Já estava quase chegando as minhas maravilhosas férias de verão. 3 meses sem se quer ter que acordar as 5:30 para ir à escola. Faltavam apenas 5 dias, ou seja, quase um eternidade.
Eu como tenho a sorte grande, criei algumas estratégias para sobreviver a minha própria vida. Por exemplo. Na minha casa sou eu e mais 4 irmãos e apenas 1 banheiro.
O que significa que eu tenho que acordar mais cedo e correr pra usar o banheiro. Então, aqui estou eu me arrumando. Passei uma base, me enrolei na toalha e quando sai dei de cara com uma fila.
- Finalmente, America. - falou a Kenna.
- Desculpa, aí gente. Eu nem percebi que tinha passado tanto tempo lá dentro.
- Tá, tá bom, agora saía do meio. Agora é a minha vez. - Então Gerald passou por debaixo das pernas da Kenna e se trancou no banheiro.
Minha família é um literal caso perdido. Corri pro quarto que eu dividia com a Kenna e a May. Coloquei um jeans, uma blusa qualquer e peguei meu casaco.
- Bom dia, pai! - disse animada, mas essa animação estava pra acabar. Bastou apenas a minha mãe entrar.
- Bom dia, gatinha! - meu pai disse e me deu um beijo.
- America, hoje você tem que ir trabalhar na lanchonete? - pergunta minha mãe inocente. Ela já sabia da resposta
- Hoje eu não tenho que ir à lanchonete. Por que? - disse mordendo a maçã.
- Que maravilha! Vai passar mais tempo comigo hoje no treino de balé.
A maioria das pessoas chamam isso de aula, porém para mim e para as bailarinas do Teatro Estadual de Carolina eram treinos, treinos mais pesados que os militares.
- Mas, mãe. Eu ia passar hoje na casa da Taylor. - lamentei.
- Que Taylor? - questionou minha mãe.
- A magrela loira que vem aqui quase todo final de semana. - Kota disse ao entrar na sala.- Aliás, vamos logo que eu não quero pegar metrô lotado!
- Estou indo. Vou só pegar a mochila com as minhas coisas do balé.
Subi as pressas e abri a porta do quarto de uma vez e a Kenna deu um grito.
- Tem mais gente nesse quarto, America! Eu estava pelada, sabia? - gritou comigo.
- Está bem, eu só vim pegar a minha bolsa. Pode se trocar.
Kota, saiu me puxando de casa. Passamos mais ou menos 15 minutos até a estação. Ao entrarmos nem nos sentamos.
Aqui em Illéa existem essas coisas ridículas, por exemplo como só quem tem direito de pegar metrô são as castas 2, 3, 4 e 5, a casta inferior sempre deve ceder os acentos as castas superiores, ou seja, temos que ficar em pé.
Eu adoraria viver em um lugar sem tantas desigualdades, afinal eu era apenas uma menina de 16 anos que sonhava em ser bailarina.
Descemos do metrô, naquele empurra, empurra todo. O Kota ia para a faculdade e eu ia pra Escola Estadual do Norte da Carolina.
- Ahhh! Amy, não sabe da última. Duvido que a s-e-n-h-o-r-i-t-a acerte? - era a Taylor, minha melhor amiga. Ela também era 5, mas o talento dela era diferente do meu. Ela tinha uma voz de anjo.
- O que foi? Arrumou um novo namorado? - ironizei, digamos que ela havia tido alguns relacionamentos, e quando eu digo alguns, eu quero dizer vários.
- Não sua idiota, o g-a-t-o do Príncipe fez 19 anos, ou seja?
- Aquela idiotice de seleção vai começar de novo. - disse com voz de tédio.
- E eu vou me inscrever e você vai comigo. - parei de andar.
- O QUÊ!!! Eu não vou com você. Ficou louca por acaso. E-u n-ã-o v-o-u para o outro lado do país contigo.
- Ia ser divertido. Sabe, imagina nós duas naquele Palácio, vivendo que nem princesas. Ein? - espremer os olhos e bateu de leve no meu braço.
- Vamos mudar de assunto. Não vai dar pra eu passar na sua casa hoje. - desta vez ela que parou.- Por que? Minha mãe falou que ia fazer até torta de morango. - lamentou.
- A minha mãe... falou que eu vou ter que ir pro Teatro hoje. Como não tenho trabalho, parece que eu ficarei 6 horas escutando Bethoven. - Ela riu.
- Sua mãe sabe como te torturar.
- Me torturar e o restante das pobre coitada da companhia.
- Mas como tudo na vida tem um lado bom... por um lado você quase morre de tanto dançar e por outro... ficou com esse corpão.
- Cala a boca, Taylor.
No caminho para a sala dos 5, isso mesmo até aqui na escola existem diferenças. Existem salas específicas para cada casta. A nossa é simplesmente a mais divertida, afinal todos os artistas estavam aqui!
Sentei na sala e disse " oi " para a galera da sala. O legal da nossa sala era que era bem unida. Todo mundo gostava de todo mundo. O professor entrou e passei a aula de álgebra inteira olhando o relógio.
VOCÊ ESTÁ LENDO
The Perfect Ballerina
RomanceE se a America não fosse cantora, fosse bailarina? E se ela tivesse entrado na seleção por outro motivo? E se na verdade ela odiasse com todas as forças o Príncipe?