A festa estava insuportavelmente chata, eu tinha que manter um sorriso no rosto e eu estava sendo uma pessoa que não sou, ainda tenho que aturar a frieza do Gustavo durante toda noite.
- Quero ir embora. - Sussurrei em seu ouvido.
- Só mais um pouco e vamos. - Ele respondeu friamente, como fez toda a noite. Respirei fundo. - Já volto.
Ele se levantou da mesa e caminhou até a casa, após alguns minutos dentro, resolvi ir atrás, estava demorando demais. Adentrei a sala de estar, e dei de cara com o Gustavo inclinado sobre a Jamile, tudo indicava que ele estava ensinando ela a jogar sinuca, mas ela estava roçando nele e ele com um sorriso cínico no rosto. Respirei fundo. Ele falou algo no ouvido dela e ela riu. Eles estavam tão vidrados no que estavam fazendo que se quer notou minha presença.
- Gustavo, estou indo embora. - Falei em alto e bom som.
Os dois me olharam, ela tinha um sorriso de vagabunda e ele estava um pouco espantado.
- Vamos daqui a pouco. - Ele disse se afastando dela e fixando seu olhar em mim.
- Não vamos mais tarde, eu vou agora. Com ou sem você. - Virei as costas e cruzei a porta. Ouvi o mesmo chamar meu nome, mas ignorei.
Passei rápido pelo jardim, ignorando os olhares, parei até de sair e tirei meus sapatos, segurei-os em minha mão e continuei andar. Gritos me chamaram atenção e eu olhei para trás, Gustavo estava vindo atrás de mim.
- Larga de ser criança. - Ele disse sério, com um olhar me repreendendo.
- Você está me ignorando simplesmente porque eu não quis fazer o que você queria, e eu que sou a criança aqui? -Gritei chamando a atenção das pessoas. - Mesmo você sendo um idiota, eu vim por você. Eu não sou isso. - Apontei para roupa que estava vestindo. - Você não me conheceu sendo isso. E eu só aceitei por você, para chegar aqui, você ficar se esfregando com aquela vagabunda. Talvez você se mereçam. - Ele me olhou espantando. E eu comecei a rasgar meu vestido, rasguei todo ele até ficar somente de lingerie.
- Antonella eu...
- Não quero saber. Quero que você para o inferno, curta essa merda de festa que eu hoje não quero mais ver a sua cara. - Gritei e virei de costas.
Todos estavam nos olhando. Mas quer saber? Foda-se. Um belo de um foda-se. Estou pouco e importando. Sai andando, vi um táxi e dei um sinal para o mesmo. Ele me olhou surpreso, não é normal ver uma menina de lingerie andando pela rua ou pegando um táxi. Dei o endereço do meu antigo apartamento, assim que chegamos, eu desci.
- Um minuto senhor. - Corri até a portaria. - Seu Manoel, senhor pode me emprestar um dinheiro para pagar o táxi?
- Claro. - Ele sorriu e tirou duas notas de sua carteira.
- Obrigado. - Peguei o dinheiro e voltei para o táxi, entreguei para o taxista.
Em seguida subi até o apartamento, toquei a campainha inúmeras vezes. Até que o Bruno atendeu. Ele me olhou de cima a baixo.
- Não me irrita também não, saí da minha frente. - Empurrei ele e entrei me jogando no sofá.
- Que merda é essa Antonella? - Levi perguntou meio que rindo.
Expliquei toda a situação e Bruno balançou a cabeça em desaprovação.
- Gustavo não aprende nunca.
- Eu quero mais é que ele se foda. - Bufei.
- Bota uma roupa e vamos beber. - Ouvi a voz da Melissa saindo do quarto.
Coloquei uma roupa da Melissa e seguimos um luau. Fazia um tempo que já estamos aqui, já se foram algumas doses de tequila e dois cigarros de maconha. Estou leve feliz e.... Sei lá o que eu to. Só sei que a vida é muito linda.
- Já está chapada Antonella? - Ouvi a voz do Bruno e sorri.
- Sempre. - Respondi em meio a risos.
- Se não fosse pelo meu irmão, você seria uma boa canditada para ser minha primeira namorada.
- E quem disse que eu ia te querer?! - Perguntei rindo e ele fez uma cara de ofendido.
- Nossa, essa doeu lá na alma.
- Dramático.
- Ele gosta de você, só é burro. Peguei a esperteza toda da família.
- Coitado. - Dei uma gargalhada.
- Se dependesse de você eu não teria auto estima, por que né?!
- Só sou sincera meu querido.
- Isso suou meio falso.
- O que?
- O querido.
Revirei os olhos e levantei.
Sai andando pela praia sozinha, encontrei Levi enroscado com uma menina, que eu nunca vi antes na vida. Elisa estava atracada com um menino loiro, bonito até, e bom eu estou aqui, bêbada, chapada e brigada com o único homem que conseguiu me fazer sentir alguma coisa.
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Califórnia Azul
RandomEla colorida, ele preto e branco. Ela balada, ele escritório. Ela agitada, ele quieto. Ela impulsiva, ele calculista. Ela sorri o dia inteiro, ele metade mal humurado. Ela agora, ele mais tarde. Ela vive, ele sobrevive. Ela doce, ele amargo. Ela pre...