Acordei bem cedo. Tinha aulas mais uma vez. Vi um pequeno papel na mesinha de cabeceira. Mas o que seria desta vez? Ia ler o papel quando minha mãe entra no quarto.
- Bom dia filha! – disse sorrindo.
- Bom dia mãe! – sorri – Olha, o que é isto? – perguntei-lhe.
- Isso estava à porta de casa. – sentou-se na beira da cama ficando agora ao meu lado – como tinha o teu nome e ainda estavas a dormir, deixei aí para não ter acordar. – disse ela.
- Hum… Está bem. – encarei a carta.
- Vou trabalhar filha. – levantou-se – se calhar chego tarde porque hoje vou saber se é rapaz ou rapariga. – disse passando as mãos pela sua barriga.
- Tudo bem… - disse eu indiferente
- Então, adeus! – deu-me um beijo na testa e saiu.
Eu não respondi. Apenas fiquei com meus olhos vidrados naquele papel. Eu tinha medo de o ler. Já se fazia tarde, por isso o que fiz foi deixar o papel no mesmo sitio que o encontrei. Arranjei-me e mais uma vez dirigi-me à escola. No caminho ouvi alguém assobiar, mas eu não liguei, apenas segui em frente, como tenho feito com todos estes problemas.
O dia passou rápido, mais uma vez Niall não me falou, e eu também não. Eu via-o sempre com seus amigos. Meu olhar por vezes ateimava desviar-se. Ele andava também bem próximo daquela rapariga ‘pop’ lá da escola. Essa rapariga que eu sempre detestei. Mariana! É esse o seu nome. Essa rapariga mimada que consegue tudo.
As aulas tinham acabado, e eu dirigi-me a casa. Subi rapidamente as escadas para o meu quarto, mandei minha mala para um sítio qualquer e sentei-me no mesmo sítio desta manhã, com o papel na mão. Aquele medo voltou a apoderar-se em mim. Não hesitando mais, abri o papel e comecei a ler.
“Olá princesa, sei que não nos conhecemos mas talvez um dia verás quem sou. Com muito carinho, Josh”
Minhas lágrimas ameaçavam cair. Eu ando a receber cartas de quem não conheço. E se Niall tem alguma coisa a ver com isto? Não, não pode ser. Ele não era capaz de me fazer uma coisa destas. Ou era? Ai! Que confusão! Eu só quero que tudo isto acabe, para sempre.
Fui dormir. Ou pelo menos tentar. Eu mal conseguia dormir, só de pensar que alguém me podia estar a ver sem eu saber…
‘Estava a andar até à escola, sentia passos de alguém, ao princípio não liguei. Olhei para trás e não vi ninguém. Já estava a estranhar, por isso acelerei o passo, mas eu ouvi os passos outra vez, desta vez a correr. Sinto algo a tapar-me a boca e só me lembro de ter desmaiado.’
- NÃO! Larga-me! – Baloiçava meu corpo de um lado para o outro.
- Calma filha! Foi só um pesadelo! – disse minha mãe abraçando-me
Eu chorei ali nos seus braços. E se aquilo tudo acontece-se? Se se tornar-se realidade? Eu não queria isso!
- Anda é cedo, não queres continuar a dormir? – perguntou minha mãe
- Não. Não consigo! Vai tu. – disse eu
- Eu tenho que ir para o trabalho daqui pouco. Ficas bem? – perguntou ela
- Sim mãe, também tenho de ir às aulas.
A minha mãe deu-me um beijo na testa e foi embora. Eu fiquei ali mais um pouco, a pensar no que me poderia acontecer.
Levantei-me da cama, tomei um banho e vesti-me. Peguei na minha mala, descia as escadas e voltei a pousá-la agora no sofá. Dirigi-me para a cozinha e arranjei qualquer coisa para comer. Saí de casa e fui dar uma volta por aí, ainda era cedo para ir para a escola. Vi Niall a andar com um rapaz ao lado. Talvez seu amigo. Os dois me olharam, o outro que eu não conhecia sorriu-me. Já me estava a sentir demasiado observada, por isso desviei-me para o outro lado. Foi a melhor solução.