O humor do grupo só não estava pior do que o cheiro das meias velhas de meu avô. E eu me lembro de elas não cheirarem nada bem.
Os pássaros voavam com velocidade, e era difícil alcançá-los com nossa quantidade de feridos. E eu nem tivera tempo de olhar se estavam todos do grupo ali. Mesmo que não fossem muitos agora... Parecia que faltava alguém. Alguém que ainda respirava, claro.
A noite já estava chegando quando os pássaros simplesmente pararam e pousaram em uma árvore.
- Ok... – eu disse – Sem movimentos bruscos.
Esperei por alguns minutos, observando se os animais fariam algo.
Nada.
- Tudo bem, devem estar descansando. Quero que todos arrumem as coisas para passarmos a noite aqui, com cuidado. E vamos estipular alguns vigias, caso os pássaros acordem antes. Não podemos perdê-los!
- Estamos realmente dependendo de pássaros? – o novato "David" falou. Ele parecia ter um pouco de sotaque, mas não consegui identificar de onde.
Aquilo ferveu meu sangue.
- Fale baixo. – ordenei – E o que você prefere? Se quiser depender de si mesmo lá fora, melhor pra nós. Mas parece que não estava tendo muita sorte, né? – apontei para os pontos em sua barriga, feitos pela NOSSA enfermeira e com NOSSOS materiais.
- D-desculpe. E-eu só quis dizer que podíamos...
- Você. – o interrompi – Não tem. Voz aqui. Vai conviver com nossas regras, estamos entendidos?
Ele afirmou rapidamente com a cabeça, desistindo de falar algo antes.
O resto do grupo observava em silêncio. Do nada, Helena puxou meu braço e me levou para um canto, sussurrando:
- Ok, o que foi isso!?
- 'Isso' o quê? – rebati.
- Não se faça de boba comigo! O que aconteceu enquanto eu estava fora? Bianca... – ela suspirou – Se está tendo uma recaída, eu posso ajudar vo...
- Para. – me afastei – Para de agir como se eu fosse uma sociopata, por Deus! Eu realizei que precisava ser mais dura se quisesse respeito aqui, é só!
- Já conversamos sobre isso... – sua voz era preocupada.
- Escuta... Aquela história de motim é irreal, ok? Não vai acontecer, eles são nossos amigos! Agora vai descansar sua perna e me deixa cuidando do resto.
- Você gosta de cuidar das coisas sozinhas, huh?
Isso parecia algo muito bom, mas da forma como ela havia dito parecia realmente horrível.
- É. – foi o que eu disse.
Coordenei o grupo e ajudei-os a montar nossas poucas barracas e acender uma pequena fogueira para manter os mosquitos longe e esquentar um pouco de comida.
Dessa vez, consegui que todos comessem ao menos um pouco. Bom... Nossas pessoas tinham realmente diminuído.
Antes que começassem a dormir, eu me levantei:
- Ok, atenção todos. Quero fazer uma rápida 'chamada', para ver se todos estamos aqui. Todos que estão vivos. – adicionei antes que alguém dissesse.
- Maethe.
- Aqui. – ela sussurrou.
- Luísa.
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No One Left
Fanfic"O mundo não era mais dividido em quem influenciava as pessoas e em quem era influenciado. Agora, o mundo era dividido em quem matava e sobrevivia, em quem morria, e em quem era fadado a permanecer no mundo como um monstro. Três anos atrás, o mund...