Capítulo 3 parte 1/2

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Sentado diante da condessa, Christopher sentiu a temperatura do seu corpo se elevar. Por mais improvável que parecesse, aquela mulher imaculada e empoleirada no sofá estava conseguindo irritá-lo novamente.

Ela estava irritantemente bela sentada naquela mobília decorada. Tinha o corpo perfeitamente ajeitado, as pernas cruzadas na altura do joelho, as mãos repousadas elegantemente no colo. No cabelo, usava um penteado encaracolado e, no corpo, um terno caro, de fina costura. Ambos deixaram-na maravilhosamente linda. Ponderada, graciosa, elegante.

A condessa mexeu o corpo e descruzou as pernas.

Ele repousou os olhos sobre seus tornozelos delicados e suas panturrilhas torneadas e sentiu um ímpeto de luxúria pura e desenfreada. Perguntou-se como ela seria sem todas aquelas roupas caras e chegou à conclusão de que provavelmente ela se desmancharia e cairia dura no chão se alguém lhe pedisse para vestir um moletom.

Quando recebeu a ligação de Alfonso, Christopher sentiu-se tentado a recusar o convite. Seu instinto lhe dizia que aceitar a condessa Savinón Reyes como cliente seria envolver-se em um caso complicado, não apenas pelo beijo que trocaram. Ela era famosa no mundo inteiro. Por Deus, um ícone! Alguém que, muito provavelmente, era uma diva da mais alta ordem, capaz de transformar atores e cantores de ópera em indivíduos submissos e autodepreciativos.

Porém, ele viria de qualquer maneira. Estava curioso para vê-la pessoalmente pela última vez, só para provar que ela era apenas uma mulher. Uma mulher mais bela que a maioria, talvez, mas ela era acima de tudo um ser humano, uma pessoa que um dia teria manchas na pele e cabelos grisalhos, assim como qualquer outro indivíduo que respira. Nada de especial.

Tentando encontrar algo desinteressante, ele a examinou bem de perto, mas acabou se concentrando na cor dos olhos dela. Tinham um tom castanho-claro frio, agora que ela estava irritada com ele.

Maldita cor, pensou.

– O gato comeu a sua língua? – indagou ela.

Christopher franziu a testa, pensando que ela queria provocá-lo. Não funcionaria dessa vez.

– Você não pode estar ofendida de verdade por eu ter investigado a sua vida.

– É mais a sua atitude.

– Não estou aqui para encantá-la.

– Que alívio. Odeio ter de apontar os defeitos dos outros.

Christopher sentiu uma vontade súbita de sorrir. O senso de humor dela era surpreendente. Assim como a sua inquietude. A condessa mantinha as mãos ocupadas ao trançar os fios de uma almofada de seda.

– E então, você vai falar comigo ou não? – ela exigiu uma resposta.

Sim, de fato havia uma diva dentro dela.

– Sei onde você mora e trabalha – respondeu ele. – Sei que você é muito rica e que está naquele artigo sobre mulheres poderosas deixado junto ao corpo de Maite Perroni.

Dulce arregalou os olhos e ficou pálida.

– Como você sabe disso?

– Muitos dos milionários de Nova York são meus amigos.

– Ah – ela hesitou e, em seguida, passou a mão trêmula sobre os cabelos.

Ele ficou intrigado com a demonstração de medo, considerando que a condessa tinha se esforçado para dizer a ele que ela não acreditava estar em perigo.

– E então, quer me contar a verdade? – indagou ele.

– Sobre o que?

– Sobre como você está de fato se sentindo – ele olhou fixamente para a mão trêmula dela.

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