Capítulo 22

542 33 2
                                    

Quando Dulce se remexeu na cama às cinco da manhã do dia seguinte, sentiu o cheiro de café fresco e sabia que Christopher já estava de pé.

Encará-lo era algo para o qual ela sabia que precisava estar preparada, então foi para o banheiro, tomou um banho revigorante e colocou um dos seus melhores ternos. O conjunto era preto, ficava bem justo ao corpo e continha lapelas delicadas de corte refinado na cor vermelho-sangue. Dulce sentiu-se mais forte ao vesti-lo. Com sapatos de salto alto e um batom vermelho vibrante nos lábios, ela sentiu como se estivesse blindada para encarar o que o dia lhe reservava.

Quando chegou ao final do corredor, Christopher estava ao celular, andando de um lado para o outro entre as salas de estar e de jantar. Com a expressão sombria, ele levantou a cabeça e olhou para ela.

– Não, deixa que eu faço isso – disse ele em voz baixa e desligou o aparelho.

Dulce lançou um olhar frio sobre ele.

– Zoraida Gomez foi atacada ontem à noite.

Dulce sentiu um nó na garganta.

Sua pose defensiva desmoronava, e ela começou a tremer.

– Pensei que ela e o marido tinham saído do Estado. O que aconteceu?

– Ela voltou para se preparar para o evento. Foi encontrada no saguão do prédio dela. Com certeza, foi atacada em casa e de alguma forma conseguiu se arrastar para dentro do elevador.

Considerando o tamanho dos seus ferimentos, essa manobra foi um milagre. Ela está em coma no Lenox Hill.

Dulc estendeu o braço para se apoiar na parede e sentiu a superfície gelada sob a palma de sua mão.

– Como ele chegou até ela?

Christopher encolheu os ombros.

– Só há uma explicação. Ela o conhecia e o deixou entrar.

Dulce manuseou desajeitadamente os botões do seu casaco e o tirou, jogando-o no braço do sofá. Sobre o tecido delicado de cor creme do móvel, o toque de preto da peça pareceu violento.

– Meu Deus! – sussurrou ela, sentando-se. Dulce cruzou as pernas na altura dos tornozelos e cruzou as mãos sobre o colo.

Como se ao recompor o corpo ela pudesse de alguma forma organizar a mente.

– Eu... eu acho que não vou pra Connecticut – disse ela.

– Vou ligar para Eddie.

Dulce ouviu o som do telefone de Christopher enquanto ele discava e, logo depois, o estrondo da voz dele.

Ela imaginou Zoraida deitada sobre a cama do hospital e lamentou pelo sofrimento da

amiga.

– Dulce?

Ao ouvir o seu nome, ela levantou a cabeça e viu Christopher ajoelhado à sua frente.

– Dulce? Você quer que eu avise Kat que você não vai hoje?

Ela começou a balançar a cabeça respondendo que sim, mas, em seguida, olhou ao redor da cobertura. O fato de as mulheres serem atacadas em suas próprias casas fez com que ela sentisse como se a própria casa estivesse contaminada.

– Não. Acho que prefiro ir para o trabalho.

Dulce começou a se levantar e John ofereceu a mão para ajudá-la.

Ela se esforçou para não a aceitar.

– Preciso de um tempo para mim – disse ela, dirigindo-se para o seu quarto. – Se você me der licença...

Um Romance InesquecívelOnde histórias criam vida. Descubra agora