Capítulo 16

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Dias se passaram a partir dali. Anahí entregou a identidade de Alfonso quase que em uma bandeja. Ele continuou seguro em seu conto de fadas, dentro da cúpula, inocente dos passos que ela dava. Ela apenas o disse que precisariam viajar dentro de alguns dias.



Ian: O que você está fazendo? – Perguntou, observando-a.



Anahí: Lavando os pratos. – Disse, tranqüila, as mãos afundadas na pia.



Ian: Derrubou o doppelganger. – Anahí parou, olhando pra frente. - Katherine acabou de me avisar. – Ele ergueu a mão com um pequeno papel.



Anahí: Estou apenas livrando-o dessa sujeira toda, antes do casamento. – Disse, tranqüila.



Ian: Ela é ladra e mentirosa. – Condenou, cruzando os braços – O que está fazendo, Anahí? A essa altura devem estar providenciando o exílio de Alfonso do país. Você tem noção? Christopher sabe disso?



É claro que sabia. Ela cuidara para que ele fosse exilado, de forma que uma vez fora do país ele não poderia mais voltar. Não poderia voltar até ela, não poderia voltar a mansão... Não poderia voltar.



Ian: Ele está arrumando as malas, feliz e contente... E você vai simplesmente chutá-lo? –Perguntou, indignado.



Anahí: Não é assunto seu, Ian. – Disse, dura.



Ian: Isso é crueldade!



Anahí: ME DEIXE EM PAZ! – Disse, se virando, e o azul de seus olhos estava atordoado. – Não se envolva nisso, por favor. – Pediu e saiu da cozinha, desabalada... Já com um rumo.


Sexta-feira estava deitado no canto do quarto e Alfonso guardava algumas roupas na mala. Nunca sabia quanto tempo levaria pra voltar, então estaria preparado. Anahí entrou tranqüila no quarto e sorriu ao vê-lo se arrumar.



Alfonso: Aconteceu algo?


Anahí: Nada demais. Apenas um pequeno imprevisto, vamos precisar nos adiantar. Tudo bem pra você? – Ele assentiu, dobrando uma calça – Iremos amanhã. – Finalizou. E o pior, ele aceitou.


Anahí e Alfonso partiram na manhã seguinte. Alfonso estranhou o modo calado como todos se despediram e o modo apertado como Madison o abraçou na hora de ir. Os dois foram a Paris primeiro mas não pararam, foram direto para o aeroporto. Alfonso viu a policia lá, mas ignorou. Foram direto para a Grécia, sem conexões.


Chegando lá Anahí deu alguns telefonemas e mandou Alfonso abrir um champanhe para os dois. Ele o fez, e esperou. Ela voltou da sacada, sorrindo, e serviu as taças, dando uma pra ele e uma pra ela. Se beijaram por um bom tempo, e ele tomou a taça toda... Que pena.



Alfonso: Não estou me sentindo muito bem. – Disse, se soltando dela e passando a mão na têmpora. Anahí assentiu, se sentando também.



Anahí: Olhe para mim. – Disse, pegando o rosto dele – Eu posso ficar com isso? – Perguntou, mostrando a aliança pra ele.


Alfonso: Isso é seu, não seja idiota. – Disse, pressionando a têmpora. Sua pressão estava caindo – Anahí, eu vou desmaiar. – Constatou.


Anahí: Eu sei. – Disse, se levantando – Preste a atenção. Tem uma mala minha entre as suas. Uma cinza. – Alfonso franziu o cenho, absurdamente confuso – Nela há dinheiro, muito dinheiro, seus documentos, passagens de avião e a chave do seu apartamento em Londres.



Alfonso: De que diabo você está falando? Chame um médico! – Disse, franzindo o cenho. A taça escorregou da mão dele, mas ela a parou no ar, pondo-a na mesa.



Anahí: Volte a Londres, Alfonso. Volte ao seu hospital, a sua vida. Esqueça a mancha negra que eu e o meu mundo fomos na sua vida. Esse é o meu presente pra você. – Disse, acariciando o rosto dele – Meu Deus, eu te amo tanto! 



Alfonso: Você mentiu pra mim. – Constatou, cada vez mais tonto.



Anahí: É só o que eu faço, não é? – Perguntou, sorrindo de canto – Esqueça, Alfonso. Volte a sua vida. Sobreviva.


Alfonso: Eu não quero. – Rosnou, tentando se agarrar e não desmaiar. – Você não pode me obrigar.



Anahí: Já obriguei, sweetie. – Disse, acariciando o rosto dele.



Alfonso: Eu vou atrás de você. – Grunhiu.



Anahí: Você vai tentar, porque você é orgulhoso e turrão, e isso te torna tão meu. – Disse, sorrindo – Me esqueça. Esqueça tudo... Mas, se puder, não esqueça que eu amei você. 



Alfonso: Anahí... – Ele não conseguiu completar.


Anahí: Vai ficar tudo bem. – Alfonso caiu pra frente, inconsciente, e ela o amparou, deitando-o com cuidado na cama. – Obrigado, meu amor. – Agradeceu, selando os lábios com os dele.



Anahí voltou a França ainda naquela noite. Alfonso continuou desacordado. Exilado, perdido, abandonado. Pelos caminhos errados, mas com o final que ela planejara. Livre.

O Turista (Livro 01)Onde histórias criam vida. Descubra agora