Capítulo VI - Bianca - "Madness, happiness, I don't know"

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Eu não ia conseguir sozinha. Onde estava com a cabeça? Eu era só... Mais alguém. Impotente em relação ao que ocorria à minha volta. Mas não queria atrasá-los, não podia. Se mais alguém morresse por minha causa...
Olhei em volta, para o caos que havia se instalado ali. Rezende já havia acordado, porém antes que eu pensasse em fazer qualquer coisa, ele correu para fora do quarto, perseguindo Helena e Pk, que eu já havia perdido de vista.
Tentei não pensar nos dois e comecei a desamarrar meu braço que ainda estava preso pelas cordas. Como eu, agora eles teriam que seguir por conta própria. E, se eu sobrevivesse, meu maior objetivo era saber o que raios tinha acontecido entre o Rezende e a Helena. Parecia uma novela mexicana muito complicada.
Já estava sentindo alguns cortes em minha mão livre. A corda estava amarrada muito forte em meu pulso, e não havia nada cortante para parti-la. Minha pele não estava aguentando sozinha.
Tentei me apressar até o momento em que comecei a ouvir passos. Tive medo ao olhar para cima. Era o tal... Polado? Pelo visto ele tinha ouvido Rezende chamar. Ou qualquer um dos gritos da confusão instalada no local. Vi uma espada em sua mão. Era minha chance de ouro, na verdade.
Levantei-me com a cadeira com a intenção de atingi-lo com a mesma. Um truque simples que aprendíamos especialmente para casos assim. Porém, não fui ensinada sobre o que fazer quando não conseguisse se suportar levantada. Após o tiro, meu pé machucado não suportava meu peso, o que me fez desequilibrar e voltar à posição inicial.
Patético, Bianca. Patético.
Olhei para ele com pesar. Eu tinha apenas uma mão para me defender.
"Me desculpe, Helena." – pensei – "Eu não consegui."
Sequer me movi quando ele foi para trás de mim. Fechei meus olhos e esperei pelo pior. Porém, tudo o que senti foram as cordas se afrouxando em meu pulso até que estivesse solta. Voltei a olhar o garoto, que agora se ajoelhava à minha frente para retirar as cordas das minhas pernas. Meus pulsos estavam doloridos e vermelhos.
Quando fiquei completamente livre, percebi que apesar do barulho lá fora, o silêncio dentro daquele quarto era de extrema paz. Ele olhava fixamente em meus olhos, e eu nos dele. Tudo o que vi foi dor; não sei se ele viu o mesmo. O caos ocorria lá fora, enquanto dentro daquele quarto, dois rivais optavam pela harmonia. Não falamos nada em nenhum momento. O silêncio era nossa resposta e nosso aliado.
Polado ergueu sua espada e eu retesei, porém ele apenas a segurou pela lâmina e colocou o cabo em minha direção. Aceitei a oferta e segurei o cabo, pegando a espada para mim. Eu não devia confiar nele, mas ele também não devia confiar em mim.
Consegui levantar mesmo cambaleando o afastei com a espada, colocando sua lâmina em seu peito. Se eu quisesse, poderia matá-lo agora. Lembrei de tudo o que me fizera passar. Eu só tinha que dar um golpe.
Eu nunca havia matado alguém assim, a sangue frio. Eu só matava por misericórdia. Ele já havia me causado estrago, mas... Eu não queria matá-lo. Nem mesmo machucá-lo. Afastei a espada e ele passou meu braço livre em seu pescoço, me apoiando em seu corpo para conseguir andar.
Não foi difícil sair da base. Praticamente todos haviam saído dali, e eu podia ver fumaça vinda do lado esquerdo do prédio. Esperava que todos estivessem bem. Exceto o Rezende. Eu queria que ele fosse para merda mesmo.
Já estávamos a uma distância considerável do perigo, em algum bosque perto dali, porém eu estava completamente perdida. Aquilo era perto da minha base? O suor escorria de meu rosto e meu pé protestava cada vez mais pelo esforço.
- Por que não me matou? – Polado quebrou o silêncio entre nós.
Segurei mais forte no cabo da espada.
- Não sei. E por que você não me matou? – rebati.
- Não sei. – ele olhou para mim e sorriu.
Estava tão perto que sua respiração batia em meu rosto. Voltei a olhar para frente.
Andamos por cerca de uma hora, e eu sentia que o suor em meu rosto não era mais pelo sol, encoberto pelas nuvens agora. Meus músculos estavam começando a desistir sem minha permissão. A espada em minhas mãos caiu em terra; não tinha mais forças para segurá-la.
A dor estava consumindo minha cabeça, eu não conseguia pensar. Polado me segurou mais forte, sem sentir falta da nossa única arma. Se encontrássemos algum zumbi agora, estávamos mortos.
Então, quando ergui um pouco a cabeça e vi um pedaço do muro da base à frente, quase pensei que era uma miragem.
- Lá. – eu murmurei para Polado, apontando para frente com dificuldade.
Porém, eu me sentia tonta e minha visão começou a embaçar rapidamente. Não consegui dar o próximo passo e Polado me segurou para que não caísse. Senti ele passar a mão embaixo de minhas pernas e me erguer com dificuldade.
- Desculpe. – consegui sussurrar.
- Tudo bem, tudo bem. – ele falou entre os dentes – Fique acordada, garota. – percebi que nem mesmo meu nome ele sabia.
E ainda assim, não estava medindo esforços ao me ajudar. Isso era loucura. Mas me deixava feliz internamente. Eu não entendia.
Tentei manter meus olhos abertos enquanto nos aproximávamos da base. Quando estávamos perto de alcançar o portão, a voz que reconheci ser de Damiani se dirigiu à nós.
- Quem são vocês? – ele falou alto, parecia irritado, e Polado parou na mesma hora.
- E-eu... Vim trazê-la. É... Ela precisa de ajuda. – ouvi a voz do garoto e passos em nossa direção.
Tudo o que via eram borrões confusos.
- Bianca... – sussurrou Damiani e eu senti ele me pegar abruptamente dos braços de Polado – Satty, chame a Matehe rápido! – ele ordenou enquanto minha visão voltava a se focar – O que você fez com ela!? – Damiani pareceu se dirigir à Polado.
- Eu não... – o garoto começou.
- Já fez o que deveria. – Damiani o interrompeu – Vá embora daqui logo.
- Não... – murmurei antes de qualquer outro movimento – Ele me ajudou... Ele fica. – apesar da voz fraca, eu ainda possuía determinação em minha fala.
- Bianca, você não está pensando direito. – Damiani falou.
- Ele... Fica. – disse novamente.
Ouvi Damiani resmungar e ele me entregou à outra pessoa que não consegui identificar antes de lhe sussurrar alguma coisa. Já estava ficando cansada de ser carregada. Eu não era um fardo. Normalmente, eu tinha a arma na mão e a possibilidade da luta. Odiava depender das pessoas.
- Nunca mais... Faça isso de novo. – era Emisu quem me carregava. Eu sorri de canto – Sua demente.
Fui deixada em um lugar macio que consegui reconhecer ser uma das macas de um dos quartos da enfermaria. Minha visão estava quase normalizando. Aquilo tudo não podia ser apenas por causa da dor...
Quando Alan e Maethe chegaram em meu campo de visão, suspirei de alívio e sorri. Só faltava ver o Phoenix para acabar com minha preocupação.
- Bianca. – Maethe sorriu e acariciou meu cabelo – Que susto você nos deu.
Dei uma risada fraca.
- Onde está o Phoenix? – perguntei por fim.
Maethe abriu a boca, tentando dizer algo que parecia agarrado em sua garganta, porém Alan a interrompeu:
- Ele está dentro da casa. – o garoto falou e sorriu, entretanto Maethe lançou-lhe um olhar de reprovação – Não é hora de se preocupar com os outros.
Apesar das respostas estranhas, minha mente estava fraca demais para processar algo ainda, e eu apenas senti-me aliviada por minha equipe ter chegado bem.
Maethe tirou a bota do meu pé ferido e sua reação não foi das melhores. Eu não quis olhar para o estrago, porém o buraco em meu calçado já dizia muita coisa.
- Alan, vamos precisar de um pouco de anestesia. – ela falou – Ainda têm... Estilhaços que precisamos tirar.
Engoli em seco. "Coragem, Bianca. Que merda."
Alan, porém, olhou para mim e então para namorada com pesar.
- Usamos a última anestesia... Em Ronaldo, Maethe. – falou por fim e minha respiração reagiu dando um descompasso.
- Não é possível que não tenhamos nenhuma mais! – ela falou se levantando e indo até uma mesa ao lado. Pegou diversos frascos e olhou os nomes, em desespero.
Alan segurou seus braços com calma.
- Não temos, Maethe. Nenhuma. – falou novamente.
A garota passou a mão no rosto e tremeu ao respirar fundo.
- Bianca... – ela começou.
- Tudo bem. – eu menti – Pode começar.
Tinha que ser forte agora. Pensei em Ronaldo automaticamente. Eu não tinha passado nem mesmo metade de sua dor. Não era hora de sentir pena de mim mesma.
Maethe sentou-se numa cadeira à minha frente e começou a trabalhar. Cada vez que ela tirava um estilhaço da bala em meu pé, eu sentia uma vontade imensa de vomitar. Eu suava frio e a cada segundo desejava desmaiar para cessar a dor.
Quando ela tirou o último, segurei o pano embaixo de mim para não gritar. Mas tinha acabado, afinal. Pelo menos, era o que eu pensava.
Maethe lavou as mãos sujas de sangue e olhou meus outros machucados, mas eram apenas cortes e roxos que logo melhorariam. Então, ela começou a me examinar tão minunciosamente que eu estranhei.
- Ahn... Já descobriu se eu não tenho Aids, aí? – brinquei.
Ela deu uma risada.
- Você chegou aqui quase desmaiada, retardada. Não acho que seja por causa da dor. – ela falou.
- Olha, você não sabe pelo que eu passei, ouviu? – falei em tom de brincadeira novamente. Era bom fazer piadas novamente.
Alan riu e me ajudou a sentar enquanto Maethe pegava algo na mesa. Ela voltou com uma espécie de comprimido e colocou em minha mão. Eu não tinha porque não confiar nela, então coloquei o comprimido na boca e engoli sem fazer perguntas.
- Que porra é essa? – falei após sentir um gosto horrível na boca.
- É remédio de cachorro. – ela falou e eu tossi.
- Quê!? – ela riu – 'Cê tá me zoando, né?
- Dessa vez, não. – fiz uma cara de indignação e ela deu de ombros – Vai te fazer vomitar. – ao ouvir a palavra "vomitar", Alan resolveu sair de fininho da sala.
- Como é? – aquilo estava ficando cada vez pior.
- Te deram algo lá? Pra beber, comer? – perguntou.
- Água, eu acho. – falei tentando me recordar.
- E você aceitou?
Assenti com a cabeça. Ela pareceu decepcionada com minha decisão.
- Ou não era potável ou tinha algo nessa água. Mas vai passar. – ela disse.
Só de pensar em vomitar eu já tinha náuseas.
- Mas eu já tava melhor, cara. – reclamei.
- Tá parecendo o Alan, reclamando de vomitar. – acabei rindo.
Fiquei observando meu pé enfaixado enquanto brincava com a garota, mas de repente, Maethe pareceu tomar uma postura séria.
- Bia... Sobre o Phoenix... – ela começou.
- Ele não conseguiu, não é? – meus pensamentos estavam voltando ao normal, e essa era a única resposta para mim.
- Ele foi corajoso durante todo o tempo. – ela sussurrou.
- Sim... Ele sempre foi. – respondi – Escuta, eu acho que vou... Vomitar aqui, então é melhor você ir lá pra fora.
- Eu posso ficar. – não sei se ela não tinha reparado minha mentira ou se recusava a aceitá-la.
- Por favor, Maethe. – ela suspirou e segurou forte em minha mão antes de soltá-la e sair do quarto, fechando a porta atrás de si.
Eu não queria chorar na frente dela, nem de ninguém. Pude deixar minhas lágrimas rolarem e se perderem no assoalho frio. Mas eu não chorava apenas pela dor da perda, mas também por raiva. Soquei a maca onde estava.
Outra falha. Outra!
Será que eu merecia liderar aquelas pessoas? Eu não conseguia salvar nem à mim mesma sem ajuda. Em meio ao choro, acabei realmente vomitando no balde que tinha à minha frente. Não havia praticamente nada em meu estômago além de algum líquido estranho.
Tremi ao suspirar e esperei alguns segundos para me acalmar.
Limpei minha boca e meu rosto num pano qualquer que havia ali e resolvi sair. Meu pé ainda latejava quando eu o forçava contra o chão, então tive de andar mancando. Mal havia passado da porta quando vi Helena vindo rapidamente em minha direção. Parei abruptamente quando ela chegou à minha frente e não hesitou em dar um tapa no lado que não estava machucado do meu rosto.
Coloquei a mão na bochecha e olhei para ela em confusão.
- Nunca mais me preocupe desse jeito! – ela falou apontando meu rosto.
- Também senti sua falta. – falei e ela riu, parecendo relaxar.
Era difícil ser próxima de Helena. Ela conseguia esconder muito bem o que sentia. Mas talvez eu tenha conseguido.
- Melhor? – Maethe perguntou, chegando ao lado de Helena.
Assenti com a cabeça.
- Você é incrível, Ma. Obrigada. – disse a abraçando.
Nos afastamos e ela sorriu.
- Escutem... O Phoenix... O corpo dele, digo... – falei com um nó na garganta – Foi enterrado?
A meu ver, todos mereciam e deveriam ser enterrados. E eu sempre fazia o possível para que isso ocorresse.
Helena mordeu o lábio inferior e suspirou.
- O corpo foi queimado num incêndio. – ela sussurrou – Não pudemos fazer nada.
Pressionei meus lábios, segurando qualquer lágrima da minha garganta.
- Tu-tudo bem. – falei – Sei que fizeram o possível. – tentei me concentrar em outra coisa – Viram o Damiani?
- Perto do portão há poucos minutos. – Maethe respondeu – Por que?
- Preciso ver se o Polado está bem. – respondi e comecei a andar até lá.
- Quem!? – Helena me puxou pelo braço no meio do caminho.
- Polado. – falei novamente – É um garoto que...
- Eu sei quem ele é! – ela me interrompeu – É do grupo do idiota do Rezende. Eu lembro dele chamando esse nome! Você o trouxe pra cá!?
- Ele me salvou, ok? – falei tirando sua mão de meu braço.
- Bianca! – ela falou mais alto mas então baixou o tom de voz – Estamos falando do grupo do Rezende! Aqueles que tentaram nos matar, lembra!? Esse garoto pode estar fingindo! Ele não pode ficar aqui!
Meu sangue ferveu. Eu estava cansada de dizerem isso para mim. Alguém não podia se redimir? Felps e Gabs também eram do grupo do Rezende. Novatos, mas eram. Se eles puderam contar sua história e ficar aqui, por que não o Polado?
Eu sentia necessidade de protegê-lo após tudo o que havia feito por mim.
- Sabe do que eu lembro? – minhas palavras saíram antes que eu pudesse processá-las – De alguém que parece ter tido um caso com o próprio Rezende e não contou à ninguém do grupo! - arrependi-me no mesmo instante.
A expressão de Helena seria melhor se eu tivesse lhe dado um soco. Mas ela não viraria e se afastaria, ela não era assim. Eu sabia que iria me confrontar.
Se eu tinha qualquer confiança de Helena, eu tinha acabado de perdê-la.
Ela abriu a boca para falar algo, mas alguém me chamou e eu me virei para trás. Vi Damiani se aproximar com Polado, que estava... Algemado?
- Damiani, você algemou ele!? – eu não estava acreditando.
- Se quer que ele fique aqui, vai ter que ser assim, Bianca. – ele estava decidido.
Olhei para Polado, que me deu um sorriso mínimo. Nem sabia como ele consegui sorrir em tal situação.
- E quem é você pra decidir isso? – perguntei – Me dê as chaves. – era a primeira vez que eu ordenava algo. Não me senti mal ao fazê-lo.
Damiani olhou para mim por alguns segundos antes de pegar as chaves do bolso e colocar em minha mão.
- Que fique claro... – ele falou antes de soltar as chaves – Que está colocando uma bomba nesse grupo. E se ela explodir, eu farei questão de que vá junto. – me deu as costas e se foi.
Suas palavras conseguiram criar um aperto em meu peito. Eu nunca vira Damiani tão irritado. E se eu não soubesse o que estava fazendo? E se eu estivesse me condenando? E se eu estivesse NOS condenando?
Observei Helena se afastar também.
Por que eu estava fazendo isso, afinal?
Desalgemei Polado e coloquei as algemas em meu bolso.
Eu devia estar louca.
- O pessoal daqui é bem estressado. – ele falou e sorriu. Sua fala era muito rápida, e ele tinha um sotaque estranho, mas gostoso de ouvir.
O que eu estava pensando?
Resolvi levá-lo para perto do lago, onde achei que podíamos conversar.
Era impressionante como as notícias corriam rápido em um grupo tão extenso. No curto caminho até a margem das águas, voltei a ter a sensação de ser observada. Todos olhando, cochichando, comentando.
Até Emisu pareceu decidido em se afastar. Pude vê-lo na torre de vigia com Rik observando meus passos, mas sem se aproximar ou ter qualquer tipo de interação. Isso machucava.
Quando chegamos à um ponto mais afastado do lago, sentei-me colocando meu pé bom na água fresca e Polado me acompanhou. Ficamos em silêncio por alguns segundos, mas não era constrangedor. Era um silêncio de paz. Por algum motivo, eu quase sempre me sentia assim perto do garoto.
- Talvez eu esteja causando muitos problemas. – Polado falou por fim, sem me olhar.
- Com certeza. – falei e ele me olhou. Sorri – Eu costumo abraçar os problemas. – dei de ombros.
- Não faz sentido... – ele falou – Passar por isso por minha causa.
- Acho que nada entre nós faz sentido.
Silêncio novamente.
- Obrigado. – Polado falou – Aqui... É o melhor lugar que já estive.
Olhei para ele sem compreender. As pessoas estavam o ignorando, o tratando como ameaça... E aqui era o melhor lugar que já estivera?
- Como fala isso depois de tanta ignorância dos meus amigos? – perguntei.
- Você já foi do grupo do Rezende? – ele respondeu com outra pergunta.
Neguei com a cabeça.
- Perto daquele inferno... Aqui é o paraíso. – falou – Nunca fui tão bem recebido, acredite.
Resolvi que não era o melhor momento para perguntar sobre seu passado, então permaneci calada.
- Esse papo tá muito deprê. – ele falou após um tempo e eu ri.
- Estamos num apocalipse, cara.
- Não significa que temos que parar de sorrir. – ele falou em tom de brincadeira, mas sua frase era realmente profunda.
Olhei para seus olhos castanhos. Meu rosto ruborizou ao vê-lo sorrir para mim.
- Polado... – sussurrei.
Não tive tempo de terminar a frase.
Ouvimos passos atrás de nós e nos viramos. Gabs e Felps vieram em nossa direção e, para minha surpresa, cumprimentaram Polado. Os dois se sentaram conosco e entraram em uma longa conversa com o garoto.
Falaram sobre suas experiências no grupo de Rezende, sobre a fuga, sobre a vida em nosso grupo. E o melhor de tudo, como Polado havia dito, não deixaram de sorrir.
Provavelmente por terem tido a mesma experiência no grupo de Rezende tenham se dado tão bem com rapidez. Então, provavelmente eu ainda devesse ter esperança.

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