Capítulo 4

8.2K 601 184
                                    

Darcy entrou em Lucas Lodge com uma certa apreensão.

A srta. Bingley e a sra. Hurst conversavam baixo entre si. Às vezes alguém se dirigia a elas, mas suas respostas não encorajavam as pessoas a continuarem a conversa. Bingley, o que não era nenhuma surpresa, se juntou à srta. Jane Bennet e lá ele ficou a maior parte da noite. O sr. Hurst se colocou junto à poncheira.

Havia alguns oficiais do regimento de Meryton. Darcy não tinha muito interesse por eles, e girava os olhos ao ver a maneira com que flertavam com as moças. Algumas delas pareciam gostar e incentivar suas atenções. Darcy assistiu a srta. Lydia Bennet desfilar escandalosamente pelo salão com sua irmã Kitty, como ela gostava de ser chamada, e alguns dos filhos dos Lucas. Mary sentou ao piano para tocar um concerto, um de seus favoritos, mas a pianista conseguiu fazê-lo desinteressar-se pela música.

Darcy passou a noite andando pelo salão, falando pouco, somente se alguém lhe dirigia a palavra. A única fonte de prazer que conseguiu encontrar aquela noite foi estudar a srta. Elizabeth Bennet.

Darcy, a princípio, mal havia lhe permitido ser considerada bonita; ele a havia olhado sem admiração no baile; e quando se encontraram a seguir ele a olhou apenas para criticá-la. Mas assim que ele deixou claro para si mesmo e para seus amigos que ela não possuía nenhum traço de beleza em seu rosto, começou a achar que a bela expressão de seus olhos escuros demonstrava uma inteligência incomum. A esta descoberta se seguiram algumas outras igualmente mortificantes. Embora ele tivesse detectado com um olhar crítico mais de uma imperfeição em sua forma, era obrigado a reconhecer que sua imagem era leve e agradável; e, apesar de sua afirmação de que as maneiras dela não se adequavam à sociedade que ele freqüentava, ele foi atraído por sua alegria e descontração.

Aproximou-se dela, enquanto ela conversava com o coronel do regimento, que parecia ser um homem agradável, embora sua esposa fosse muito parecida com Lydia e não merecesse atenção. A srta. Lucas também estava presente, mas sua atenção não parecia estar voltada à conversa. Ela o estava olhando - não como se o admirasse, mas como se tivesse notado algo nele ou em seu comportamento.

Darcy ouviu a conversa. Apesar do assunto não ser de seu interesse, sobre os oficiais organizarem um baile, tornou-se interessante pelas provocações divertidas de Elizabeth. De repente, a moça se dirigiu a ele.

- O senhor não achou, sr. Darcy, que me expressei particularmente bem agora, quando estava desafiando o Coronel Foster a nos oferecer um baile em Meryton?

- Com muita energia, mas esse é um assunto que sempre deixa uma mulher animada - ele disse, tentando encontrar uma maneira de responder e terminando por dar uma resposta um pouco tola.

- O senhor é muito severo conosco - respondeu a moça, sorrindo para ele com os olhos brilhantes.

- Logo será a vez dela de ser provocada - disse a srta. Lucas. - Vou abrir o instrumento agora, Eliza, e você sabe o que se segue.

- Você é uma amiga muito estranha! Sempre querendo que eu toque e cante na frente de toda e qualquer pessoa! Se minha vaidade tivesse se voltado para a música, você seria de muita ajuda, mas da maneira como as coisas são, eu realmente preferiria não me sentar diante daqueles que devem estar acostumados a ouvir os melhores intérpretes - ela disse lançando outro daqueles olhares indecifráveis para ele. Com a insistência da srta. Lucas, no entanto, ela acrescentou - Muito bem; se é para ser assim,que seja. - E lançando um olhar grave de relance a Darcy, ela disse - Há um velho ditado, que todos aqui certamente devem conhecer: "Guarde seu fôlego para esfriar seu mingau". Eu guardarei o meu para cantar mais alto.

O Outro Lado De Orgulho E PreconceitoOnde histórias criam vida. Descubra agora