Prólogo

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 Londres, Inglaterra

               Bella adormece depois de muito tempo chorando, e só então Lúcio se aproxima dela. Ele faz carinho nos seus cabelos e respira fundo, então levanta e a embrulha. Apaga a luz e sai do quartinho que tinha reformado para ela temporariamente. Era a terceira noite que aquilo se repetia, Lúcio chegava do trabalho, ia ficar com ela e Bella chorava até adormecer.

Doía vê-la daquele jeito, doía saber que ele estava causando tudo aquilo e que poderia facilmente remover aquele sofrimento dela, mas sempre que algum pensamento parecido lhe ocorria, Lúcio respirava fundo e lembrava do porque estava fazendo tudo aquilo.

Subiu para seu quarto e tomou outro banho. Nem tinha se passado muito tempo desde o último, mas ele já se sentia sujo e grudento. Saiu do banho, vestiu apenas uma cueca e sentou na cama. Apoiou a cabeça nas mãos e pensou que talvez fosse hora de ligar para Genevieve para dizer que tinha voltado, ela não ficaria nada contente ao descobrir sobre o retorno dele por conta própria.

Lúcio pegou o celular, mas antes mesmo de discar o número dela o aparelho começou a tocar. O número não estava salvo no celular, mas ele o reconheceu. Na verdade, estava ignorando aquele número nos últimos dois dias. Era melhor atender e se livrar logo daquilo.

– Oi. – Lúcio diz, secamente.

– Ei, estou tentando falar com você há dois dias. – A voz diz do outro lado da minha. – O que aconteceu?

– Não aconteceu nada, apenas não queria conversar sobre a Isabella.

Há uma breve pausa antes dele continuar:

– Como ela está?

– Mal. – Lúcio responde e percebe que teve que lutar contra o nó na garganta. – Não parou de chorar desde que chegou.

Outra pausa.

– Lúcio, sei que já conversamos sobre isso, mas talvez... talvez devêssemos falar a ver...

– Não continue. – Lúcio interrompe. – Você me pediu muitas coisas, e eu só pedi uma em troca. Por favor, honre sua palavra assim como eu estou honrando a minha.

– Tudo bem, eu entendo seus argumentos para não contar tudo a ela agora, mas estava falando sério ao dizer que nunca vai contar a ela?

– Sim, eu estava. – Diz Lúcio com firmeza. – Isabella nunca poderá saber.

Nem Lúcio sabia ao certo o porquê desse pedido. Ele já tinha pensado sobre o assunto e sabia que, se dissesse a verdade, Bella seria sua facilmente. Seria sua por completo. Talvez fosse esse o problema. Ele nunca admitiria que sentia medo, mas o seu sentimento por ela sempre o assustou. Ou talvez... talvez ele só não quisesse ser o herói na história de ninguém. Preferia bem mais continuar sendo o vilão.


•• •

Nova Iorque, Estados Unidos

Aurora termina de tocar e levanta do piano.

–Você é ótima, Thalía! – Diz a moça que era responsável pela sala do piano na escola, e Aurora engole em seco ao ouvir seu primeiro nome. Já tinha insistido muito para seus pais chamarem ela de Aurora, mas todos os seus esforços foram em vão. Decidiu deixar de tentar.

– Obrigada! – Responde Aurora. – Preciso ir para minha aula.

– Tenho certeza que você vai longe. – A moça diz. – Sorte sua que Julliard não leva tanto em conta o histórico escolar e, se contarmos sua situação, tenho certeza que conseguiremos uma audição pra você.

2 - Sobre Meninas e DesejosOnde histórias criam vida. Descubra agora