- Não Niall! Eu não vou mentir-te! Tu tens sido espectacular para mim, e eu não posso mentir-te! – disse eu virando-me para Niall que agora estava atento para ouvir tudo o que eu nunca disse a ninguém. – Bem, tinha eu sete anos quando estava a sair da escola sozinha, a pé. De repente sinto alguém a puxar-me com força. Levou-me para um sítio escuro, onde não passava ninguém. – parei para limpar uma lágrima – Ele abusou de mim. Ele conseguiu rasgar as minhas roupas. Conseguiu tudo em mim. – Niall limpou-me todas as lágrimas caídas no meu rosto – Niall, nessa altura os meus pais não estavam bem, e a minha mãe estava a trabalhar, como hoje. Mal vinha a casa. – suspirei – Ela não desconfia de nada. Apenas agora só sabes tu, e eu.
Eu continuei chorando, agora com as mãos na cabeça e meus braços apoiados às pernas. Senti Niall a aproximar-se de mim, abrindo seus braços para me aconchegar. Eu apenas encostei a minha cabeça no seu peito, apenas tentando ficar mais calma.
- Desculpa Niall… - disse eu mais calma
- Não tens de pedir desculpa Carolina. Eu é que tenho.
Virei-me para Niall e ele virou-se para mim. Senti ele a aproximar-se de mim lentamente. Eu apenas ficava ali, no mesmo sítio, esperando pelo que fosse acontecer. Os nossos lábios juntaram-se por longos minutos.
Niall afastou rapidamente os seus lábios dos meus. – Desculpa Carolina, eu não devia… - Saiu dali a correr, e eu apenas o fiquei olhando a sair pela porta.
Acordei, ali mesmo naquele sofá onde tudo tinha acontecido. Minha mãe me chamava para ir à escola. Depois de tudo o que aconteceu, tinha de enfrentar Niall.
Saí daquele sofá e fui arranjar-me para ir para aquele inferno. Fui à cozinha onde estava minha mãe. Dou-lhe um beijo e peguei numa maça para ir comendo no caminho.
Estava a entrar na escola, quando reparo que Niall estava com os seus amigos. Fiquei estática. Talvez só uns segundos, não sei, mas apercebi-me que não estava a fazer algo certo, por isso fui-me embora daquele sítio. Niall talvez me tenha visto, mas eu fugi. Mais uma vez.
A campainha tocou. Entrei na sala e sentei-me lá no fundo. Vi Niall a entrar e de seguida entrou a professora de Matemática. Ambos devíamos estar à procura do mesmo. Eu dele, e ele de mim. Talvez, não sei. Eu fiz de tudo para não olhar para ele. Quando o olhava, aqueles olhos bem azuis cruzavam-se nos meus.
Acordei dos meus pensamentos com alguém a bater à porta.
