CAPÍTULO 49

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Martina acordou no dia seguinte com um bilhete ao seu lado

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Martina acordou no dia seguinte com um bilhete ao seu lado. Jorge havia avisado que tinha saído. 

Ela se sentia disposta.

Se arrumou, tomou café, e resolveu ir ver Seth.

Passou algumas horas com o cavalo, mas ainda não se sentia pronta para montar nele de novo.

Estava caminhando pelo jardim, quando Jorge apareceu — voltando da cidade —, montado em seu cavalo.

Ele sorriu, correspondendo ao sorriso dela, e desceu do cavalo, que seguiu seu rumo com um capataz da fazenda.

Ele a beijou brevemente, e a acompanhou em sua caminhada.

Mas a chuva que desatou os obrigou a voltarem correndo para o estábulo, aos risos.

— Olha só você. — disse Jorge, afastando o cabelo molhado dela de seu rosto.

Em seguida, tirou seu terno e colocou em volta dos ombros dela. Os dois se encararam por um segundo, mas logo tiveram outra crise de riso.

O cabelo curto de Jorge gotejava água.

Assim ficaram por minutos.

Ela se sentou em um muro do estábulo, e Jorge se sentou em um banco alto que tinha ali, perto dela.

Martina estava perdida em seus pensamentos, quando Jorge começou.

— Não quero que tenha rancor. — disse ele, olhando para frente, como se estivesse sozinho — O que tive com Capitu foi mais que amor… foi uma obsessão. Uma doença.

— Não tenho rancor, não agora. — concluiu ela, olhando-o.

— Eu era um adolescente, não sabia nada da vida. Meu pai me venerava… eu tinha tudo, Tini. Tudo, menos limites. E então, ela apareceu. E era a coisa mais atraente, mais excitante, que eu já tinha visto na vida, e eu era um menino, ainda. — disse ele, olhando a chuva. — E eu, me apaixonei por ela. Eu já estava acostumado com a ideia de me casar com você. Você era linda, e eu era… superficial. Mas, eu me apaixonei por ela, e tudo perdeu o sentido. Era ela.

— Sempre há um momento onde você pode parar. Um momento, ou um minuto, antes de estar tudo perdido. O momento onde você sabe, que se sair agora, vai superar. Houve esse momento para você

— Deve ter havido, mas ela não deixou que eu percebesse. — disse ele — Capitu, era mais mulher do que eu era homem. Me seduziu, levou os meus sentidos, e eu estava preso. — admitiu ele — Mas, ainda havia você, e eu lutei contra todo mundo, mas não adiantou. Eu era a emoção, e eles eram a razão, me chamando. Então, eu quis fugir. — ele engoliu seco — Eu não me recordo direito, mas lembro que minha mãe apareceu, e eu perdi o controle da situação. Só lembro que, na tentativa de resolver as coisas, surgiu uma dor sufocando na minha cabeça, e eu apaguei. Quando acordei… — ele hesitou — Estavam as duas mortas. — ele respirou fundo — Naquele dia, de certa forma, eu morri também. — admitiu ele — Eu passei dias trancado em casa, sentindo a minha dor. Meses depois, comecei a me reeguer, mas eu não era mais o mesmo. Eu não tinha sentimentos. Não sentia alegria, amor, felicidade, compaixão; só tinha ódio. Eu aceitei o meu destino, e aceitei você. Capitu estava morta, que sentido fazia eu ir contra meu pai? Então, eu estava voltando para casa, após ficar mais um dia até tarde trabalhando, e ao passar em frente a sua casa, um vulto loiro corria desesperadamente, ou melhor, corria de mim. — ele sorriu de canto com a lembrança — Eu já havia visto você antes daquilo, mas, você era pequena. E agora estava crescida. Estava linda, mesmo suando, e ofegando como estava. 

— E, então, você me odiou. — concluiu ela, olhando-o.

— Odiei. Odiei com todas as forças que eu tinha. Porque eu olhava nos seus olhos e via ela. Capitu não suportava você. — ele fez uma careta — E eu, prometi a mim mesmo, que eu faria da sua vida um inferno. Um inferno, tal qual era minha vida. Mas, como vimos, você com o seu dom de irritação, e persistência, não deixou, e eu me odiava, porque eu amava você. — ele riu de si mesmo — Eu machuquei você. Eu te feri. Eu te fiz sentir dor… mas, nada funcionou. Era você. Eu queria ser amável com você, mas toda vez que eu tentava, era ela quem eu via.

— Você superou isso. — afirmou ela, ainda olhando-o.

— Creio que sim. Durante anos montei aquele santuário para ela, no terceiro andar. Eu cuidei dele, como se cuida de um filho. Mas, depois que você chegou aqui, eu não tive mais vontade de voltar. — ele hesitou — Capitu estava grávida, Tini. — admitiu, amargo.

Para Martina, aquilo foi como receber um belo soco no meio da cara.

Um filho;

Morto.

Ela ergueu as sobrancelhas, aturdida.

— Não quero que isso sirva de desculpas por tudo o que eu te fiz. Não vai haver perdão. Mas, era meu filho. Era minha mãe. Era minha mulher. — Martina assentiu, pensativa — Nós vamos melhorar, petit. Um dia, irei mandar desocupar o terceiro andar, e tudo estará bem. Eu te prometo. — ele se aproximou dela, e a abraçou de lado, e ela retribuiu o abraço.

Agora Martina sabia como aquela pedra fora plantada no lugar do coração dele. Mas ela cuidaria disso, ela o faria feliz. — Prometeu a si mesma.

Meu bem, e a Mercedes? — Jorge sorriu, desfazendo o abraço.

— Eu odiei você porque você me lembrava a Capitu; mas, a Mercedes… — ele riu, brevemente — A Mercedes é a cópia perfeita de minha mãe. Era como olhar para um fantasma. Mas, aí você chegou — ele tocou o nariz dela —, e me obrigou olhar a menina andar pela casa, sapateando com as roupas, e calçados novos. — Martina riu do deboche dele.

— Eu estou com frio. — murmurou ela, um tempo depois, se abraçando ao marido, de novo.

— Vamos para casa. — disse ele, puxando ela do muro, e a abraçando pelo ombro.

Martina o abraçou pela cintura, e eles se lançaram sobre a chuva fraca, rumando para mansão.

Martina o abraçou pela cintura, e eles se lançaram sobre a chuva fraca, rumando para mansão

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PECADO - JORTINIOnde histórias criam vida. Descubra agora