Capítulo 19

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Quando o jato começou a se aproximar da pista para aterrissar em Teterboro, Christopher olhou para o solo pela janela oval ao lado do seu assento. Ele tinha passado toda a viagem com os olhos fechados, mas não dormiu.

Desde o dia em que tinha acordado ao lado de Dulce naquela manhã, Christopher tentava se convencer de que não estava apaixonado por ela. O discurso interno não estava funcionando muito bem, apesar de se basear em princípios completamente racionais. Que droga! Ele, mais do que ninguém, deveria saber que uma noite não significava nada. Eram apenas dois corpos no escuro de um quarto, cumprindo a diretiva máxima da evolução humana.

Então por que ele se sentia fora do centro da gravidade?

E por que diabos ele se comportava como um idiota em relação a ela?

Lembrou-se de como ela estava em pé na porta do banheiro enquanto ele se barbeava. As palavras dela antes de sair do quarto fizeram com que ele se sentisse uma pessoa desprezível.

Deus do céu, como ele tinha sido hipócrita! Dissera a Dulce que ela merecia algo melhor após saber a forma como o marido a tratava, apenas para cair no silêncio depois que... tinham feito amor.

Tinham feito amor. Essas eram as palavras certas, percebeu Christopher.

A noite anterior havia sido muito mais que uma boa noite de sexo e ele estava se esforçando para enfrentar suas reações. Coisas como querer ficar por perto ou até mesmo desejar passar mais uma noite com a mesma mulher depois de já ter transado com ela não era normalmente o que pairava em sua mente no dia seguinte.

Christopher queria falar com Dulce. Queria muito. Sentia apenas que precisava colocar a cabeça no lugar. Precisava dizer a ela algo que fizesse sentido para ele.

Bem, pelo menos ele sabia por onde diabos começar. Precisava pedir desculpas por não conseguir lidar com a sua própria confusão. Um pouco de introspecção era uma coisa. Ignorá-la completamente era inaceitável.

Quando o avião aterrissou na pista e os propulsores reversos começaram a deslizar

devagar, Christopher olhou para o corredor. Dulce estava verificando seus relatórios mensais e havia papéis espalhados por toda parte: no assento ao seu lado, no chão e na mesa à direita acoplada ao seu assento. Dulce estava vestida com roupas informais, um suéter bem ajustado ao corpo e calças de lã leve, mas ainda assim era uma pessoa elegante.

Christopher nunca imaginou que pudesse se sentir atraído por uma mulher tão refinada. Ou que usava roupas tão caras.

Ele tentou pensar por que ela era tão diferente das outras mulheres que ele havia conhecido.

Todos os tipos de imagem lhe ocorreram. O momento em que ela tocara as suas cicatrizes, o queixo empinado em meio a tanto medo e os olhos tímidos que o fitavam. Dulce era pura contradição: assertiva porém vulnerável, majestosa porém com os pés no chão, intensa e ao mesmo tempo reservada.

E ela era extremamente sexy. Christopher só conseguia pensar em tirar a roupa dela para senti-la novamente contra o seu corpo.

O avião girou e um raio de sol iluminou a cabine. À medida que o avião se movimentou, a luz do sol reluziu o anel de safira de Dulce, símbolo do casamento com o conde. A gema cintilava.

Joias sofisticadas de um homem rico, pensou Christopher. No dedo da esposa sofisticada de um homem rico.

Christopher queria arrancá-las do corpo de Dulce, mas sabia que não tinha o direito de ser possessivo. Especialmente depois da maneira como a tinha tratado.

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