Capítulo 58 - Piquenique.

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Fechei os olhos na tentativa de controlar o desejo flamejante de abrir a porta que nos dividia mas uma tentativa falhada.

Desculpa ter-te deixado sem dizer nada... L

Li quando o telemóvel me fez abrir os olhos e despertar do pensamento de como ela seria.

O quê? Ela não está...

O meu pensamento fora interrompido pela porta que se abriu e saiu Waliyha em toalha.
- Qual foi a tua ideia? - Perguntei sem lhe olhar.
- Desculpa... O meu chuveiro avariou.
- Para a próxima usa a da mãe.
- Estava ocupada já, achas que utilizava a tua sem que fosse mesmo necessário? - Calei-me pois não o sabia e ela fechou a porta do meu quarto assim que saiu. Não podia crer que não era Layna que se encontrava a levar com a água no seu corpo nu e que todos os meus pensamentos compungidos foram em vão mas alegres para o meu cérebro e dolorosos para o meu corpo.

Podias ter ficado.

Respondi quando me lembrei que lhe deixara sem resposta.

Não queria preocupar mais a minha avó.

Desculpou-se esfarrapadamente.
- Querido toca a... - Abriu a porta abruptamente. - Já estás acordado?
- Ao que parece.
- Hoje temos aquele piquenique. - Arfei em desacordo e coloquei os cobertores por cima da cara. - Não faças fita, as tuas irmãs não o fizeram. - Arfei ainda mais alto, detestava estes piqueniques com todo o meu eu. - Convida a Layna. - Retirei o cobertor da cara e olhei-a.
- Desculpa?
- Convida-a, pode ser que ela te desperte esse gosto pelo piquenique. - Piscou o olho. - Tens 1 hora para estares pronto.
- Que horas são?
- 7am. - Gritou já no final do corredor e eu corri a ligar a Layna.

- Zayn. - Sorriu após dizer o meu nome.
- Como sabias?
- Emitiu no meu ecrã talvez...
- Pois... - Que burro! - A minha mãe perguntou se querias...
- Ir ao piquenique? - Interrompeu-me.
- Como...
- Ela falou-me assim que sai de tua casa... Disse que tu não gostavas de ir e que eu talvez fosse uma maneira agradável... - Ironizou no agradável. - de ires. - Interrompeu-me mais uma vez.
- E vens?
- Se quiseres que vá.
- Não me importo.
- Não te importas? Bem...
- Quero que venhas. - Interrompi-a. Cá se fazem, cá se pagam.
- A que horas tenho que estar pronta?
- 1 hora...
- Tenho que levar o quê? - Pensei durante um pouco.
- Acho que nada mas um biquíni de preferência porque não sei onde vamos este ano.
- Está bem, acho eu. Quem vai?
- Vão as minhas irmãs e os meus pais apenas. Não fiques preocupada.
- Ainda bem. Até já.
- Até já... - Disse ao mesmo tempo que os bips soavam.

Levantei-me e suspirei assim que senti a água quente do chuveiro sobre o meu corpo, não vi Layna nua neste mesmo local mas irei ter um vislumbre do seu corpo se formos para um lugar com lagos para nadar, não que eu goste muito de água mas valerá a pena. Já imaginei várias vezes Layna assim e consegui ver um pouco quando ela trazia aquelas suas roupas um pouco mais justas que o normal mas nunca tive o prazer que vou ter hoje, talvez...

- Despacha-te. - Ouvi a minha mãe gritar por entre a água e revirei os olhos, sempre a mesma.

Vesti uma t-shirt confortável e uns calções de banho e sai de casa, entrei dentro do carro e dirigimo-nos até casa de Layna que já nos esperava, o meu coração acelerou com o seu sorriso assim que ela nos viu.

Vai ser um dia interessante.

- Bom dia. - Cumprimentou ela.
- Bom dia. - Disseram um a um e ela olhou-me.
- Bom dia. - Disse-lhe quase num sussurro e dei-lhe um beijo na bochecha quando ela se sentou do meu lado. - Doniya, minha irmã mais velha, Safaa e Waliyha. A minha mãe que já conheces e o meu pai. - Sorri e ela sorriu de volta a todos.
- Sou a Layna. - Brincou.

--

Pousamos os cestos numa mesa desocupada.
- Não estejas nervosa. - Sussurrei-lhe assim que senti os seus suspirares nervosos e as suas mãos a tremer.
- É difícil... - Desabafou.
- Não vamos estar com eles muito tempo.
- Porquê?
- Eles devem ir nadar e eu prefiro me manter longe da água. - Ela riu.
- Ficamos os dois então. - Riu embaraçada.
- Não queres ir à água?
- Sem ti não.
- Eu faço um esforço.
- Não te quero obrigar. - Ouvi as minhas irmãs mais novas correr e atirarem-se para a água.
- Que queres fazer?
- Dar uma volta, pode ser?
- Claro. - Pegou na sua mala e colocou-se do meu lado.

Ambos subiamos a colina sem dizer uma palavra, não sabia bem o que dizer mas também sentia que não precisava, parecia tudo tão natural com ela e tudo muito mais suportável.
- Zayn? - Olhei-a. - Trouxe a máquina fotográfica... - Riu mordendo o lábio.
- E?
- Deixas-me te tirar fotos?
- Se tirares comigo. - Riu e eu ri junto.
- A ideia também era um pouco essa.
- Interessante. - Brinquei. - Vou pensar.

Ela olhou-me mas sorriu e entrelaçou o seu braço no meu e assim continuamos a caminhar até encontrar um sítio que fosse perfeito para ambos no sentarmos.

--

Ela suspirou alto.
- Que se passa? - Perguntei depois de vários minutos calados a admirar a vista.
- Sabes o quanto difícil é estar ao teu lado?
- Como assim?
- Estar ao teu lado sem que...
- Me possas beijar? - Perguntei sem pensar bem no que estava a dizer.
- Exatamente... - Disse num sussurro.
- Partilho do mesmo sentimento. - Admiti e ela olhou-me, quer dizer, aquilo não fora apenas um olhar, continha esperança e algo mais, não sei bem o quê mas algo mais...

A Deep Regret Z.M.Onde histórias criam vida. Descubra agora