Bella segura a carta de Oxford e respira fundo. Se ela não entrasse, o que iria acontecer? Ela tinha ido muito bem na prova escrita, recebeu até elogio de seus professores, mas teve que passar por uma entrevista e não sabia como tinha ido nessa parte. Agora a resposta estava ali, nas suas mãos. Pensou em esperar Lúcio, mas se por acaso o resultado fosse sua reprovação, ela queria achar um jeito de fingir que estava tudo bem.
– Pare de ser medrosa. – Ela diz para si mesma.
Era julho, 5 dias depois do seu aniversário e esse seria um ótimo presente. Abriu a carta e respirou fundo mais uma vez. Só precisou ler as três primeiras linhas:
"Isabella Pérlis Arandt,
Temos o prazer de informa-la que você foi aceita na Universidade de Oxford...". O quê? A boca de Bella fica seca, o quê? O quê? Ela relê aquela parte de novo e de novo.
– Eu consegui? – Ela pergunta, mas para ninguém em especial, estava sozinha no seu quarto. Pega o celular que Lúcio lhe deu e seleciona o único número que tem agendado.
– Isabella? – Ele atende no segundo toque, claramente preocupado. – O que aconteceu?
– A carta... de Oxford... a carta chegou. – Ela gagueja.
Como vai dizer isso para ele? Lúcio fica em silêncio por um longo tempo, e Bella não consegue encontrar as palavras.
– E então? – Pergunta depois de algum tempo sem resposta. Percebeu que sua voz demonstrava nervosismo e ansiedade.
– Eu entrei! – Ela diz, segurando as lágrimas. – Nós conseguimos.
– Você conseguiu. – Ele corrige, alegre do outro lado da linha. – Estou indo para casa. Chego aí em breve para comemorarmos.
– Tudo bem, estarei esperando. – Diz Bella. – Te amo. Tchau.
– Eu também. – Ele diz e desliga.
Bella deita na cama e aguarda, ansiosa, pela chegada do seu marido. E agora? Como as coisas seriam? Lúcio já tinha lhe explicado algumas coisas sobre onde era a Universidade e que ele teria que deixa-la em Oxford todos os dias. Ela mal podia acreditar que iria estudar e se tornar uma médica... de verdade. Como sua mãe tinha sido, com diploma e tudo. Sabia que o caminho seria longo, que teria que estudar muito mais para alcançar isso, mas, depois desses meses, ela sabia que podia. Lúcio pediu que ela continuasse com as aulas mesmo depois que a prova passou, principalmente as de língua estrangeira e ela aceitou bem essa ideia.
Bella levanta da cama para guardar a tesoura que tinha usado para abrir a carta. Ela guarda na gaveta de cima, mas quando estava se afastando percebeu que a última estava semi-aberta. Estranhou principalmente pelo fato de que aquela gaveta estava sempre trancada.
Bella se abaixou e a abriu completamente. Nela tinha apenas uma pasta. Sentou no chão e abriu. Não entendeu bem do que se tratava no início, mas logo percebeu que eram cartas escritas a mão em uma letra bem feia que imediatamente ela soube que não pertencia a Lúcio.
"Sério, Lúcio? Eu vou ser mesmo obrigada a escrever cartas pra você? Sabe que eu sou uma amante da tecnologia, uma coisa tão retrograda assim me dá nos nervos. Mas já que você não atende as minhas ligações e não responde aos meus e-mails, tenho que apelar para essas cartinhas que vou deixar na sua caixa do correio: Me perdoa?" – Não chegava nem a ser uma carta, estava mais para um bilhete. Tinha outros milhares deles.
"Sério, eu realmente sinto muito por ter feito o que fiz e me arrependo. Não queria ter colocado a minha vida em risco e muito menos a sua."
"Amanhã é sexta. Posso ir a sua casa pra gente ver filme?"
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2 - Sobre Meninas e Desejos
Teen FictionLIVRO 2 Sinopse: "O tempo no Vale dos Lobos acabou, agora cada um precisará seguir seu próprio caminho. Enquanto alguns continuarão lutando para se manterem vivos, outros devem enfrentar diferentes tipos de batalhas. E todos terão que fazer isso p...