A Madrugada

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O evento da noite era para celebrar mais um atentado bem-sucedido. Os líderes Z e Y gostavam, e como, de motivar seus times. A equipe que entrou na fazenda Benelli estava lá, de volta ao QG, ainda com os trajes da missão, sendo exaltada pelos líderes e demais. Apesar da troca de tiros que ocorrera com os seguranças da fazenda, nenhum dos três integrantes da missão havia sofrido quaisquer escoriações; logicamente, mais um motivo para celebrar.

Na mesma hora em que o ataque em questão ocorria, PC estava de folga no QG, uma que a sua missão e a de seus companheiros de campo seria já na madrugada seguinte: ele, junto de JP (perito em armar bombas) e WJ (pilota de fuga) iriam invadir a casa do deputado Aires, no meio da madrugada, e plantar uma bomba dentro de seu quarto. Após o encerramento da celebração, PC tratou de reunir-se com o time de Analistas e Técnico para acertar os detalhes finais da operação.

Os três incumbidos da missão chegaram com o furgão já desligado no local combinado: a rua de frente à casa do deputado, que tinha um muro alto e um portão com guarita como acesso de entrada. Tudo, é claro, na hora prevista: entre 2:27 e 2:28 da madrugada. Como já estipulado, nesta hora cairia a energia elétrica da casa e ocorreria uma pane no sistema de alarmes da residência; mas, a ação teria de ser inicializada e concluída em cinco minutos. Nem um segundo a mais.

Com o OK recebido do time técnico, PC e JP escalaram o muro com uma escada de corda, e com a mesma desceram na grama verde e bem aparada, a uma distância de 150 metros da porta de vidro que os colocaria dentro da casa. WJ aguardava no carro, atenta à movimentação da guarita e, ao mesmo tempo, na de seus companheiros de campo. Todos os membros estavam munidos de suas pistolas com silenciadores, e dois pentes reservas para o caso de um eventual tiroteio.

Já dentro da casa, a claridade da noite de lua cheia projetava a sua luz diretamente nas escadas que davam acesso ao quarto do deputado. Ambos subiram até o local, PC ficando à espreita na porta para dar cobertura, enquanto JP ajustava o artefato à parte debaixo da cama. WJ cronometrava dois minutos completos desde o início da operação, quando, de dentro do furgão, avistou um segurança sair de frente ao portão, falando em seu aparelho celular. Apesar da distância entre os dois não ser pequena, o silêncio da madrugada a fez ouvir o guarda reportando algo sobre a queda de energia, possivelmente para a empresa de segurança que ele trabalhava. A película fumê que envolvia os vidros do furgão de fora a fora, permitia que WJ passasse desapercebida dentro do veículo.
No instante em que JP se encontrava deitado e posicionando a bomba, a energia, subitamente, voltou. E com ela, o sinal de alarme.
- Abortar missão, abortar missão! - alertava via rádio WJ de dentro do carro. - Ficarei na cobertura, voltem já!
Sem poder fazer nada, JP ficou de posse da bomba (desarmada) e, junto de PC, desceu como um raio do quarto para a porta de vidro, que os conectava ao gramado. WJ já estava do lado de fora do furgão, com sua pistola em punho e atenção total para com a possível movimentação de seguranças em frente à casa. Atenta e na adrenalina total, ela subiu na escada de corda para certificar-se que seus dois companheiros estavam vindo.
Com o caminho de 150 metros aparentemente livre pela frente, PC fez o sinal com a mão para que JP corresse por primeiro.Velozmente, JP fez o percurso e PC o seguiu logo atrás, todo olhos e ouvidos para o possível encontro com seguranças armados. Cobrindo o seu companheiro que já começava a subir a escada, PC sentiu um violento soco em seu peito.

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PC sentiu o corpo sobre o chão fofo, e lentamente abriu seus olhos. De baixo para cima, viu seu companheiro encapuzado com a pistola em punho atirando para um lado, o muro com a escada de corda, e ao topo dele, sua outra companheira encapuzada empunhando a pistola na outra direção. Acima deles, um céu estrelado. Sentiu também um odor fortíssimo de pólvora misturado ao de material sintético, e percebeu a fumaça que ainda saía do lado direito de seu peito. Ao apalpar a mão sobre o corpo, sentiu o cabo de sua pistola e agarrou-a firme.

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