Capítulo 11 parte 1/2

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Na manhã seguinte, Dulce se atrapalhou para desligar o alarme do relógio. A mão bateu ao lado da cabeceira, passou pelo diário, pelo abajur, por tudo. Menos pelo relógio. Abriu os olhos, desligou a coisa e desabou de volta nos travesseiros.

Caía uma tempestade lá fora e a chuva fustigava as janelas.

Olhou para baixo e viu a camiseta que Christopher tinha arrancado do corpo. Um rubor percorreu as suas bochechas e logo ela se lembrou do que tinha acontecido. Ainda podia sentir a boca faminta dele sobre a sua, e as mãos dele acariciando a sua pele. Aquilo tinha sido um devaneio, da raiva dele até os beijos que trocaram, do limite da razão até a perda do controle.

Ela sentiu como se estivesse sendo possuída por ele.

Afastar-se, recuar, pará-lo tinha sido um ato de autopreservação.

Algum tempo depois que o corpo dele estava por cima do seu, enquanto ele beijava-lhe a barriga e acariciava lhe as pernas, levando-a cada vez mais a um tipo de frenesi que ela nunca havia experimentado, Dulce se sentia extasiada e um pouco assustada. Ele não estava machucando-a, mas as coisas estavam caminhando tão rápido que ela não teve tempo para processar o que borbulhava em sua consciência. Inseguranças, perturbadoras e sem sentido, interromperam o desejo e trouxeram lembranças das quais ela não pôde escapar.

Já no final do casamento, sua vida sexual com Rodrigo havia se desintegrado de tal forma que se transformara num exercício doloroso de humilhação para ela. À medida que ficava cada vez menos interessado e encantado pela esposa, o conde foi se tornando um amante cada vez mais agressivo, até que ela passou a temer a sensação do colchão pressionado para baixo quando ele caía na cama para se deitar ao lado dela à noite. O que antes havia sido uma experiência bastante agradável transformou-se em uma fonte de sofrimento, e a reação gélida dela diante dele tornava a situação ainda pior. Ele ficou impotente e atribuía a culpa da sua disfunção sexual a Dulce. Cada vez que falhava, ele a condenava, afirmando que ela era frígida e que nem mesmo a considerava uma mulher. Ela o enfrentou uma vez, dizendo que toda mulher precisa mais do que um par de mãos ásperas para abrir as suas pernas e desfrutar do sexo. Aquela tinha sido a única vez em sua vida que ela temeu apanhar de um homem.

Embora soubesse que Rodrigo, por ser uma pessoa cruel, a provocava porque se sentia humilhado e desiludido com ela e com o casamento, uma parte dela se perguntava se, no fundo, ele não teria um pouco de razão. Dulce teve apenas um homem antes do marido e não descreveria a atração que sentia por nenhum deles como algo tão avassalador. Entre a sua experiência passada e a lembrança vívida do vocabulário utilizado por Rodrigo, Dulce tinha dúvidas se poderia satisfazer um homem. E até mesmo se ela poderia se sentir satisfeita.

Até que Christopher Uckermann apareceu.

A reação que ela teve diante dele fechou as portas para a ideia de que ela era uma mulher frígida. Mas mesmo assim as dúvidas que ela tinha a respeito de si mesma não se dissiparam.

Se havia um homem no mundo que ela queria satisfazer, esse homem era Christopher. Ela só nãovtinha certeza de que conseguiria.

Conhecer os princípios básicos do sexo não era garantia de que todo aquele entra-e-sai fosse muito mais que um exercício cardiovascular moderado. Diabos! Ela aprendeu isso com Rodrigo – antes dele se tornar uma pessoa vil.

Quando as dúvidas do seu pensamento cortaram o desejo do corpo, ela só quis tentar

abrandar o que estava acontecendo entre eles. Precisava de um momento para respirar e se preparar para saltar em um território desconhecido.

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