Capítulo 73 - Acabou.

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Harry fechava os olhos múltiplas vezes, sabia que devia ir embora mas a coragem para ficar sozinha entre quatro paredes era nenhuma, não o queria e não me deixava fazer. Egoísta devia ser o meu nome do meio neste momento mas Harry também não me mandava embora, provavelmente seja demasiado bondoso para isso.

Tenho que falar algo ou para que viria?

- Queres que vá embora? - Que raio de pergunta, é óbvio que quer.
- Não, claro que não. - Disse entre um bocejo. - Ainda não me disseste é o motivo desta tua grande visita a meio da noite. - Sorriu.
- Tens razão... - Disse para me manter em silêncio.
- E estou a ver que tampouco me vais dizer. - Voltou a sorrir, o seu sorriso até que era contagiante.
- Vou, estou é a arranjar as palavras adequadas...
- Para mim ou para ti?
- Não sei... Talvez para mim.
- Que tal as reais?
- Eu e o Zayn...
- Só podia... - Interrompeu. - Discutiram? - Anui.

Contei-lhe toda a nossa história, como tínhamos chegado até ali, falei mais do que ele mas parecia que tinha falado pouco, que não tinha falado nada mas o tempo tinha passado como um foguetão. A luz já incomodava os olhos de ambos e as olheiras de Harry já eram notórias.

- Vou-me embora. - Ele ergueu uma das sobrancelhas. - Estou aqui a mais e tens de dormir, olha para essas olheiras!
- O sono já passou. Agora que não o tenho é que vais embora?
- Desculpa mas tenho mesmo de ir. - Peguei no meu casaco esverdeado e sai do quarto deixando Harry a olhar-me atónito.

***

Sentia o meu corpo entorpecido, via os números mudarem no relógio digital do meu telemóvel sem que me conseguisse mover, o meu corpo estava completamente inerte, sem vontade alguma de se mover, este dia iria ser longo mas teria de o atravessar.

- Layna estás ai à tempo de mais. O tempo passa e menos tens para te arranjar. É dia de escola.

Não tinha qualquer vontade de falar com ela ou um outro alguém. Será que me deixava faltar se não me movesse nem mais um segundo?
Teria de ir. O que se passa com o meu corpo? Não se move, sinto-me a descambar.

Levanto-me após lutar com a minha consciência numa luta já à muito derrotada, vesti algo básico e que não requisitasse esforço durante o dia.

***

Sentei num dos bancos de madeira que se apresentava em toda a escola, os suspiros eram constantes na minha respiração. Sentia o meu corpo desgastado, não sabia de quê ou porquê mas sentia-o desgastado.
Peguei na fotografia que me entregavam.

- O que é isto? - Perguntei.
- Uma troca. - Olhei-o desconfiada.
- Deitas aquilo fora e trocas por isto.
- E o que é isto? - Olhei a fotografia.
- Algo que devias recordar, não haverá próxima.
- Como assim?
- Isso. - Apontou para as duas pessoas que sorriam na imagem, uma fotografia tirada por mim de ambos, num dos primeiros momentos em que estivemos juntos, de quando ainda o estava a conhecer e de quando os problemas não eram constantes. - Nós.
- Não estou a perceber.
- Acabou.
- E estás a falar comigo no meio da escola porquê?
- Não quero regressar à tua casa e não quero que vás mais à minha.
- Entendido. Acabou.

Acabou. Mas o que realmente acabou? Nós ou o "amor" dele por mim? O meu por ele não.


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