Capítulo 1 parte 4/4

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E ele não era um homem que tinha a intenção de ser queimado.

Surpreendeu-se quando ela arqueou os lábios, lançando um sorriso delicado. Em vez de reagir de acordo com a atitude dele, com algum tipo de resposta mal-humorada, ele recebeu uma censura tolerante.

E então ela o deixou chocado ao dizer exatamente a verdade.

– Você – apontou ela, de maneira decidida – está se sentindo ameaçado por mim.

Uckermann ficou atordoado e se recuperou com uma sacudida de raiva.

Quem essa Barbie de sangue azul pensa que é? Ele trabalhava salvando vidas e ela desfilava pelas festas mostrando seus vestidos de luxo. Ele tinha de lidar com assassinos, bandidos e psicopatas para sobreviver. E estava se sentindo ameaçado por ela? Dane-se.

– Você tem um ego e tanto, hein, Barbie – afirmou ele, laconicamente –, se acha que estou assustado.

– E você me parece cada vez mais antagônico. E eu me pergunto por quê.

Uckermann apontou em direção à porta.

– É melhor você voltar para os seus amigos na terra da fantasia. Você vai estar muito mais segura com aqueles bonecos Ken do que aqui, sozinha comigo nesse corredor.

Como resposta, ela teve a ousadia de sorrir largamente para ele.

Será que ela não entendeu que ele era um homem perigoso? Um homem armado, por Deus!

E ela tinha que ter esse perfume tão bom?

A condessa balançou a cabeça com pesar e disse:

– Sabe, eu realmente pensei que você fosse uma pessoa diferente.

Diferente? Com certeza.

– Aposto sua bundinha que não tenho nada em comum com você.

– Lá no salão pensei que você estivesse sob o comando, controlando alguma coisa...

– Querida, estou controlando o mundo todo.

– Sério? Então por que está tão nervoso? Estamos apenas conversando.

Nós não estamos fazendo nada. Você está fazendo com que eu perca o meu tempo.

Ela deu de ombros, movimentando-os com elegância.

– Você voltou para falar comigo. Ninguém está te segurando aqui.

Enquanto ele erguia e endireitava o corpo diante dela, a mulher levantou as mãos, simulando inocência.

Em seguida, ela virou-se para a porta e olhou para ele por cima do ombro, dizendo:

– Você também não é muito astuto.

– Que diabos você quer dizer com isso?

– Sun Tzu, A arte da guerra. Algumas regras simples sobre o conflito humano. Se o seu oponente está com raiva, irrite-o – ela lançou um olhar de relance enquanto colocava a mão sobre a maçaneta da porta. Aquele sorriso largo e tranquilo dela o incitou. – A técnica de investigação funciona muito bem, mesmo com caras durões como você. Talvez funcione especialmente com caras difíceis como você.

E foi o que aconteceu.

Em um movimento involuntário que não tinha nenhuma relação com a sua consciência, Uckermann estendeu o braço e agarrou-a, puxando-a para perto do corpo dele. Aquela mulher o levara ao limite do seu autocontrole.

Eles estavam a um centímetro de distância.

A expressão de sarcasmo dela desapareceu enquanto ela apoiava os braços sobre o tórax dele, empurrando-o.

– O que você está fazendo?!

– Tarde demais para desistir agora, condessa – ele rosnou. – Você provocou o homem errado, e provocou demais.

Ele tomou os lábios dela em um beijo ardente e enfurecido, contraindo os braços e pressionando-a contra si com tanta força que pôde sentir cada centímetro do corpo daquela mulher. Sentir o corpo dela contra o seu foi um completo choque. Os contornos femininos delicados se encaixavam perfeitamente nos músculos rígidos dele. Uckermann sentiu um desejo ardente invadindo seu corpo. Ela era como a energia pura de um raio, algo que ele nunca tinha sentido antes.

À medida que ele deslizou a língua entre os lábios dela, um gemido emanou de sua garganta para dentro da boca dele. Uckermann sentiu que ela parou de empurrá-lo e começou a apertar os seus ombros, retribuindo o beijo.

Então seu fone de ouvido disparou. O carro do embaixador tinha acabado de chegar.

Uckermann soltou-a imediatamente, deu um passo para trás e respirou ofegante. Ela abriu os olhos castanhos vívidos e olhou para ele, sem dizer nada.

Ele fez uma pausa, observando a maneira como ela o olhava. Os lábios dela estavam inchados e vermelhos depois do beijo, a respiração lenta e as bochechas coradas. Ela era uma mulher inesquecível, mas que teria de ser esquecida. Caso contrário, ele enlouqueceria.

Estava certo disso.

Uckermann virou-se bruscamente e saiu correndo, completamente convencido de que era melhor que ele estivesse na entrada de serviço quando o embaixador saísse de sua limusine. Ele nunca havia perdido um cliente e não seria naquela noite que o faria.

"Apenas esqueça que a conheceu", disse para si mesmo enquanto corria pelo chão de concreto.

Não há a menor chance.

Merda! Por que diabos ela tinha de ter seguido ele? E por que ele simplesmente não continuou caminhando quando ela se virou para ir embora?

Porque as coisas entre nós estão apenas começando, pensou ele, com receio.

Seu sexto sentido lhe dizia que seus caminhos iriam se cruzar novamente.




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