Capítulo V - Helena - "Searching"

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- Vamos Gabs, não é tão difícil. - falei meio sonolenta, tentando esconder meu desânimo por trás da postura rígida que eu sempre mantinha.
Ela se concentrou no alvo e acertou a flecha, que cravou no saco de arroz a poucos centímetros do pontinho vermelho. Olhei pra ela e dei dois tapinhas em seu ombro, orgulhosa do progresso que minha equipe tinha obtido em pouco tempo. Em seguida, caminhei até o centro deles, pegando uma flecha em minha aljava.
- Isso mesmo pessoal, vocês são ótimos! - falei ajeitando meu arco - Agora, vamos mudar de exercício. Quero que vocês acertem seus alvos sem olhar. Prestem atenção.
Em seguida, me virei de lado para o alvo, mas posicionando o arco e flecha em sua direção. Atirei, e tenho que dizer que mandei bem.
- Viram? É assim. - falei, enquanto os outros me olhavam, admirados - É fácil, vamos lá. Olhem bem e mentalizem o lugar. Depois, vocês sabem o que fazer.
Todos fizeram o que eu mandei, e acabaram me surpreendendo. Repetiram mais umas três vezes, e foram muito bem.
- Isso, isso! Gente, eu até daria pirulito se não estivéssemos em um apocalipse zumbi. - sorri com a minha piada levemente negra e arranquei as flechas dos bonecos, os entregando - Pronto, agora eu quero que formem duplas.
- Eu vou com o Cellbit! - Emisu se precipitou em dizer, o que fez a Gabs soltar uma risada.
- O que? - franzi a testa, e vi que ele enrubesceu - Ah, sim, claro que sim.
Felps deu a mão para a namorada e um tapinha em seu braço para que ela parasse de segurar o riso. Eu mesma tive que me conter para não dar risada da situação.
- Helena! - uma voz me chamou - Helena, o Damiani está te chamando.
- Como assim?
Eu sabia que Damiani não estava na base, ele tinha saído como os outros três grupos. Kéfera ajeitou a pistola no cinto, jogando os cabelos para trás. Ela parecia apressada.
- Parecem ter problemas, eu não sei direito, só sei que ele me mandou aqui pra te chamar.
Demorei um pouco para raciocinar. Se ele tinha vindo era coisa importante. De prontidão, coloquei o arco em minhas costas e a aljava por cima dos ombros, fazendo sinal para que minha equipe nos seguisse. Eles trocaram olhares confusos, mas deram de ombros e ajeitaram os armamentos.
Quando chegamos ao portão da frente, Damiani, Cocielo, Pk e Saiko estavam nos esperando. Eles estavam atônitos, e apresentavam machucados. Encarei Júlio assim que eu o vi, como se perguntasse "o que aconteceu?". Ele tinha um corte imenso que ia da testa à têmpora, e metade do seu rosto estava manchado pelo sangue seco e escuro.
- Helena, estamos com problemas. - Damiani disse com a mão na cintura. Ele estava ofegante.
- O que houve? - perguntei, já temendo o que vinha pela frente.
- Nós não conseguimos encontrar Bianca. - ele disse com uma pontada de culpa em sua voz.
- O-o que? - balancei a cabeça negativamente - Claro que não, ela está para lá, e você foi pra cá. Não é?
Tentei ser otimista, apesar de que por dentro minha esperança estava morrendo. Damiani abaixou a cabeça e em seguida me olhou, como se realmente quisesse acreditar que podia ser verdade.
Mas não era.
- A gente combinou de mandar sinais de fumaça. Ela não correspondeu ao nosso... - Saiko disse com amargura.
- Vocês estão certos disso, galera? Quero dizer, ela pode não ter visto. - foi a vez de Felps se manifestar.
- Seria impossível ela não ver, cara! - Pk falou, levando as mãos à cabeça - É sinal de fumaça! Quem não veria a desgraça de um sinal de fumaça! Ela tá com problemas, pode crer!
- Calma, cara. - Damiani disse soando o mais estabilizado possível.
- Temos um plano? - perguntei levando as mãos à cintura.
- Ham, de certa forma... - Damiani disse, secando o suor que escorria de sua testa - Vamos nos reunir e ir para lá. É a única maneira. Se ela está em perigo, é porque uma coisa muito séria aconteceu, e temos que nos preparar para enfrentar isso. Só que juntos.
- Só podemos seguir em frente quando gente ajuda gente. - murmurei baixinho, mas todos os outros repetiram como se fosse um grito de guerra. Depois olhei um por um, e estavam todos se preparando para seguir caminho. Acenei com a cabeça, levando a mão ao arco – Então, o que estamos esperando? Vamos logo.

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