Capítulo 13

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Christopher franziu a testa ao ver o garçom servindo mais um pouco de vinho na taça de Dulce.

Ele nunca a tinha visto beber muito e já era a terceira taça que ingeria. Quando Dulce se virou para a direita e sorriu para Alfonso, Christopher sentiu que a tensão começava a incomodá-la.

Ela começou a empurrar a comida do prato e seu sorriso demonstrava a sobrecarga física e mental.

Com certeza, a proposta de irem para cama aumentou a confusão da vida dela, pensou Christophe. E ultrapassou todos os padrões profissionais dele.

Em um incrível exercício de alucinação. De alguma forma, ele conseguiu deixar de lado todos os detalhes dos treinamentos que fizera e toda a razão que ele tinha, para chegar à conclusão de que fazer sexo com ela seria aceitável. Tinha de se perguntar por que aquilo fez sentido para ele nas doze horas anteriores. Agora, ao ver a exaustão que mantinha os músculos faciais de Dulce tensionados e ao observá-la bebendo, ele estava se sentindo...

Arrependido.

O que para uma pessoa acostumada a correr riscos era tão comum quanto encontrar água no deserto.

– Então, Dulce nunca me contou como vocês dois se conheceram – comentou a senadora Bradford. Ela levantou o guardanapo e enxugou os lábios. Seu olhar era muito direto.

Ele deu de ombros.

– Numa festa.

Considerando o olhar seco que recebeu em troca do que disse, a resposta evasiva não satisfez a senadora. Ela estava preparada para continuar. Christopher teve a sensação de que as boas maneiras da mulher escondiam um desejo obstinado – o que o fez se lembrar de Dulce.

– Você conhece o marido dela?

A menção àquele homem fez Christopher sentir vontade de esbravejar porque o lembrou uma vez mais que Dulce não apenas era sua cliente como também uma mulher legalmente casada.

Normalmente, ele não tinha nenhum receio de se envolver com uma mulher casada, considerando que, se ela queria trair, não era da conta dele. A constatação de que Dulce era casada o irritou, mas não porque ele estava preocupado em ferir os preciosos sentimentos do conde.

Ele a queria inteira só para ele.

Ao surpreender-se com a própria reação, Christopher disse a si mesmo que deveria ter pensado melhor. Tudo em Dulce fugia dos padrões, assim como as reações dele em relação a ela.

– Perguntei se você conhece Rodrigo – insistiu a senadora, gentilmente.

– Não, não conheço – respondeu Christopher, pousando o garfo e a faca sobre o prato e inclinando o corpo para trás. – E não tenho o menor interesse em conhecê-lo.

A senadora ergueu uma sobrancelha.

– A maioria das pessoas deseja conhecê-lo. Ele é uma figura internacional.

– Com base em quê? Por ter ganhado a loteria hereditária? Isso é sorte, não uma realização.

Bo analisou Christopher e disse baixinho:

– Algumas pessoas ainda se perguntam o que ele tem de atraente. Mesmo assim, é uma figura elegante, e só o fato de ter um estilo galante e um título real são suficientes para chamar a atenção. Para ser sincera, fiquei surpresa quando Dulce se casou com ele, embora eu entenda que os pais dela tenham ficado muito satisfeitos.

– Sem querer ofender, senadora, mas o casamento dela não é da minha conta. Somos apenas colegas de trabalho.

– Sério? Ela não consegue tirar os olhos de você e você passou a maior parte do tempo retribuindo o gesto. A menos que vocês dois estejam desenvolvendo negócios oculares, posso supor que algo mais profundo está acontecendo.

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