Capítulo 8

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Meia hora depois, os dois saíram do apartamento e seguiram até o saguão do edifício.

Enquanto Dulce apresentava Christopher a Joey, o porteiro do prédio, ela avistou uma SUV preta encostando próximo à calçada. Era tão grande quanto um tanque, tinha as janelas escuras e Dulce estava certa de que apenas um irmão gêmeo de Christopher poderia estar ao volante.

– Onde está Rich? – perguntou o porteiro ao perceber o novo carro.

– Tirou umas férias – explicou Dulce, casualmente. – Ah, e o pessoal da obra não virá por um tempo. E Teresa também não.

O homem lançou um olhar desconfiado para Dulce enquanto Christopher lhe entregou o seu cartão.

– Se alguém procurar por ela, ligue para o meu celular imediatamente. Ninguém poderá entrar caso eu não autorize, ok?

– Sim, claro.

– Tenha um bom dia – desejou Dulce enquanto caminhava com Christopher por debaixo de um toldo.

Aproximando-se do carro, Christopher abriu a porta. Dulce entrou no banco de trás tomando cuidado para não rasgar a saia.

– Bom dia! – a voz alegre e espontânea a assustou. – Desculpe, não quis assustá-la. Sou

Eddie.

A mão do tamanho da pata de um urso atravessou o banco dianteiro para cumprimentá-la.

Enquanto retribuía o gesto, ela olhou para aquele rosto que parecia um cartão de Natal: redondo, com bochechas rosadas, barba branca. O cara era um sósia do Papai Noel.

– É... – Dulce sorriu enquanto balançava a mão. – Desculpe-me por ficar encarando você... É que você se parece muito com...

– O Brad Pitt? Sim, sim, eu entendo – o sotaque nova-iorquino era denso, retorcia as palavras. Algo que ela apreciou. – Então tenho que chamá-la de condessa?

– De jeito nenhum! Dulce.

– Ok, Dulce – ele deu-lhe uma piscadela.

Logo que Christopher entrou no carro pelo outro lado, as portas foram trancadas com o som de um clique.

– Dia, chefe – Eddie cumprimentou Chrisopher e acelerou o carro.

Em instantes entraram no trânsito. Dulce agarrou o braço do assento para evitar que caísse no colo de Christopher. Assim que o motor da Ford Explorer rugiu e Eddie pisou no freio para evitar atingir a lateral de um táxi, ela estendeu o braço para pegar o cinto de segurança.

Que Deus a ajudasse. Ela esperava chegar inteira até o centro da cidade.

Eddie olhou para o espelho.

– Ei, Dulce, o que você deu para esse aí comer hoje de manhã? Ele parece meio tenso. Um pouco irritado...

– Não estou com humor para as suas palhaçadas – murmurou Christopher.

Os olhos de Dulce cintilaram quando ela olhou para o outro lado do banco. Christopher relaxou a expressão tensa.

– E então, Dulce? – insistiu Eddie. – O que você deu para ele comer?

O homem estava olhando para o espelho retrovisor enquanto pisava no acelerador e no freio como se fossem pedais de uma bicicleta. Só para fazê-lo olhar para a rua e não para o espelho retrovisor, ela disse:

– Acho que ele não comeu quase nada.

– Ah – e então dirigiu-se a Christopher. – E então, o que comeu? Uma tigela de cereal com gosto de papelão, mas que faz bem para o intestino?

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