Capítulo 15

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O Natal logo chegou. Darcy não viu Jane novamente, embora imaginasse que ela estivesse em Londres, provavelmente com seus parentes em Cheapside. A srta. Bingley e a sra. Hurst nunca mencionaram sua visita, e Darcy tampouco.

O período de festas trouxe mais convites para bailes e reuniões. Darcy foi a vários, em parte para animar o amigo, mas também para ajudar Georgiana a superar sua timidez. Obteve relativo sucesso em ambos os casos.

Sem que percebessem, já era Ano Novo. Darcy decidiu cuidar melhor de Georgiana. Mas ele também sabia que deveria haver um herdeiro para seu patrimônio e, portanto, resolveu encontrar uma esposa.

Darcy queria, acima de tudo, encontrar alguém que o amasse - não por Pemberley ou sua influência, ou seu rendimento anual de dez mil, mas por ele mesmo, uma mulher que se casasse com ele mesmo que ele fosse um mendigo. Infelizmente tais mulheres eram raras - nunca havia encontrado uma e se perguntava se seriam apenas um produto de sua imaginação. Darcy encontrara muitas srtas. Bingley em seus vinte e sete anos, todas de olho em sua propriedade e seus ganhos, sem se importarem com o que ele sentia. Ele já começava a perder as esperanças, e provavelmente teria que se resignar em se casar com sua prima Anne de Bourgh.

E assim, mais um ano se passara. Bingley voltou ao seu estado normal, mas ainda havia traços de tristeza; sua irmã não desistia de tentar atrair Darcy.

E o tempo passou.

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O primo de Darcy veio a Londres em Fevereiro. Estava feliz em vê-lo - o coronel Richard Fitzwilliam era muito bem-humorado e não se cansava de provocar seu parente mais taciturno.

- Darcy! Como foi sua visita a Hertfordshire? Conheceu alguma adorável jovem dama? - foram suas primeiras palavras.

Darcy riu e lhe serviu uma taça de vinho. Estavam sozinhos na mansão - Georgiana saíra para ver seu mestre de música, o sr. e a sra. Hurst e Bingley estavam fora e a srta. Bingley saíra sem dizer a ninguém aonde iria, mas não parecia muito contente.

- Conheci um grande número de moças, mas somente uma eu julgo merecedora do título 'adorável'.

- Ah, mas isso é uma novidade! Posso perguntar quem é a donzela?

Darcy sorriu para o primo, mas internamente repreendeu-se por se colocar nesta situação. O primo não o deixou mudar de assunto; não teve, pois, outra alternativa que não a de prosseguir no mesmo.

- É a srta. Elizabeth Bennet. É a segunda de uma família de cinco filhas.

Fitzwilliam sorriu. Ao ver que Darcy não continuava, disse:

- E...?

- Ela é bonita, gosta de uma boa conversa, é muito prendada, toca e canta muito bem.

- Tão bem quanto Georgiana?

- Não tanto, mas toca sem afetação e com tal facilidade que é um prazer ouvi-la.

- Que inusitado! Você admirando uma mulher, Darcy? Está apaixonado?

- Por que todos perguntam isso? Não, não estou.

- Bem, Darcy, se é esse o caso, o que você está fazendo aqui em Londres? Por que não ficou em Nethrfield para aproveitar a companhia da dama?

- Bingley estava começando a se ligar a uma moça e tivemos que vir para Londres para convencê-lo do erro de sua escolha.

Fitzwilliam permaneceu calado por um instante.

- Havia grandes objeções a serem feitas à moça, primo - Darcy acrescentou ao ver a expressão do primo. - Sua posição, seu parentesco, esse tipo de coisa.

- E qual foi a reação de Bingley?

- Não muito boa, mas foi pelo próprio bem dele. O casamento teria sido muito inconveniente para ele.

- Ah...

Logo passaram a tópicos mais leves. Darcy ficou aliviado com isso. Não queria se lembrar de sua conversa com Bingley, ou da tristeza de seu amigo.

- Não se esqueça - temos que visitar a tia Catherine em março.

- Ah, não. A Visita Anual - quando nossa tia insiste com as indiretas sobre Anne e eu, horas ouvindo-a falar - não, não me esqueci.

- Sinto pena de você, primo. Essa é a vantagem de ser um filho mais novo - não há nenhuma pressão quanto a casamento.

Darcy riu.

- Quando você quer partir?

- No final de março, o que fará com que a visita seja a mais curta possível.

- Sim, concordo. Não há nada que nos prenda lá, não é?

- Não, não há.

O Outro Lado De Orgulho E PreconceitoOnde histórias criam vida. Descubra agora