Capítulo 2 - Parte 4

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Sophia estava parada perto da janela, de braços cruzados, enquanto o médico colocava soro no braço de sua mãe e conversava de maneira muito descontraída, Gabriela estava perto da cama também. Como podiam estar tão calmos diante daquela situação, não fazia ideia, porque todos os seus sentimentos estavam prestes a entrar em desespero.

Sua mãe passara mal e desmaiara. Sophia tivera muita dificuldade para acordá-la. E mesmo depois que conseguira, ainda estava muito fraca, então achara melhor chamar o médico. Ele dissera que era normal por conta do tratamento intensivo que Elizabeth fazia, mas não podia deixar de sentir medo. Especialmente porque sua mãe parecia cada vez mais fraca.

Diego passou pela porta, cumprimentou o médico e Elizabeth, e se aproximou de Sophia. Ela o encarou, fixando em seus olhos escuros, como uma forma de encontrar forças para não desmoronar. E funcionou, o olhar gentil de seu noivo a fez se sentir melhor e a acreditar que o pior, por enquanto, tinha passado.

— O que faz aqui tão cedo? — Sophia perguntou.

— Lembrei que era sua folga e pedi para ter a manhã livre — ele respondeu. — Quando cheguei, Gabriana me disse o que aconteceu. — Diego segurou seu braço, fazendo-a descruzá-los, e depois agarrou sua mão. — Vai ficar tudo bem.

— Eu sei — Sophia garantiu. E esperava muito que os dois estivessem certos.

Diego deu um beijo em seu rosto e pousou ao seu lado, sem soltar sua mão. Os dois aguardaram até o médico finalizar.

— Pronto — ele anunciou. — Posso conversar com você, Sophia?

Ela afastou todos os sentimentos que a paralisavam e assentiu. Diego não soltou sua mão, e os dois caminharam para fora do quarto.

— Está tudo bem, doutor? — Sophia perguntou, mesmo que temesse a resposta.

— Sim, ela está reagindo bem ao tratamento — ele respondeu —, mas eu gostaria de sugerir a internação.

Sophia estremeceu.

— Mas o senhor disse que... — Ela não conseguiu finalizar.

— Esses momentos de fraqueza serão cada vez mais comuns, o ideal é que ela receba acompanhamento o tempo inteiro. No hospital ela terá todo o suporte e conforto.

Sophia não queria sua mãe longe, mas precisava fazer o que era melhor para ela.

— Tudo bem — Sophia disse. — Faremos isso o quanto antes.

— Ótimo. Eu irei preparar tudo, e ela poderá dar entrada no hospital amanhã mesmo. — O médico se despediu dos dois e foi embora.

Por algum tempo, Sophia e Diego permaneceram parados no corredor da parte de cima, sem dizer nada. Ele por não saber o que fazer, e ela para tentar controlar seus sentimentos. Não poderia sair dos eixos. Tinha que controlar seus medos e voltar calma para perto de sua mãe e contar a notícia, mas era cada vez mais difícil.

A vontade de chorar a invadiu, e Sophia percebeu que tinha uma enorme dificuldade para respirar. Com medo de desmoronar e sua mãe ouvir, ela soltou a mão de Diego e caminhou apressadamente em direção ao seu quarto.

Assim que se viu sozinha, sentiu sua garganta fechando e seus olhos arderem por conta das lágrimas que ela não queria deixar cair. Sentia vontade de gritar, de tirar toda aquela dor e sentimento dela, mas não podia. Não podia desmoronar porque sua mãe precisava dela. Não podia deixar sua dor vencer, porque tinha algo mais importante naquele momento.

Ouviu a porta se abrir e se virou para encontrar Diego caminhando em sua direção. Seu olhar estava tão preocupado que Sophia se sentiu culpada por ter causado qualquer dor a ele, e isso foi suficiente para afastar a vontade de chorar. Ele encurtou a distância que havia entre os dois e segurou seu rosto gentilmente.

2 - Sobre Meninas e DesejosOnde histórias criam vida. Descubra agora