Capítulo 17

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Christopher: E então? – Perguntou, ao vê-la entrar na mansão.


Anahí: Tudo bem. O deixei dormindo, na Grécia. – Disse, quieta – Eu estou cansada. Vou me deitar. – Christopher assentiu.



Anahí subiu as escadas, entrando direto pro quarto. Tomou um banho, lavou o cabelo e vestiu um roupão preto, felpudo. Abriu seu armário, em busca de um comprimido que a fizesse dormir, mas ao invés disso terminou achando uma camisa dele ali. Nos últimos dias, quando ele achava que iam se casar, os dois dormiam juntos, de forma que várias coisas dele foram parar ali. O perfume estava vivo, como se ele tivesse acabado de tirar. Anahí não agüentou. Não agüentou a dor, não agüentou a vontade que tinha de voltar correndo e alcançá-lo antes que acordasse. Caiu de joelhos no chão, já aos soluços, com a camisa dele nas mãos. A apertou, trazendo-a ao rosto, aspirando o perfume vivo, e a aliança reluziu em seu dedo. Estava doendo. Ela optaria pela dor da morte do que a essa. Fechou os olhos, o corpo se sacudindo pelos soluços do choro abafado, e viu o verde dos olhos dele em sua frente. Ouviu seu riso, sentiu o gosto do beijo, o toque da pele... Ela ia enlouquecer.



Jogue sua alma por cada porta aberta.
Conte suas bênçãos para achar o que procura...



Ela tinha que ser forte. Tinha que agüentar, por ele. Puxou na cabeça os protestos dele contra o que ela fizera, ele lhe esmurrando, dizendo que ia se entregar a policia... Mas se lembrou da primeira noite, do jeito atrapalhado com que ele apontara o revolver pra ela, dizendo ele que ia lhe matar. Doeu ainda mais. Ela rastejou no chão pra longe da camisa dele, se agarrando com o edredom da cama. Mal conseguia respirar perante ao choro compulsivo.



Christopher: Anahí... – Disse, parado na porta.



Anahí: Vá embora, Christopher. – Disse, ocultando o rosto e tentando conter o choro.



Transforme meu sofrimento em ouro,
Me pague com gentileza e colha aquilo que plantou.

Christopher: Eu vou buscá-lo. – Disse, condoído.


Anahí: Não! – Protestou, os olhos vermelhos encarando-o, o rosto encharcado com as lagrimas.


Christopher: Olhe só pra você. – Disse, quieto.


Anahí: Deixe-o em paz, é pro bem dele. Eu vou ficar bem. – Christopher negou com a cabeça – Vá embora, Christopher! – Pediu, mas ele fechou a porta, entrando no quarto.


Nós poderíamos ter tido tudo.
Nós poderíamos ter tido tudo, tudo, tudo...


Christopher abraçou Anahí. Ela relutou no começo, mas no final se agarrou a camisa dele, deixando aquele choro que açoitava sua alma a consumir. Ela o amava. Ela o queria de volta. Ela precisava deixá-lo ir. A perspectiva de não vê-lo mais a apavorava, não quando ele fora tão seu! Parecia que nada seria capaz de apaziguar aquela dor, nunca.


Um bom tempo depois Anahí ainda chorava, o rosto delicado vermelho, a camisa de Christopher encharcada. Ele tinha o rosto sério quando a soltou de sua camisa, encarando-a, e ela assentiu, quase em um pedido. Uma dor aguda atingiu a nuca de Anahí e ela desmaiou, grata pela inconsciência sem dor. Christopher a carregou, deitando-a na cama, cobrindo-a e secando o rosto maltratado pelas lagrimas. Ela não sofreria, pelo menos não nas próximas horas.

O Turista (Livro 01)Onde histórias criam vida. Descubra agora