Capítulo 6 - Parte 5

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– Então, como ele está? – Ruth pergunta.

Anabel aperta os olhos cansados e inchados.

– Péssimo. – Ela responde e continua mexendo a sopa que estava fazendo para ele. – Se ele não melhorar até hoje a noite, vovô Eduardo disse que vai leva-lo ao vale e depois ao Vale Horizonte, mas Paola disse... – A voz de Anabel trava, e ela volta a chorar. – Ela disse que duvida que ele sobreviva a viagem.

– Oh, querida! – Ruth se aproxima e a abraça.

– Eu não quero perder ele, vó. – Ela diz, chorando.

– Ei, isso já aconteceu outras vezes e as pessoas sobreviveram.

Anabel assente e fuga, se afastando para voltar a olhar a sopa. Mau tinha adoecido uma semana antes, pegou uma gripe em uma de suas idas ao vale. Isso não seria nada demais se não fosse pelo fato de que o organismo dele funcionava diferente do das outras pessoas e não estava preparado pra esse tipo de doença. Ou seja, ele ficou bem perto da morte. Paola tinha conseguido estabilizá-lo, mas se ele não melhorasse... Anabel nem gostava de pensar no que iria acontecer.

Eduardo já tinha passado por um problema parecido e talvez até pior. Assim que ele chegou para junto daquele povo, houve uma epidemia que matou muitas pessoas. Ele então tomou a providencia de vacinar a população, mas Mau chegou depois e não recebeu essa vacina.

– Por que você não descansa um pouco?

– Não, eu preciso ficar perto dele. – Diz Anabel.

– Ana? – Amines chama, entrando na cozinha, e Anabel se vira para ela.

– Sim?

– Acho melhor você voltar pra lá. O Mau... – Ela engole em seco, e mil coisas passam pela cabeça de Anabel. – Acho melhor você voltar pra lá.

– Vovozinha, olha a sopa. – Anabel pede, tira o avental e caminha a passos rápidos até a casa do Mau. Ouve vozes assim que coloca o pé na porta.

– Amines foi chama-la. – Era a voz de Paola, e Anabel parou de caminhar. Não queria saber o que tinha acontecido, não queria nem pensar, e deu meia-volta.

Amines segura os braços dela.

– Ele quer ver você. – Ela explica, e Anabel solta a respiração.

– Ele acordou? – Pergunta com lágrimas nos olhos, e Amines assente.

Anabel entra no quarto, e Mau levanta os olhos para ela.

– Oi. – Ela diz, segurando o choro e se aproximando da cama dele.

– Por que você saiu? – Mau pergunta com a voz fraca. – Eles disseram que você ficou aqui o tempo todo, mas por que saiu depois?

– Eu fui preparar uma sopa pra quando você acordasse. – Ela explica.

– Não quero sopa. Não saia. – Ele pede, e Anabel assente.

Ela deita na cama ao lado dele sem nem se importar com as pessoas que estão sua volta, o quarto estava cheio de gente: Clarisse, Antonela, Amines, Paola, Bruno, Ramon e Feliciana. Ela fechou os olhos e sentiu as lágrimas caírem, podia sentir o corpo dele quente, os braços moles e a respiração pesada. Aos poucos, as pessoas vão saindo do quarto e deixando os dois sozinhos.

– Tem um lugar onde os pingentes estão escondidos, Eduardo vai entregar pra você quando eu...

Anabel começa a chorar alto.

2 - Sobre Meninas e DesejosOnde histórias criam vida. Descubra agora