Era chegada a hora do jantar e Claire caçava suas roupas de dormir nas malas. Quando encontrou, suspirou aliviada por não ter esquecido em Boston, então vestiu uma camisola azul marinho na altura dos joelhos e prendeu os cabelos num coque; vestiu uma blusa de lã cinza e calçou seu chinelo.
Ao ir em direção a sala de jantar avistou Júlia, a empregada e cozinheira, ajeitando os pratos na mesa.
- Júlia! Quanto tempo! - Claire exclamou num sorriso e se aproximou dando um abraço na senhora de cinquenta anos.
- Claire, minha jovem, como vai? - Se separaram - Cresceu bastante desde a última vez que a vi, pois agora já é uma mulher.
- E você não mudou nada Júlia, continua sendo a tia que eu atrapalhava na cozinha.
A senhora deu uma risadinha.
- Quer uma ajuda na cozinha? Agora juro que não vou atrapalhar mais e somente ajudar. - Comentou Claire com um sorriso.
- Nem pensar! Hoje você é a convidada de honra. Sente-se aí que logo seu pai vai vir para o jantar. - A senhora foi em direção a cozinha voltando várias vezes para colocar panelas com carne, arroz, feijão e até refogados na mesa. Por último voltou e colocou duas jarras de sucos naturais.
Claire estava começando a se questionar sobre quando seu pai chegaria até vê-lo entrar conversando com Travis ao seu lado. O último lhe olhou de maneira tão intensa que quase perdeu o fôlego.
Mas, espera um momento, o que ele estava fazendo lá? Porque Claire se lembrou muito bem de seu pai falar sobre cada funcionário ter sua casa. Ele falou de Marcus morar em uma pequena casa longe do estábulo e.... Não! não falou onde Travis morava. A não ser que... Absurdo! Como Travis poderia estar morando sobre o mesmo teto que ela? Seu pai havia perdido o juízo?
E se ele fosse um... Não, devia parar de fazer esses julgamentos sem antes conhecer o caráter do homem. Afinal, se Travis estava mesmo morando em sua casa, havia uma boa confiança de seu pai nele.
Suspirou fundo considerando a idéia e quando começou a colocar comida no prato, notou que seu pai e Travis já estavam sentados também se servindo. Quando Claire foi pegar concha para se servir de feijão, Travis fez o mesmo e ambas as mãos se tocaram por dois segundos, então ambos se entreolharam e Travis pigarreou tirando a mão.
- Pode se servir primeiro - Ele disse.
- Não, você primeiro. - Claire tentou ser gentil, mas ele negou com a cabeça indo se servir de outra coisa.
- Ok... - Falou baixinho e se serviu. De alguma forma, Claire percebeu que aquele homem a evitava demais, chegou a concluir que talvez estivesse mal vestida ou então, ele fosse casado.
- E então Claire, como vai sua mãe? - Seu pai puxou assunto.
- Be-bem, apenas com aquelas dores nas costas que sempre teve. - Respondeu, notando mais do que os olhos do pai sobre ela. Era desconfortante não conseguir falar direito na própria casa por causa de um homem!
- Achei que ela já tinha resolvido esse problema. Pois, como sabe, nós não estamos mais na idade de passar dores excessivas. - O senhor disse e logo bebericou o suco.
- Eu já disse isso para ela, até comentei sobre cirurgia, mas ela não quis. - Claire deu de ombros e olhou de relance para Travis, que comia sem se intrometer na conversa.
- E você minha filha? Casou? - Claire quase engasgou com a pergunta, jamais se casaria.
- Não papai, estou me dedicando no trabalho, bem, estava. - Ela disse evitando encarar os dois na mesa.
- Hm, já devia ter se casado, ainda mais agora que está com vinte e três anos e...
- Vinte e cinco. - Corrigiu.
- Foi isso que eu disse.
Claire revirou os olhos.
- Como eu estava dizendo, devia aproveitar que está jovem para arranjar um bom marido que cuide de você e... - Claire automaticamente ficou surda, pois odiava os comentários machistas que seu pai fazia as vezes. - Não é mesmo Travis?
Como é? Seu pai estava pedindo a opinião de um estranho sobre como dirigir sua vida?
- Bem... - Travis olhou para Claire e depois para Hector. - Eu...
- Está vendo? Até Travis concorda comigo.
Claire quase riu diante da expressão confusa de Travis, afinal, ele não havia nem mesmo começado a resposta.
Seu pai possuía esse modo de interromper os outros e colocarem à seu favor.
Assim que Claire olhou para ele novamente, notou que estava se levantando.
- Obrigado pelo jantar Hector, e foi um prazer te conhecer Claire. Vou me retirar agora, pois preciso fazer algo. - Então acenou com a cabeça e saiu da mesa indo em direção a saída da casa. Claire o seguiu com os olhos e ficou claro que suas palavras de antes sobre ser um prazer tê-la conhecido, não foram tão verdadeiras.
Era casado, só podia ser isso.
Claire depois de jantar e fazer suas higienes foi para o quarto. Pegou um livro sobre engenharia que costumava ler e se deitou na cama. Iria sentir falta do trabalho e principalmente de sua mãe.
Folheou as páginas e depois de alguns minutos se entediou, estava enjoada de ler sobre isso todos os dias.
Levantou determinada a explorar o quarto de seu pai, pois por causa das dores nos rins, ele possuía alguns livros de literatura no quarto para ler até o remédio fazer efeito e enfim poder dormir.
Foi até o corredor e olhou as horas num relógio ao fundo: Oito e quinze. Cedo, seu pai provavelmente estava na cama ainda acordado. Então, Claire foi em direção a porta do quarto do pai e deu algumas batidas. Nada. Franziu o cenho olhando ao redor e reparou um local novo na casa. Havia uma porta marrom que antes não possuía no corredor. Claire concluiu que devia ser o quarto de Travis.
Suspirou fundo e girou a massaneta do quarto de seu pai e assim que entrou notou uma diferença absurda de antes.
Havia fotográfias desconhecidas sobre o criado-mudo ao lado da cama e também, várias camisas com tipos diferentes de xadrez dobradas sobre a cama de casal. Estranho, pois seu pai não usava xadrez.
Claire foi até a cama e olhou em baixo dela para pegar logo os livros e se retirar, porém, a caixa onde ficavam não estava lá.
- O que está fazendo aqui? - Claire deu um pulo de susto e se virou para encarar Travis, que estava com os braços cruzados e encostado na porta. Estava sem o chapéu, revelando o cabelo castanho escuro que estava molhado; vestia uma camiseta branca e uma calça de moletom marrom.
- Você sempre costuma dar sustos nas pessoas? - Claire mal acreditou em seu próprio tom de voz.
- Não quando elas estão fora do meu quarto. - Ele retrucou e Claire enrubesceu arrependendo-se de ter perguntado. Havia se enganado de quarto. Mas como? Jurava que era ali onde seu pai dormia.
- Ah, me desculpe, eu jurava que...
- Tudo bem. - Ele a interrompeu. - Eu sei que o quarto de seu pai ficava aqui, mas por ser pequeno o médico exigiu um quarto maior para os utensílios médicos.
Estava explicado. Claire suspirou aliviada e foi em direção a saída do quarto quase voando. Travis estreitou os olhos e a deixou passar.
- Boa noite. - Ele disse antes de fechar a porta.
- Boa noite. - Claire respondeu quase querendo se enterrar no chão pela vergonha. Voltou para o quarto e até perdeu a vontade de ler.
Além de bonito precisava ser intimidante?!
Conviver com esse homem seria sua derrota, refletiu Claire enquanto se esforçava para dormir e não ficar pensando na pose sensual de Travis na porta.
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Lá vai mais um cap :v
Acompanhem porque tem muita coisa ainda para acontecer :3
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O Cowboy
RomanceClaire, não mais uma criança puritana, mas sim uma mulher de bons objetivos, resolve viajar para cuidar do pai que está iniciando o tratamento hemodiálise em sua fazenda chamada Rancho Campbell. Mas além de novas experiências também há um novo funci...