2 - Sobre Meninas e Desejos

Capítulo 3 - Parte 2

            Edgar fazia círculos com o dedo indicador na sua barriga, enquanto Aurora apenas observava o dedo dele girar ao redor da sua marca de nascença.

– É linda. – Edgar diz com um suspiro.

Aurora se inclina para observa-la, embora a conhecesse bem, queria olhar e procurar algo bonito nela. Não achou nada. Ficava do lado direito da barriga.

– Não é, não. – Aurora diz e desvia o olhar, nem gostava de olhar para aquilo.

– Está brincando? – Edgar pergunta, sentando na cama. – Ela é a forma perfeita de um coração.

– É, mas é a única mancha que eu tenho em toda a pele. – Aurora diz. – Não tem um sinal, uma sarda, só essa marca idiota.

– E?

– Preferia que eu fosse perfeita. – Aurora diz.

– Você é perfeita. – Edgar diz e beija a marquinha dela. – E essa marca te deixa mais perfeita ainda.

Aurora revira os olhos, mas não consegue evitar o sorriso. Ela segura a cabeça de Edgar e a conduz até os seus lábios.

Edgar corresponde por um tempo, mas depois se afasta e apenas fica olhando pro rosto dela.

– Acho que fui um pouco egoísta com você. – Edgar diz.

– Como assim?

– Não devia ter deixado você jogar as cartas foras.

– Você não tinha que deixar nada, foi decisão minha. – Aurora diz.

– Sim, mas eu devia ter tentado te impedir ou aconselhado.

– Você acha que deveria fazer isso? – Aurora pergunta, e Edgar assente. – E por que não fez?

– Tive medo de que você lesse e decidisse voltar.

– E por que está fazendo agora?

– Acho que você não fará mais isso. – Edgar diz, mas soava com uma pergunta.

– Não vou. – Aurora garante. – Meus pais nunca me deixariam voltar.

– Mas você diz isso, considerando que não tenha escolha, mas... e se você tivesse? – Edgar pergunta.

– Por que mesmo estamos falando sobre isso? – Aurora pergunta.

– Thalía, você não quer mesmo saber como está suas amigas? – Edgar pergunta.

– Sim, eu quero muito. – Aurora responde. – Mas eu não posso saber nada. Eu só vou me sentir mais impotente se ler aquelas cartas, sentindo que não posso fazer nada pelas minhas amigas. Não quero isso. Eu preciso continuar tocando com a minha vida, e não vou conseguir fazer isso se continuar ligada a elas.

Edgar assente.

– É escolha sua. – Ele diz. – Só queria me certificar de que está tomando a decisão certa.

– Estou. – Aurora diz. – Mas eu nem me imaginaria fazendo ela alguns meses atrás. Acho que eu não sou a mesma, afinal.

– Sério? – Edgar pergunta.

– Sim, eu tenho feito muitas coisas que não faria no vale. – Aurora diz, e Edgar junta as sobrancelhas.

– Tipo... o quê? – Ele pergunta.

Aurora abre um sorriso e beija os lábios dele.

– Tipo sexo. – Edgar gargalha. – Estou falando sério.