Capítulo 6 - Parte 2

16.4K 2.2K 1.1K
                                    


Alex olhava para o bebê através do vidro da maternidade. Ele tinha pegado o caso da garota que estava em coma em janeiro, assim que Carter tirou a licença, e tinha cuidado dela desde então.

A criança tinha nascido durante a madrugada. Ele tinha ajudado no parto e agora estava lá, observando, sem conseguir desviar os olhos. Seu plantão já tinha acabado, tinha 24h que ele não dormia, mas Alex não conseguia sair dali desde que ouviu uma piada dizendo que aquele era o bebê perfeito para ser raptado, já que ninguém sentiria falta. Ele estava pensando até em contratar um segurança, sabia que era bobeira, nada nem parecido tinha acontecido naquele hospital, mas ele não iria arriscar. Tudo poderia acontecer sim, e ele não poderia deixar. Era responsável pela mãe e agora pelo filho também.

– ... nasceu?

Alex desperta de seus pensamentos e encontra Cora ao seu lado.

– O quê?

– Quando a criança nasceu? – Ela pergunta, estendendo um expresso pra ele.

Alex quase se curva em um ato de devoção por aquela mulher ter trago um café pra ele.

– Oito ou dez horas atrás. – Responde enquanto tome um gole.

Alex fecha os olhos, sentindo o liquido quente descer por sua garganta. Alguns médicos, amigos dele, afirmavam que o café já não tinha mais efeito em seus corpos. Graças a Deus, aquilo não tinha acontecido com Alex. Café era tudo em sua vida. Não sabia o que era capaz de fazer se aquele líquido não revigorasse seu corpo cansado toda vez que fosse ingerido.

– É menino ou menina?

– Menino. – Responde Alex.

– Qual deles? – Cora pergunta, e ele aponta pro garoto. – Que graça!

– Ele tem estado bem agitado desde que nasceu. – Diz Alex. – Mas é saudável.

– Você está aqui desde quando? – Cora pergunta, seu jeito manso indicava que ela já sabia muito bem a resposta.

– Desde que meu plantão acabou. – Alex responde.

– Que foi a o quê? 11 horas atrás? – Ela pergunta com a voz que usava para repreendê-lo, e ele ignora. – Vai pra casa, Alex.

– Não, eu preciso decidir o que fazer.

– Ninguém vai roubar essa criança. Foi só uma piada idiota do Othos, você sabe como ele é.

– Não mesmo? – Alex devolve. – Porque seria fácil só rouba-lo ou troca-lo por um bebê morto.

– E por que você está tão preocupado com isso?

– Cora! – Alex repreende.

– Se trocarem por um bebê morto, pelo menos ele vai ter uma mãe.

– Ele já tem uma mãe, ela não está morta.

– Ainda. – Diz Cora. – Acha que vai demorar quanto tempo até o hospital entrar com uma ação pra desligar os aparelhos dela?

– Mas ela não é como outra paciente em coma, ela tem ele. – Alex aponta para o bebê dentro da maternidade.

– É, pensando por esse lado, esse bebê pode ser muito útil fora daqui. – Diz Cora. – O que ta pensando em fazer?

– Não sei. Contratar um segurança, talvez? É o mais lógico pra mim.

– E esse segurança vai ficar aqui até ela acordar?

– Olha, uma coisa de cada vez. Primeiro preciso manter ele seguro. – Diz Alex, voltando a olhar para a criança.

2 - Sobre Meninas e DesejosOnde histórias criam vida. Descubra agora