Capítulo 05

2.5K 160 17
                                    


Alfonso se trocou, pondo um moletom mais confortável para dormir, arrumou algumas coisas na mala, e ficou sem sono. Haviam edredons luxuosos e travesseiros fofos no sofá, dobrados, para ele. É claro que se Anahí pedira o quarto reservado para "Anahí Uckermann e esposo", só havia uma cama de casal. Ele se sentou, pensativo. Ventava lá fora. Assim que o vento parasse a chuva viria. Era nesse momento que Max, se ainda vivo, viria até ele e se sentaria em cima de seus pés, um grande cobertor de pelos, ou então apenas se encostaria nele. Pobre Max. Ele apanhou a garrafa de uísque que ficara na mesinha de centro e se serviu, indo novamente para a varanda... Sem saber, novamente para a visão da policia, que estava arisca.

Se debruçou na varanda, muito a vontade, pensativo, tomando seu drink. Se Anahí tivesse pedido para ele encarnar Alexander Pierce, ele não seria tão natural. Ele pensou naquela noite. Nas conversas dos dois, nela perguntando se ele conseguiria aceitar os dois lados de alguém que amasse. Ele não sabia se seria capaz; nunca pensara nisso. Relacionamentos iam e vinham, mas era só atração física, nada que o fizesse pensar em ficar. Atração física... Ele se lembrou do vermelho dos lábios dela antes que ele a beijasse, do corpo delicado pressionado em seus braços. Tomou um bom gole do uísque, olhando o canal... E terminou achando mais. Havia outra porta de vidro, que dava pra dentro do quarto dela. As cortinas estavam abertas. Ele inclinou a cabeça, observando. O casaco dela estava em cima da cama, e do lado havia um roupão. Ela ia entrar ou tinha saído do banho. Então ela saiu do banheiro, tirando os brincos das orelhas, descalça, a seda do vestido se arrastando pelo tapete. Largou os brincos na mesinha do lado da cama, apanhando um pequeno elástico. Ela pegou os cabelos com as duas mãos, enrolando-os em um coque alto e o prendeu. Curioso, o vestido tinha costas nuas. Ele não reparou nisso, sendo que o cabelo dela cobria tudo, mas tinha. Então, fazendo-o erguer as sobrancelhas, ela levou as mãos a lateral do corpo, buscando o zíper delicado... E o abriu. O vestido se afrouxou e ela soltou as alças dos ombros, deixando-os cair aos seus pés. Estava de costas pra ele, o que só o permitia ver a curvatura farta do corpo, protegido apenas pelo sutiã e calcinha brancos... E ela levou a mão ao feche do sutiã, abrindo-o. Então Alfonso, com um esforço que beirava tortura, virou o rosto de novo. Não podia espiá-la assim. Era infantil. Mas foi uma luta pra conseguir manter o rosto na água do canal, pra não se permitir olhar novamente, só mais um minutinho... Ele virou o copo de uísque de vez na boca, se prendendo a queimação na garganta, e saiu dali, fechando a porta.

Na manhã seguinte...

Quando Alfonso acordou já havia uma bandeja de café da manhã lá. O quarto vazio e o bilhete no carrinho de café avisavam que Anahí havia saído. Ele tomou um banho, se vestiu, e terminava de ler o jornal quando ela voltou. Não disse onde havia ido. Havia ido confirmar sua tese: O mundo agora pensava que Alfonso Herrera era Alexander Pierce. Missão cumprida. Ela se sentou no sofá em frente a ele, o rosto com menos maquiagem que ontem, os cabelos soltos, usando um vestido tomara que caia, de linho grafite. Ele ergueu a sobrancelha, esperando ela virar o rosto, mas ela se manteve encarando-o, um sorriso ameaçando surgir em seu rosto. Ele abaixou o jornal, aquilo era uma queda de braço. Após quase um minuto ela riu, um som gostoso e leve, e desviou o rosto. Ele se recostou no sofá de novo.

Anahí: Dormiu bem? – Perguntou, puxando assunto.

Alfonso: Perfeitamente. – Disse, dobrando o jornal. Estava em Frances, ele pouco entendia – Está frio lá fora. – Disse, se referindo a chuva que caía, violenta.

Anahí: Ainda vai piorar. – Disse, se permitindo distrair olhando a chuva pelas portas fechadas.

Alfonso: Então... Quem é ele? – Anahí o olhou. Alfonso apontou com a cabeça para o buque de rosas atrás dele.

Anahí: Ah. – Ainda era meio cedo. Ela não queria apavorá-lo agora, acabara de comer. – Bom, é um amigo.

Alfonso: Um amigo que te manda diamantes e flores? – Debochou.

Anahí: Digamos que eu sei escolher minhas amizades. – Ela deu de ombros – É um amigo a quem eu devo a vida. Com certeza ele imaginou que eu viria para cá, então me presenteou. – Disse, simples.

Alfonso: É cada vez mais confuso. – Disse, o cenho franzido.

Anahí: Logo se esclarecerá. – Disse, quieta – Você realmente não sabe nada sobre Alexander Pierce? – Sondou.

Alfonso: Não. Não faço idéia. Porque você fica me perguntando isso? – Perguntou, exasperado.

Anahí: Nada. – Disse, dando de ombros. Ela se levantou, dando as costas a ele – Por favor, me avise se for sair. – Ou melhor, não saia sozinho.

O Turista (Livro 01)Onde histórias criam vida. Descubra agora