Agitação

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Meses passaram e nada de Danny e Sam encontrarem Camille ou Cristhopher, Derick ficava a cada dia mais paranoico e se afastava mais de mim com a desculpa de ter que achar Camille a qualquer custo. Metade de mim tinha certeza absolta que ele gostava de me ter ao seu lado, mas a outra metade tinha certeza absoluta que ele ainda a amava e que me ter ao seu lado estava começando a perder a graça.

Comecei a passar meus dias conversando com Nick sobre sua vida antes da transformação, Cris e Caleb eu não via a muito tempo e as vezes meu sub consciente me dizia que logo eles iriam enjoar de tudo isso e me abandonar. Menos Nick, Nick jamais me abandonaria.

-Não pense essas coisas. - Nick me repreendeu.

-Nick, com certeza você já percebeu o afastamento dele. - Falei desanimada. - E não é só por preocupação, há meses Camille não tenta nada comigo, você sabe muito melhor que eu, você pode entender a mente dele. 

Nick me olhou preocupado e dentro dos seus olhos eu vi que tudo que eu percebi era real, meu coração se apertou e senti uma dor chata e perturbadora.

-Não vou negar, ele está confuso. Mas duvido que ele vá te abandonar, e acima de tudo, vocês precisam conversar, ele precisa explicar tudo o que está sentindo a você.

-Mas que merda...

-Anie...

Nick foi interrompido pelo barulho da porta, Derick entrou como um furacão e mal me olhou.

-Conseguiram fugir de novo, mas parece que Cristhopher não está mais com ela. Deve ter desisto de tudo isso e agora somos só eu e ela.

Aquelas palavras me atingiram como uma facada bem no meio do coração, senti os olhos marejarem mas, forcei as lagrimas a permanecerem lá. 

''Somos só eu e ela'' 

Havia muito sentimento envolvido naquela frase, sentimento que Nick também notou.

-Somos nós contra ela. - Nick o corrigiu.

Mandei mensagem para Liz.

* Jantar no final de semana? Só nós duas.

Ignorei completamente os dois vampiros em minha sala de estar, Liz não demorou a responder.

* Quem é vivo sempre aparece. Claro, marcado. 

Subi para tentar arrumar meu quarto e por as roupas para lavar, colocando meus fones de ouvido e escutando minha música preferida (Patience - Guns N'Roses). Com certeza essa semana passaria bem devagar e eu teria que arrumar um jeito de sair escondida e encontrar com Liz para nosso jantar, isso seria uma missão impossível, mas eu daria um jeito. 

O clima estava ensolarado e quente, aproveitei para passar algumas horas na praia também, sozinha é claro, já que meus caros vampiros não gostavam muito do sol. E essa foi a melhor parte do meu dia, olhar o mar ouvindo musica, sozinha, embaixo daquele sol relaxante e pensando em como concluir meu plano de fugir para um jantar com Liz. 

*Primeiro passo, eu não podia ficar pensando nisso perto deles, eles conseguiriam ver em minha mente e acabariam com meus planos.

*Segundo passo, precisava pensar no transporte que usaria para sair daqui, não podia fazer muito barulho e tinha de ser muito veloz. 

*Terceiro passo, eu precisava distrai-los, por alguns minutos, talvez uma hora. 

Droga! Não conseguia pensar em nada, mas eu precisava de um tempo longe de Derick, ter ele por perto e não poder toca-lo estava virando uma tortura. Na verdade, ele não se aproximava, não me tocava e mal falava comigo. Eu não conhecia esse Derick, o monstro que saia todas as noites para se esbaldar de sangue humano, esse homem agressivo que sempre estava com olhos famintos de algo que eu não podia nem imaginar, um vampiro louco por vingança. Eu só não sabia bem se era vingança ou amor e isso me corroía por dentro, eu tinha sérias duvidas. Será que ele quer mata-la ou toma-la em seus braços? 

Dois dias depois e eu já estava ficando desesperada, precisava pensar em algo para conseguir fugir e então veio a ideia. Derick ia para a cidade todas as noites, só restava Nick. Na sexta coloquei a roupa para o jantar numa bolsa grande e desci atras de Nick. 

-Nick. - Gritei da sala.

Nick veio correndo e só vi o vulto dele se aproximar, me pegando assustada. 

-Sim? - Ele respondeu meio inquieto.

Apaguei da mente todos os pensamentos relacionados a fugir.

-Gostaria muito de tomar sopa e de comer um bolo de chocolate, repleto de chocolate e recheado de chocolate e ...

Ele me interrompeu gargalhando.

-Vamos a cidade então.

-Estou com preguiça.

Falei me espreguiçando no sofá e bocejando.

-Tudo bem, volto em algumas horas.

Ele falou pegando a chave de um dos carros e saindo, esperei até ouvir o barulho do carro se distanciar. Peguei a bolsa com minha roupa e pulei para a fora de casa o mais rápido que pude, dirigi até a casa de Liz sorridente. 

Liz me recebeu alegre como sempre, subimos para nos trocar e logo estávamos prontas para um jantar e uma noite de amigas. No caminho até nosso restaurante preferido, fiz questão de conversar com ela sobre tudo, sobre o casamento, sobre a filhinha linda dela, sobre o trabalho, sobre o relacionamento com os sogros e com os pais dela. Liz falava animada e percebi que ela sentiu muito minha falta, automaticamente me senti amada. 

O restaurante Italiano do Antonny sempre foi o meu preferido, nesta sexta feira estava tranquilo e tocava uma musica suave e acolhedora. Liz e eu nos sentamos numa mesa perto do bar, nos animamos e pedimos nossas massas preferidas. O jantar foi magnifico, perfeito, delicioso e muito agradável. 

O ambiente e a companhia me relaxaram exatamente do jeito que eu estava precisando, permanecemos lá por bastante tempo e eu pude ver a lua linda no céu aquela noite, iluminando meu caminho de volta para casa. 





Primeiro veio um baque no fundo do carro, depois fui arremessada para fora pela janela do meu lado, depois fui depositada no chão frio e escutei alguém jogando o carro longe. Só consegui pensar em Camille, mas me surpreendi ao ver olhos cinzentos me fitarem curiosos, a pele marrom acobreada dele em contraste com a lua o deixa com a aparência de uma estatua de ouro reluzente.

-Sou Cristhopher, lembro que quase te matei uma vez. 

O medo percorreu por minhas veias e eu arregalei os olhos, me encolhi o máximo que pude e esperei a dor em algum lugar do meu pequeno e frágil corpo, esperei por vários segundos e nada, esperei mais alguns segundos e nada. Decidi abrir os olhos e vi meu perseguidor com a cabeça virada para o lado esquerdo, em seus olhos pude notar curiosidade e em sua boca pude ver o sorriso sinistro e macabro. Ele continuou me olhando divertido por bastante tempo.

-Desculpe minha falta de educação, você deve estar com frio. 

Cristhopher se aproximou me entregando um casaco. 

-O que quer comigo?

-Me meti numa roubada e agora estou tentando concertar. 

-Vai me matar? - Perguntei me sentando no meio fio.

-E ter a ira de Derick sobre mim? Não. - Ele me respondeu sorrindo.

-Então pq...

Não consegui terminar, ele me levantou bruscamente, me colocou sobre seu ombro e começou a correr rápido como uma flecha, meu estomago se revirou inúmeras vezes e eu perdi as contas de quantas vezes me segurei para não vomitar. Fechei os olhos e decidi aguentar firme até aquilo acabar.

No meio da floresta escura e gélida, Cristhopher me colocou no chão. O vento naquele lugar era ainda mais gelado que na estrada, me apertei ao casaco e tremi involuntariamente. Cristhopher ficou parado apenas olhando os quatro cantos da floresta, seu rosto contorcido, os dentes afiados a mostra e os olhos inteiramente negros. Tentei ficar parada como ele falhando totalmente.

-Fique quieta. - Ele rosnou.

Segurei até a respiração para ficar o mais quieta que pude.


Amaldiçoados .EM REVISÃO.Onde histórias criam vida. Descubra agora