Capítulo 40 - Armazém.

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Entrei em casa e subi rapidamente - não tanta quanto eu gostaria, - para o meu quarto e abri o armário para ver se tinha algo sensual para usar, mas que raio estou eu a pensar?
Peguei numa blusa e deixei estar os calções que tinha vestido nessa manhã, coloquei o telemóvel no bolso de trás mas logo me arrependi pois ele vibrou.

A tua avó que não cozinhe para ti. - ZM

Bloqueei o telemóvel, lavei os dentes rapidamente e desci os degraus como se estivesse a descer o pico mais íngreme do mundo.
- Avó não cozinhes para mim.
- Porquê?
- Vou sair e devo almoçar fora. Preciso comemorar.
- Está bem, tem cuidado e juízo. - Sorriu.
- Tenho sempre. - Beijei-lhe a testa após ela me entregar uma leve quantia de dinheiro que dava para almoçar e ainda sobrava um pouco, talvez para um gelado. Tranquei a porta e ouvi um carro travar atrás de mim e sorri para a maçaneta para não sorrir para ele.

Quando coloquei o cinto ele arrancou, nenhum de nós disse algo, nem mesmo um cumprimento mas a curiosidade que me arrancava os órgãos despertava.
- Onde vamos? - Soltaram-se as palavras da minha boca mas ele apenas me deu um encolher de ombros e eu respondi-lhe com um suspiro pesado e pousei a cabeça sobre o braço que vibrava com a velocidade que o carro ia. Notei que ele se tinha arrependido.
- Zayn, olha para mim. - Ele continuava a olhar a estrada.
- Estou a conduzir. - Finalmente pronunciou-se.
- Podes voltar para trás se quiseres...
- Se o quisesse nem te tinha ido buscar. - Ele tinha a sua razão.
- Então que se passa? - A sua respiração tornou-se nervosa e as suas mãos duras apertavam o volante com intenção de o partir, engoli em seco pois aquele era o Zayn que eu não queria dividir o carro.
A minha mão massajou a sua com o intuito de o acalmar e ouvi a sua respiração acalmar, as mãos relaxar e os seus olhos a fitarem os meus e sorri-lhe, não por querer mas porque sentia que ele precisava.
O seu polegar massajava delicadamente o meu e provocava uns ligeiros arrepios que agradavam ao meu coração mas não ao meu cérebro.
Retirei a minha mão e disfarçadamente massajei o local que ele arrepiou na esperança de sentir a sua mão novamente na minha mas sem a sensação de culpa. Que faço eu?
- Que se passou? - Perguntei, não para saber o que realmente se passava mas para me levar para outros caminhos sem ser os que não posso percorrer mas ele nada respondeu à pergunta que eu fiz.
- Chegamos. - Olhei em volta.
- Não me respondeste. - Travei-o quando ele ia colocar o pé fora do carro para sair.
- Não tenho nada a responder.
- Então responde-me à grande duvida que tenho sobre este convite.
- Não queres estar aqui?
- Isso não me responde.
- Para te satisfazer apenas.
- Mentira.
- Sabes lá tu se é realmente mentira. - Olhei-o e ele conseguiu libertar-se, saiu do carro e abriu a mala para tirar uma mochila.
- Anda. - Entregou-me a mala.
- Só podes estar a brincar comigo. - Ergui uma das muletas e ele retirou-mas. - Mas que raio estas tu a fazer? - Entregou-me novamente a mala.
- Pegas nisto, se fazes o favor? - Fiz-lhe a vontade e ele ergueu-me no ar mais uma vez.
- Isto já se está a tornar num hábito bastante irritante.
- Porquê?
- Por nada. - Porque talvez cheiras bem e eu não resisto ao teu aroma, porque talvez esses olhos chocolate brilham demasiados e de longe posso desviar-me para não os ver e aqui não consigo olhar para outra coisa a não ser eles, porque sentir os teus braços no meu corpo é a sensação mais prazerosa que possa sentir, porque o teu calor me aquece e me arrepia, porque o teu cabelo macio, brilhante e selvagem me fascina, porque o teu maxilar forte me mata e porque apenas tu és o ser que me tranquiliza, embebeda o coração e me faz querer cometer loucuras? - É simplesmente irritante a facilidade com que pegas em mim. - Ele sorriu e eu também. - Para onde me levas?
- Já vais ver.
- Vais-me matar?
- Já pensei nisso mas os teus gritos de agonia ainda mais irritantes seriam.
- Bem pensado.
- Vou apenas ganhar a tua confiança e depois enveneno-te. - Disse o mais serio possível e aquilo assustou-me e engoli em seco. - Estou a brincar, depois não tinha com quem gozar. - Arfei.
- Afinal ser gozada ainda me serve de algo.
- Vês como não é de todo mau? - Encolhi os ombros. Decidi esquecer a conversa do carro por agora.

Quando chegamos a um portão preto enorme ele colocou-me no chão e segurei-me à parede e a minha perna engessada estava erguida pois sentia algumas dores.
Ele empurrou o portão e deu-me licença para entrar.
- Não tinhas mais originalidade?
- Não te ia levar a um restaurante fino. - Já era de esperar uma resposta destas mas não a levei a peito. - Onde falamos bem um para o outro pela primeira vez. - Fiquei calada a olhar o velho armazém.
- Está ótimo. Estava a brincar.
- Eu sei. - Ajudou-me a entrar e reparei numa pequena mesa a um canto com dois pratos e uma tentativa de centro de mesa.
- Preparaste aquilo para mim? - Ri.
- Foi para desanuviar e pensei em ti.
- Pensaste em mim? - Fiquei confusa.
- Uma maneira de dizer. Convidei-te para vir almoçar comigo, mais nenhuma rapariga quis vir.
- Estragaste tudo. - Sussurrei e coxeei até à mesa mas Zayn ajudou-me de imediato e sentou-me numa das cadeiras. Fiquei em silêncio até ele acabar de arranjar as mesas.
- Não tenho nada romântico para almoçar... - Retirou da mochila umas sandes para almoçar e uns sumos. - Espero que gostes. - Sorri. Ficamos alguns minutos em silêncio e sentia os olhos de Zayn penetrarem qualquer bocado de mim e olhei-o. - Que se passa?
- Nada. - Respondi. Ele acenou com a cabeça e acabou a sandes.
- Foi algo que fiz.
- Não.
- Tu és difícil.
- Desculpa?
- É verdade.
- Eu fui a única a aceitar - Fiz aspas com ambas as mãos. - O teu convite e eu sou difícil?
- Então é isso? - Riu.
- És ridículo. Se conseguisse ia-me embora.
- Acreditaste mesmo que foste a ultima que liguei? Se eu quisesse vinha qualquer uma.
- És pouco convencido.
- Tu vieste e nem fizeste finta.
- Nem me deixaste, eu ia-te dizer que não.
- Ias?
- Sim, tenho que estar com o Liam às 15h.
- Queres voltar?
- Não.
- Afinal.
- Cala-te.

Ouvi um suspiro pesado vindo dele.
- Zayn? - Ele olhou-me. - Que se passou?
- Porquê?
- No carro estavas capaz de destruir o volante.
- Cenas. Esquece lá.
- Queres falar?
- Quero esquecer.
- Como? - Fiquei a pensar. - Ia perguntar de queres dançar mas... - Olhei para o meu pé.
- Nunca viste crepúsculo? - Riu, levantou-se e esticou-me a mão para eu a alcançar e eu coloquei a minha sobre a dele e abraçou-me para me colocar sobre os pés dele e colocou uma música qualquer romântica e irritante no telemóvel.
- Nunca pensei que fosses desta coisas. - Disse-lhe.
- Há muita coisa sobre mim que não sabes. - Sussurrou-me ao ouvido e eu senti-me a subir aos céus com a voz rouca e sensual dele tão perto de mim.

A Deep Regret Z.M.Onde histórias criam vida. Descubra agora