Capítulo 9

621 37 3
                                    

Ao retornar para o apartamento no início da noite, Dulce rapidamente trocou de roupa e colocou um vestido preto curto. Pegou um roupão grosso e estava caminhando em direção à porta quando Christopher a interrompeu segurando uma jaqueta de couro na mão.

– Para onde você está indo? – perguntou ela.

– Vou com você.

Ela começou a balançar a cabeça, determinada.

– Ah, não! Você não pode.

Christopher franziu a testa e lançou um olhar de tédio.

– Como é que vou explicar para a minha mãe quem é você?

– Acho que eu tenho uma aparência excelente como ser humano – respondeu ele, com a voz arrastada.

Dulce colocou uma mão sobre a testa.

– Perdoe-me, não quis dizer isso. Apenas não sei o que vou dizer a ela...

– Que tal dizer a verdade?

Dulce sacudiu a cabeça com veemência.

– Eu não poderia.

– Você não poderia dizer à própria mãe que contratou um guarda-costas para mantê-la em segurança?

– Ela não sabe sobre... – Dulce fez um gesto com a mão. – Nada disso. Minha mãe e eu não somos muito próximas.

Christopher fixou o olhar sobre a aliança dela.

– E você também não contou a ela sobre o divórcio, contou?

Dulce franziu o cenho. Desejava que ele não fosse tão observador nem tão incisivo. Aquilo a fez se perguntar quais outras pistas ele tinha conseguido a respeito dela. Será que Christopher sabia a frequência com que ela pensava nele?

– Por que isso é importante?

– Não é.

– Então por que tocou no assunto? – o tom de voz de Dulce começava a ficar ríspido, mas ela não se conteve. Christopher tinha a capacidade de provocá-la mais rapidamente do que qualquer outra pessoa que conhecia. Era quase como se ele gostasse de vê-la de mau humor.

– É só uma observação – ele disse, encolhendo os ombros.

– Guarde para você – murmurou ela, bufando.

– E agora? O que há de engraçado nisso?

Ela olhou para ele e levantou as mãos.

– Ok, ok. Você e sua mãe podem jantar sozinhas.

– Obrigada – disse ela, a contragosto.

Ele foi até a porta.

– Onde você está...

– Vou sentar em uma mesa distante. Isso é o máximo que posso ceder – ele saiu para o corredor e apertou o botão para chamar o elevador.

Dulce olhou para as costas dele, completamente eretas. Ela sabia que não haveria a menor possibilidade de maiores negociações.

Christopher entrou na sala de jantar exclusiva para os sócios do Congress Club e sentiu como se tivesse sido levado de volta para a virada do século. Com o piso em mármore branco, paredes vermelho-sangue e cortinas coloridas e douradas, o lugar parecia o saguão de um banco.

Ou um bordel de alta classe, dependendo das suas raízes e dos seus vínculos sociais.

Nas paredes, havia retratos doados. Christopher reconheceu alguns dos rostos, adornados por molduras douradas – os mesmos que estavam impressos nas cédulas que ele tinha na carteira e nas moedas que tinham em seu bolso. Não se surpreendeu. O Congress, como o lugar era conhecido, era um ponto de referência da elite tradicional, dos governantes e do poder obstinado. Seus membros eram parte da longa história do país, fosse para melhorar ou para piorar, e continuavam exercendo tal influência.

Um Romance InesquecívelOnde histórias criam vida. Descubra agora