Parte 1

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Todas as pessoas da minha escola, até mesmo os professores e auxiliares, julgam-me. Julgam-me por eu não ser feliz da mesma maneira que eles são. Julgam-me por eu esconder qualquer coisa que nunca quis partilhar com ninguém. Eu nunca percebi bem o que essas pessoas eram. Mas nunca liguei. Existe uma só pessoa naquela escola, que nunca me julgou. Nunca me olhou de lado… Mas também nunca falei com ele. Sei que o seu nome é Niall, não sei mais nada. Eu sempre gostei do seu feitio, mesmo não o conhecendo, eu soube ver que ele era boa pessoa. O seu jeito de ser para com os outros é lindo. É exactamente como ele. Lindo.

Até hoje eu tento ser forte com todas estas criticas lançadas para o ar, com estas pessoas mal educadas que se irritam comigo sem eu mesma saber o porquê.

Tinha começado a aula de educação visual. Eu tentava conter-me para não chorar. Toda a gente me criticou naquela sala. Uns risos pelo ar. Palavras trocadas... Tínhamos de ir apresentar à frente de toda a turma um trabalho sobre a nossa família em desenho. Foi horrivel. Horrivel porque eu não tinha um pai como todos os outros tinham. Não tinha um irmão para brincar como a maioria tinha. Eu só conseguia ver as pessoas a criticar-me naquela sala. Eu já sentia as minhas lágrimas a formarem-se.

-Professora, posso sair um pouco? – disse eu já correndo para fora dali sem me interessar minimamente com qualquer resposta da professora.

Antes de sair dali a correr, pude reparar que Niall olhava para mim seriamente. O único que não comentava com ninguém nada que fosse enquanto eu estava ali. O único que me ouvia com atenção. Sim, Niall é da minha turma. Mas eu não dei muita importância a isso. Por enquanto.

Pude reparar que já faltava pouco para que a campainha para sair tocasse. Talvez seja por isso que a professora me tenha deixado sair.

Quando estava prestes a sair do portão do colégio, senti alguém tocar-me suavemente no ombro. Virei-me ainda com lágrimas nos olhos.

- Carolina… Não chores. – disse aquele rapaz que eu tanto elogiava, fazendo uma caricia no meu rosto. Aquele rapaz que eu sempre me perdia a olhá-lo.

Eu não pronunciei qualquer palavra. Mesmo que dissesse a coisa mais boba do mundo, eu não conseguia dizer nada. Nós olhávamo-nos nos olhos um do outro. Pude reparar que ele me olhava todos os traços do meu rosto. Como eu fizera com ele. Mas eu saí dali. Saí para bem longe. Saí sem dizer-lhe um “desculpa” ou um “obrigada”. Eu não conseguia. Não conseguia dizer nada. Aquele momento já estava a ser especial de mais. É. Quando as coisas para o meu lado começam a ficar assim, desconfio. Não me queria iludir mais. Não agora.

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