Capítulo 64 - Verdades.

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Olhei-o não sabendo bem o que responder.
- Simplesmente não acho nada. O que importa é que está aqui agora. - Ele sorriu satisfeito com a resposta. - Tem filhos? - Perguntei já mais calma.
- Para além de ti, um casal.
- Que idade têm?
- 3 e 8.
- Eles sabem de mim?
- Claro, és tão minha filha como eles. - A minha avó riu ironicamente, ambos ignoramos. - Fala-me um pouco sobre ti.
- O que quer saber?
- O que quiseres contar. - Sorriu e eu pensei por uns minutos.
- Não sei nada para contar. - Disse atrapalhada.
- Gostava que conhecesses os teus irmãos. - Convidou.
- Adorava. - Sorri, realmente adorava, após anos perdidos sem o meu pai queria recupera-los a todo o custo e ele parecia merece-los.
- Já se está a ficar tarde e eu tenho que ir... - Desculpou-se.
- Claro. - Ambos levantamo-nos e eu levei-o até à porta de entrada. - Obrigada.
- Obrigada eu por me teres aceite tão de braços abertos...
- Era o mínimo que podia fazer.
- Tive imensas saudades da tua mãe e admito que me partiu o coração a ultima notícia que me deste dela, foi sem duvida a mulher que mais amei em toda a minha vida e não pude estar lá quando ela mais precisou.
- Está agora aqui por mim é de certo que ela o perdoa. - Sorri.
- Depois ligo-te a combinar o jantar. - Despediu-se com um beijo na testa.

Encosto o ombro na ombreira da porta.
- Podias ter sido mais simpática.
- Nunca o devias ter trazido.
- Achei que também merecias respostas e de conhecer.
- Nunca gostei dele e não vai ser agora. Ele vai-te magoar, não é uma boa pessoa e definitivamente não vai ser um bom pai.
- Como sabes isso tudo se não lhe das uma oportunidade para o conheceres? És uma fantástica pessoa.
- Para pessoas como ele quero ser tudo menos boa pessoa.
- Muito obrigada e decerto que a mãe também te agradece. - Ela olhou-me furiosa.
- Olha minha menina, tenho sido eu mais que uma mãe para ti, devias me respeitar tens tu muita sorte em o ter deixado cá entrar, não tens passado de uma miúda arrogante e egocêntrica, gostava que a tua mãe visse no que tu te tornaste, se ao menos ela se tivesse tratado. - Olhou em frente. - Podias não estar cá mas a minha filha estaria. - Sussurrou.
- Eu sempre soube que me culpavas.
- Apenas culpo pelo que a pessoa faz. - Subi sem nada dizer e deitei-me na minha cama até eu ser inundada por lágrimas.

---

Bati três vezes até ser atendida.
- Que fazes tu aqui. - Disse ensonado mas nada consegui dizer a não ser os meus olhos que choravam as palavras entaladas na garganta e senti o calor do seu abraço para logo me perder numa longa hora de choro, preferia eu não ter forças para chorar.
- O que se passa? - Perguntou assim que o soluçar teimoso abrandou.
- Apenas me abraça. - Deitei a cabeça no seu peito e deixei-me repousar. - Não queria ter vindo pois sei que tu... - Não continuei para que as pequenas gostas não jorrassem novamente.
- Felizmente isso é tudo o que não sinto. - Acariciou o meu cabelo solto. - Não queria te ter tratado como tratei ontem mas fiquei enraivecido com aquela situação.
- E eu queria ter correspondido mas não sabia como o fazer e realmente não sei o que sinto... - Talvez seja demasiado para o conseguir perceber. Permanecemos os dois em silêncio e a sua mão tinha agora passado para o meu rosto ainda húmido. - A minha avó culpa-me pela morte da minha mãe e preferia que eu tivesse no lugar dela.
- Decerto foi da boca para fora. - Neguei com a cabeça.
- Sempre o preferiu mas não a culpo, eu também.
- Eu não. - Olho-o. - Eu até te prefiro ter aqui. - Olhou para os seus braços agora livres e eu sorri percorrendo o caminho que os seus olhos percorreram.
- Conheci o meu pai também.
- Como foi?
- Fantástico. Ele amou imenso a minha mãe Zayn.
- Ele explicou o porquê? - Anui.
- Sim, os pais mandaram-no para um colégio militar e proibiram de ter contacto com quem quer que fosse. - Ele calou-se e voltou a acariciar o meu cabelo. - Ele fala de mim à mulher. - Sorri.
- Estas realmente feliz.
- Muitíssimo. - Sorri e olhei-o. - Principalmente por te voltar a ter. - Sorri e beijei a sua bochecha morena. - Obrigada. - Deitei-me novamente no seu peito.
- Não aguentaria mais tempo sem ti.
- Zayn? - Nada respondeu. - Posso passar aqui a noite?
- Não precisas de perguntar, a minha cama é a tua cama. Soou mal. - Brincou e deitou-se debaixo cobertores deitando-me eu, já com um pijama de homem vestido, no seu peito deixando que o sono me levasse os problemas e me deixasse apenas eu e o perfume aromático do homem que amo.

***

A conversa com o pai dela parece-me um pouco rápida mas talvez seja por ainda não se conhecerem e não saberem bem como falar um com o outro.
Deixem os vossos comentários abaixo sobre o que acharam do pai, da discussão com a avó e da noite com Zayn :*

Ana Amorim

A Deep Regret Z.M.Onde histórias criam vida. Descubra agora