*** Zack ***
Estava eu na minha sala, sentado na minha cadeira giratória maravilhosa, brincando de jogar dardos. E pensando na Ariel, claro. Não acredito que a deixei em casa, toda doente, pra vir até aqui e ter uma pilha de nada pra fazer. A empresa já está se encaminhando, eu já li e assinei os papéis que tinha que assinar... Não tenho mais nada pra fazer aqui hoje.
A porta foi aberta do nada e logo eu reconheci a barriguinha do meu pai.
- Oras, Zack! Está brincando no horário de trabalho?
- Não tenho nada para fazer. E você não tem o direito de falar de mim, porque eu sei que você só dorme, pai.
- Preciso de umas sonecas de vez em quando. Mas já que está tão solitário, triste... Tenho algo para você fazer.
- Assinar mais papéis?
- Não. Conversar com o novo estagiário. Acho que gostará dele.
- Cara da cópia ou do correio?
- Onde você trabalhou antes de ganhar essa sala?
- Entendi. Sinto o mesmo que ele. É chato ficar fazendo cópias. As máquinas são suas únicas companheiras lá. As pessoas passam e te olham enquanto você tá discutindo com a impressora se é biscoito ou bolacha... Foi a copiadora que me encorajou a pedir a Ariel em casamento, viu? Ela disse "Se você conseguiu me domar, também domará o coração de Ariel".
- Interessante. Então... acho que a copiadora não é a única coincidência entre você e o estagiário, viu? Vai lá dar uma conferida. - Ele saiu.
Fui até o 3º andar. Cumprimentei todo mundo, perguntei da família... Tenho a teoria de que se o seu chefe for simpático, você trabalha mais feliz e, consequentemente, trabalha melhor. Fui até o lugar das cópias e logo vi um garoto de uns 17, 18 anos todo enrolado. Ele corria pra um lado, pegava um monte de folhas, derrubava metade no chão... Existe alguém pior que eu! Que emoção!
- Oi? - eu disse.
- Ah, oi, é, oi. É... Deixa aí no balcão o que você quer que eu tire xerox, quantas cópias você quer?
- Ah, não, eu... Na verdade só vim ver como está se saindo. - Abri uma portinha que ficava no balcão e entrei. - Primeiro dia? - Peguei alguns papéis que estavam no chão e os arrumei em uma mesa.
- É. Desculpa pela bagunça. Ai, eu sou muito desastrado!
- Não se preocupe, já passei por isso e sei como é difícil. Desculpe, ainda não me apresentei. Sou Zack Martin. - Estendi minha mão.
- O-o filho de Mark Martin? Ah, meu Deus, senhor, é uma honra conhecê-lo. Ai, desculpe... - Ele apertou minha mão e ficou balançando-a.
- Qual é o seu nome?
- Sou Jersey, Ariel Jersey. - Nesse momento, não consegui conter a risada. - É, eu sei. A pequena sereia e tal. Mas na internet tá escrito que o nome é unissex.
- Não é por causa disso... É que... Minha esposa se chama Ariel.
- Ah, nossa. Isso é meio vergonhoso... pra mim.
- Vou te chamar de New Jersey, ok? Eu gosto de lá.
- Eu nunca fui, mas... O senhor pode até me chamar de "nada", se quiser.
- Não sei o que dizem, mas não faço isso com meus funcionários.
- Ah, não, o que me disseram hoje do senhor foram só coisas boas.
- Me chame de Zack. Não sou velho pra ser chamado de senhor.
- Ok, senhor... Zack. Desculpa. Zack.
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A Mulher dos Olhos Bicolores
Ficção AdolescenteAriel e Zack se casam, arrumam empregos... enfim, começam sua "vida de adulto". Será que se sairão bem? Ainda haverão muitas coroas a serem levadas, muitos babyliss e, claro, muita loucura!