficar aqui uns minutos encostada a ti, espero que não te importes pois tu fazes-me pensar.
- Faço? - O meu corpo estremeceu com a voz vinda do nada. Empalideci com a fonte da voz e clareei a voz para não sair enfraquecida.
- Que fazes tu aqui?
- Por ai. E tu?
- O que me vês a fazer.
- A falar com uma pedra.
- Nunca entenderias.
- Tenta.
- Esquece Zayn. - Ele sentou-se em frente a mim.
- A tua mãe? - Não respondi. - Desculpa o incomodo então. - Levantou-se para se ir embora.
- Não! - Parei-o sobressaltada e ele olhou-me. - Fica.
- Queres que eu fique?
- Não quero é estar sozinha nem que seja estar contigo.
- O teu namorado?
- Não veio.
- Porque não?
- Já não estar a querer saber demais? Eu apenas quero a companhia de alguém isso não implica ter de te contar a minha vida.
- Rebelde. Gosto.
- Principalmente quando te ris na minha cara.
- Rio porque tem piada não porque quero gozar contigo.
- És um otário.
- Queres que prometa que nunca mais o faço?
- Não quero que prometas, quero que pares. - Ele ficou em silêncio.
- Só o faço porque gosto de ti. - Riu-se.
- Desculpa? Tu és estúpido ou apenas gostas de ser assim? - Disse-o irritada.
- Calma Layna, estou apenas a meter-me contigo.
- E os outros dias o que é?
- Tu queres a minha companhia ou me julgar? - Fiquei calada porque realmente queria a sua companhia.

Senti o seu corpo juntar-se ao meu e aquecer-me o braço esquerdo.
- Estas gelada.
- Pensava que ia mais cedo embora e não trouxe casaco.
- Deves ter é algo contra os casacos. - Riu e eu ri com ele. - Vou-te dar novamente o meu.
- Não é preciso.
- Aceita lá, eu sei que queres sentir o meu perfume. - Gargalhei alto e ele sorriu e ficamos em silêncio após ele ter colocado o braço por cima dos meus ombros e senti a sua mão descair para o meu braço como uma carícia mas logo senti a falta dela quando ele a tirou.
- Tu és... Diferente.
- Como assim?
- Porque não podes ser assim todos os dias?
- Assim como?
- Não sei... - As palavras faltavam-me para identificar o momento bom a que ele me estava a proporcionar e a excelente companhia que ele me está a ser. - Simpático talvez.
- Só?
- Não abuses da sorte. - Sorri. - Mas estas muito simpático e isto é estranho para mim.
- Porquê?
- Mas tu só sabes fazer perguntas? - Ri e continuei. - Não sei, nunca foste algo mais do que horrível para mim e agora estas a ser uma pessoa que me parece conhecer à anos.
- E conheço.
- Verdadeiramente. Quem eu realmente sou tu não sabes e nunca ninguém se deu o prazer de conhecer.
- Nem o teu namorado?
- Isso é diferente.
- Porquê? Se ele realmente te amasse estava disposto a conhecer cada parte de ti.
- Mas isso sou eu que não quero que ele conheça.
- Eu estaria disposto a conhecer. - Disse ele.

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