Capítulo 58

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Conclusão

Para um observador casual pareceria que, dos dois cavalheiros, Bingley era o mais ansioso para chegar a Longbourn, mas alguém mais observador poderia discernir a inquietude de Darcy. Enquanto Bingley fora o primeiro a montar em seu cavalo, adiantando-se alguns passos no caminho em frente à mansão, pedindo ao amigo que se apressasse, fora Darcy quem estivera esperando por dez minutos do lado de fora do estábulo até que Bingley se juntasse a ele. Este breve momento de solidão e a lenta viagem até Longbourn que se seguiu deram a Darcy a oportunidade de meditar sobre o que diria quando se visse mais uma vez frente a frente com Elizabeth Bennet.

É claro que não repetiria as mesmas palavras de abril. Aquelas palavras haviam saído de sua mente e não de seu coração.

– Mas o que tanto o aflige, Darcy? – indagou Bingley ao notar que Darcy não pronunciara mais que dez palavras durante toda a manhã.

– Nada importante.

Darcy não podia se abrir com o amigo sobre suas esperanças e sonhos. E se Elizabeth o recusasse uma segunda vez? Não arruinaria a felicidade do amigo com notícias de sua própria desventura.

Mas e se ela aceitasse?

Darcy sorriu com o pensamento, mas humildemente negou com a cabeça. Não se deixaria levar por expectativas.

Para variar, não havia ninguém à janela esperando pela chegada deles. A família Bennet sem dúvida já se acostumara às visitas do sr. Bingley, embora não estivessem esperando que o sr. Darcy tivesse vindo também. A criada anunciou os dois cavalheiros e os encaminhou à sala de visitas onde as mulheres da família estavam sentadas. Darcy pode ver Jane, suas feições ainda mais belas com a chegada de Bingley, mas sua atenção se fixou imediatamente em Elizabeth.

Ela o olhou de relance, apreensiva, mas sem nenhum antagonismo. Ela não sorria e parecia incomodada com a presença de Darcy, embora talvez estivesse esperando que ele viesse.

Antes que a sra. Bennet pudesse falar, Bingley propôs que eles caminhassem. Quer ele soubesse das intenções do amigo ou, o que era mais provável, apenas quisesse ficar a sós com Jane, Darcy ficou contente com a sugestão de Bingley. Mas a felicidade de ter um momento de privacidade para falar com Elizabeth foi reduzida pela concordância da srta. Catherine em acompanhá-los no passeio. Mesmo assim, era melhor do que permanecer na casa, com a presença de tantas outras.

Tentando apaziguar o ritmo das batidas do próprio coração, Darcy se colocou inconscientemente ao lado de Elizabeth. Ela não lhe dirigiu o olhar, mas aceitou a posição de Darcy a seu lado. Sua irmã mais nova os seguia mais atrás enquanto Jane e Bingley, absortos em si mesmos, tomavam a dianteira. A estrada para Meryton não era longa o suficiente para pedir o uso de uma carruagem, mas era suficientemente longa para dar tempo a Darcy de organizar seus pensamentos e tomar uma resolução. Mas a presença da srta. Catherine o impediu de prosseguir com seu plano.

Não podia evitar lançar olhares à sua bela companheira de passeio. O chapéu dela escondia a maior parte de seu rosto e dos belos olhos que ele tanto admirava, mas os cachos escuros de Elizabeth escapavam pelos lados, fazendo Darcy desejar que ela tirasse o limitante chapéu e deixasse que seus cabelos experimentassem a liberdade de seu espírito. Numa das vezes seus olhos se encontraram com o da moça e ele logo os desviou para a estrada à sua frente.

Muito pouco foi dito por qualquer um dos três. Jane e Bingley agora já iam em grande vantagem à frente e não mais tinham noção do que se passava atrás deles. Darcy imaginou que a srta. Catherine tinha medo de falar enquanto Elizabeth se sentia muito desconfortável. Ele mesmo não conseguia dizer mais que monossílabos, envolvido em seus pensamentos sobre como formular seu pedido.

O Outro Lado De Orgulho E PreconceitoOnde histórias criam vida. Descubra agora