Era sábado, o dia em que o pai de Claire sairia cedo de casa e iria até depois do centro da cidade, na clínica do Dr. Ryan para a hemodiálise, o que o faria ficar o dia todo fora e por segurança, poderia dormir na clínica e chegar pela a manhã em casa.
Claro, Claire estava ciente de tudo isso pois ocorria toda a semana, porém, seu pai não estava ciente do que ocorreria hoje, tanto que antes de sair, havia dito para Travis ficar de olhos bem abertos nela. Tão inocente!
Com um sorriso perverso, Claire se desviou de tais pensamentos e tentou focar no espelho em sua frente.
- Não ficou bom. - Disse Júlia ao seu lado com uma das mãos no queixo. - Acho que dificilmente vai encontrar algo no meu guarda-roupas que lhe caia bem.
- Obrigada Júlia, acho que com seus comentários estou ficando cada vez melhor. - Claire falou irônica. Júlia riu.
- E o que podemos fazer? Minhas roupas são do tempo passado, você precisa de roupas que combinem com você.
- E onde acha que eu posso encontrar? - Claire perguntou enquanto fazia caretas ao se ver com um vestido mega florido e de mangas compridas. - Preciso tirar isso.
- Bom, apenas na cidade, ou então... - Júlia fez uma expressão pensativa.
- Na cidade não dá mais tempo, já estamos a quatro horas caçando roupas, agora já devem ser umas cinco horas da tarde. E outra, não tenho quem me levar. - Suspirou. - O que tem em mente?
- Já sei quem pode te ajudar.
Um brilho de esperança se formou nos olhos de Claire.
- Mary. - Júlia disse.
- Quem é Mary?
- A esposa de Marcus oras. Não a conheceu?
- Não, tem certeza de que ela pode me ajudar? - Claire indagou preocupada, essa tal Mary era sua última esperança.
- Absoluta! Você já sabe como chegar lá, é aquela casa perto do lago. Eu até iria com você, mas mal consigo andar, imagine cavalgar!
- Tudo bem Júlia, muito obrigada! Você é como uma segunda mãe. - Claire lhe beijou na bochecha e tratou de se apressar em trocar de roupa.
Logo, já estava montada em Narsha, e ao ver Travis conversando com o que parecia ser Marcus, acelerou o trote.
Amarrou a égua em uma árvore alguns minutos depois e foi até a casa. Do lado de fora, Claire viu um garoto brincando de tacar pedras em o que parecia ser um ninho de passarinho. Intrigada, se aproximou.
- Ei, garoto. - Disse em tom baixo, precisava falar com Mary.
O garoto que parecia ter seus nove anos a encarou, e Claire ficou surpresa com seus olhos azuis.
- Sua mãe está aí? - Indagou. O garoto concordou com a cabeça. - Poderia chama-la pra mim?
Em questão de segundos o garoto disparou para dentro da casa e voltou segurando a mão de uma mulher que aparentava ter seus quarenta anos. Porém, era linda. Seus olhos azuis com certeza foram passados para o garoto, e o cabelo castanho escuro também.
- Posso ajudar? - Ela perguntou observando Claire com cuidado. - Oh, você deve ser Claire, como vai?
- Como soube? - Claire quis saber.
- Marcus. Ele me fala sobre tudo e todos que aparecem por aqui, e falou muito sobre você e Travis.
Claire enrubesceu. O que poderia Marcus estar sabendo sobre ambos a ponto de contar a esposa?
- E-eu e Travis? Como assim?
Mary riu.
- Está tudo bem, agora vejo como Marcus tinha razão sobre vocês. Venha, vamos entrar e tomar um café, assim lhe explico tudo. - Ela sorriu e se direcionou a porta.
- Oh, me desculpe, será que podemos deixar o café para outra hora? Eu preciso que me ajude em uma coisa. - Claire gostaria muito de uma conversa e um café com aquela mulher que parecia ser um doce, mas não possuía muito tempo.
- Sendo assim, entre do mesmo jeito que lhe ajudarei no que precisar.
Claire a acompanhou e sem reparar em muita coisa, logo contou o que precisava.
- Claro que lhe ajudo, devo ter alguns vestidos que vão lhe cair muito bem. - Mary disse se direcionando ao quarto e abrindo o guarda-roupas.
- Obrigada. - Claire agradeceu. - Juro que vou lhe recompensar.
- Que nada! Não precisa disso, é um prazer ajuda-la, me faz lembrar meus velhos tempos com Marcus, onde saiamos sem se preocupar com a hora, e hoje, temos uma família unida.
Claire realmente queria acreditar que em todos os momentos uma família era unida, mas os acontecimentos em sua vida provavam o contrário.
- Achei! - Mary exclamou e lhe mostrou um vestido azul escuro de seda e alças finas. - Experimenta.
Mary fechou a porta do quarto e puxou um espelho de trás da mesma, colocou-o em frente a Claire depois de vestida.
- Está linda! O azul combina muito com você. Gostou?
De fato, Mary tinha razão, o vestido azul lhe deixava com aparência mais madura e realçava os contrastes de seu corpo.
- Está perfeito! Não sei mais como te agradecer, muito obrigada Mary. - Claire segurou em suas mãos.
- Não foi nada, e a propósito, fique com ele, é um presente. - Mary disse com um sorriso.
Quanta gentileza numa pessoa só! Marcus tinha uma perfeita esposa.
Quando ambos se despediram na porta, Claire avistou Marcus se aproximando.
- Enfim se conheceram não é? - Perguntou.
- Sim, e ela é bem mais simpática do que havia dito. - Disse Mary.
- Eu agradeço Mary, mas você é um amor de pessoa.
- Tudo bem, já vi que se deram bem. Agora, acho que Claire está meio atrasada para algo. - Marcus disse com um sorriso zombeteiro nos lábios e Claire logo soube que com certeza, era Travis que o deixava a par de tudo o que acontecia.
Quem diria, Travis falando sobre ela!
Com um sorriso de canto, Claire se apressou e voltou para a casa, e depois de um banho, se trocou; fez um rabo em seu cabelo e vestiu salto preto. Para finalizar, um batom claro.
Quando estava pronta, já eram seis e quarenta da noite, será que Travis estava pronto? E se ele não estivesse vestido socialmente como ela? Que vergonha seria.
Claire suava frio, então, sentou-se na cama e esperou faltar três minutos para as sete. Chegado a hora, se levantou e saiu no corredor, dez segundos depois, Travis também.
A troca de olhares foi intensa, como se um analisasse o outro.
Claire, envergonhada, corada, e até mesmo quase morta, não soube que adjetivos dar àquele homem. Ele vestia terno! Um cowboy usando terno.
Estava com seus cabelos tipicamente molhados e seus olhos verdes, brilhavam mais do que nunca. Seu terno, era preto e sua camisa, branca. Ele usava uma gravata de laço e o resto da roupa, já conhecemos.
Sua admiração frenética, foi cortada pela voz grave.
- Boa noite. - Ele disse ao chegar até ela.
- Bo-boa noite. - Ela respondeu sentindo faltar ar em seus pulmões.
Como era lindo!
_________________________________________MAIS UM!
Espero que gostem!
Ah, e se gostarem, digam tudinho!
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O Cowboy
RomanceClaire, não mais uma criança puritana, mas sim uma mulher de bons objetivos, resolve viajar para cuidar do pai que está iniciando o tratamento hemodiálise em sua fazenda chamada Rancho Campbell. Mas além de novas experiências também há um novo funci...