A situação ficou insustentável quando Raquel descobriu que Carlos havia engravidado sua secretária. Descobrindo da pior maneira possível. A moça loira e extremamente bonita chegou numa noite, minha mãe a conhecia é claro e abriu a porta para ela contente.
-Eu vim até aqui pq preciso urgente conversar com você!
A loira falou, mudando a postura amigável, para debochada. Eu e minha mãe nos entre olhamos confusas.
-Sim Marina, pode falar! Aconteceu algo com o Carlos?
Marina me olhou com nojo, parecendo só naquele momento me notar.
-Ah! Você é a fedelha?
Raquel se sobressaltou.
-O que está acontecendo? Você vem na minha casa a essa hora da noite e desrespeita a minha filha?
Marina apenas se recostou no sofá, quase como se sentisse sendo dona da casa.
-Quero que você assine logo o divórcio, estou gravida e eu e Carlos queremos nos casar o quanto antes. Quero que saiba que você não vai nos impedir, eu já cansei desse seu jogo.
Raquel quase caiu para traz, se equilibrou sentando no sofá e permaneceu em silencio. Pude ver a dor nela, as lágrimas começaram a descer e ela ficou muda. A loira parecia impaciente e levantou, pronta para despejar mais asneiras.
Mas eu a puxei pelo braço a levando até a porta da frente da casa.
-Me solte fedelha nojenta.
-Saia daqui e não volte nunca mais!
Eu falei séria, e bati a porta na cara dela. Tentei despertar Raquel do transe, mas parecia que ela estava em outro mundo, só sabendo chorar. Não demorou para Carlos aparecer em casa, ele entrou como um furacão desesperado.
-Meu Deus! O que aconteceu?
Raquel olhou para ele, magoada.
-Lembro da primeira vez que nos falamos. – Ela enxugou o rosto com as costas das mãos. – Você me prometeu que sempre cuidaria de mim.
-Eu sei, também lembro...eu eu. – Ele tentou chegar perto dela, mas Raquel o afastou. – Me perdoe!
-Já faz algum tempo que eu venho pensando, tendo memórias, você nunca me prometeu amor, nunca nem disse que me ama!
Ela não estava perguntando.
-Eu não eu... Por Deus Raquel! Estamos juntos anos, sempre te dei uma vida boa, sempre cuidei de você, eu cumpri com o que prometi.
-Eu quero que você vá embora, hoje eu tenho um bom emprego, consigo sustentar minha filha e cuidar da minha casa!
Ele ficou sério.
-Quem você é sem mim? Você não tem ninguém!
-Não me importa! Não me interessa o que você acha ou o que você pensa! Só vá embora!
-Não!
-Você mentiu para aquela mulher não foi? O que disse a ela? Que eu não te deixo ir embora? Que eu estou impedindo que vocês tenham uma vida feliz?
Ele suspirou e sentou, passando as mãos nervosamente pelos cabelos.
-Eu jamais vou descumprir minha promessa com você.
Ele simplesmente levantou e foi embora, como se não tivesse magoado, como se nada fosse mudar e ele pudesse seguir adiante com aquela vida dupla. Só levou a sério o inicio da separação quando Raquel trocou as fechaduras da casa e deixou suas coisas na garagem, mas é claro não nos poupou do show, passou três dias gritando a plenos pulmões que aquela casa era dele, que Raquel era dele e que não era nada e não chegaria a lugar nenhum sem ele.
Foi graças a essa confusão que conheci os pais de Carlos, que se sentiram na obrigação de conversar com Raquel.
-Meu filho vem falando que você está ficando louca e o expulsou da própria casa.
Raquel começou a chorar e eu me senti na obrigação de responder por ela.
-Eu sou Anie... – Minha voz falou, tive que puxar o ar e tomar coragem. – Sou Anie sou...
-Nossa Neta. – O velhinho falou. – Sou Alfredo, seu avô.
Apertei a mão que ele me estendeu, mas logo ele me abraçou. A velhinha também me deu um abraço acalorado.
-Por favor, entrem, vamos nos sentar! – Os guiei para a sala de estra. – Carlos engravidou a secretário, a tal da Marina.
A velhinha ficou séria e abraçou Raquel.
-Meu Deus eu não acredito!
-Nossos dias veem sendo tumultuados, ele não aceita a separação.
-Não se preocupem com nada, cuidaremos de tudo a partir de agora.
A senhorinha me abraçou forte novamente, até que Raquel resolveu falar.
-Eu não aguento mais isso Dona Carla! Seu filho já me humilhou demais. Sempre passando na minha cara que não tenho família ou que eu não sou ninguém! – Raquel voltou a chorar. – Eu sei que não tenho meus pais, que ele me conheceu num orfanato e que faz muito por mim, mas agora eu tenho minha filha e não vou mais aguentar isso. E para piorar agora ele me trai? Por Deus eu não mereço isso.
O senhor Alfredo bufou.
-Sinceramente eu não sei qual o problema dele, esse tipo de atitude me envergonha! – Senhor Alfredo se exaltou. – Agora quero saber do que vocês precisam, agora vocês tem uma filha, responsabilidades, soube que ela não estudo. Resolverei isso.
Ficou mais fácil depois da visita dos meus avós, era estranho chama-los assim, mas eu ia me acostumando. Comecei a estudar numa boa escola e tentar aprender a como ter uma vida normal.
Eu e Miguel frequentávamos a mesma escola, o que me ajudou a me enturmar mais fácil, ele tinha uma grande amiga, Liz, diagnosticada com hiperatividade, a loira era extremamente energética. Vivia aos pulos e berros e me ensinava a ser mais solta.
Passei a dividir meus dias a cuidar da casa, ajudando Raquel com as tarefas domesticas e refeições, estudando e me divertindo com meus amigos.
Eu estava feliz, feliz demais e assim um ano passou. Raquel estava feliz, animada e parecia até apaixonada.
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Amaldiçoados .EM REVISÃO.
RomantikOs olhos dele eram de uma escuridão assustadora, profundos, machucados, torturados...amaldiçoados. Seu corpo era muito alto e musculoso, suas mãos grandes e fortes, o cabelo um mar escuro que chegava até os ombros, uma pele clara e lisa, traços for...