Capítulo 33

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Reconciliação

Fiel à sua palavra, o sr. Gardiner chegou a Pemberley ao meio-dia. O sr. Darcy e o sr. Bingley o aguardavam ansiosos na sala de visitas, suportando bravamente os comentários irônicos da srta. Bingley e suas reclamações sobre os convidados que teriam no jantar. Felizmente, a entrada do sr. Gardiner a silenciou e, após os cumprimentos, os homens, com exceção do sr. Hurst que ainda almoçava, saíram em direção ao rio. 

Escolheram um dos locais que Darcy recomendara ao sr. Gardiner dois dias antes. Sem demora, o sr. Gardiner, o sr. Darcy e o sr. Bingley já se puseram à vontade na margem do rio, conversando enquanto esperavam que a isca fosse mordida. Infelizmente, os peixes não pareciam querer colaborar – vários pequenos exemplares foram pescados, mas tiveram que ser devolvidos à água – e foi somente uma hora depois de terem lançado suas linhas que Bingley conseguiu puxar a sua de volta, carregada com uma grande truta.

– Imagino se este belo espécime de peixe adornará nossa mesa esta noite? – indagou o sr. Gardiner.
Darcy refletiu. 

– Creio que sim. Minha cozinheira pode fazer maravilhas com ele. – Voltou sua atenção à própria linha, que teimosamente se recusava a fisgar qualquer coisa.

– É bom saber – disse o sr. Gardiner – Confesso que aprecio imensamente uma boa refeição.

Bingley ergueu os olhos, depois de examinar sua presa. 

– Hurst também, embora me pareça que ele come mais do que seria saudável.

– Quando se chega à minha idade, meu jovem, os prazeres mais simples se tornam muito importantes – riu o sr. Gardiner. – Contanto que se coma de maneira saudável, uma pequena indulgência não fará nenhum mal.

– Exercícios ao ar livre também não fazem mal a ninguém. Minha prima tem uma saúde muito delicada e, por isso passa muito tempo dentro de casa. Creio que lhe faria muito bem arriscar-se a sair mais freqüentemente, como faz sua sobrinha – disse Darcy. – Estimo que a srta. Bennet tenha passado bem esta manhã? – questionou o mais casualmente possível.

O sr. Gardiner o encarou com uma expressão interrogativa. Ele sorriu, como se soubesse de algo que Darcy desconhecia. Bingley já havia colocado outra isca em seu anzol, e lançado sua linha novamente. O barulho da água soou incomumente alto com o silêncio que se seguiu à pergunta de Darcy.

– Para dizer a verdade, comecei a me preocupar, esta manhã, com a possibilidade de que ela estivesse se adoentando. Não se preocupe – completou apressadamente ao ver a expressão aflita de Darcy – ela me assegurou que estava muito bem e que atenderia ao compromisso desta noite. Só pensei que talvez estivesse adoentada porque nos últimos dias ela tem estado muito calada e esta manhã comentou que ficara insone por duas horas inteiras pensando em... – o sr. Gardiner interrompeu o que dizia. – Não sei dizer o que a manteve acordada tanto tempo, pois não me contou.

Isto não foi suficiente para diminuir a aflição de Darcy, que o questionou sobre quando estes sintomas haviam aparecido.

– Pensando bem, desde que o encontramos naquela tarde em que visitávamos sua propriedade.

A afirmação levou Darcy a uma profunda reflexão. Estava certo de que Elizabeth não estava doente (se estivesse, jurou fazer tudo que estivesse ao seu alcance para ajudá-la a se recuperar.) De alguma forma, ele sabia que sua mudança repentina de comportamento causara em Elizabeth uma impressão muito estranha. Juntando a isso a carta que ele lhe escrevera meses antes, imaginou que os sentimentos dela em relação a ele deveriam ser bem confusos.

Mas o que ela sentiria por ele? Com certeza não era ódio; seria amizade? Mais que amizade?

Será que tenho o direito de esperar mais que amizade da parte dela? pensou. Só Deus sabe o quanto a amo. Devo pedir-lhe mais do que amizade?

O Outro Lado De Orgulho E PreconceitoOnde histórias criam vida. Descubra agora