Capítulo 4

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"Êxodo da grande cidade,
Completei maior idade,
Vou morar junto do mar.
Deixar pra trás velhas paisagens,
Que trago nas tatuagens,
Das lembranças de um lugar.
Num arco-íris preto e branco,
Sentimentos nada francos,
Sorriso familiar.
Quero um amor pra todo dia,
Sem pensar na despedida,
Pra poder voltar a sonhar.
Que venha com,
Cabelo solto,
Sorriso fácil,
Despreocupado,
Dar um abraço,
Poder me desligar.
Linda morena,
Feições amenas,
Faço os meus versos,
Como um poema.
Sem fazer vezes pra vaidade,
Prezo a minha liberdade,
O meu direito de sonhar.
Eu sei de todas desvantagens,
E também de todos males,
Quando a saudade apertar.
Quero ser livre como vento,
Intenso como o momento,
De um casal sobre o altar.
Dar um sentido pra minha vida,
Sem viver numa mentira,
Pra poder voltar a sonhar."
- Maneva

++

Não consegui dormi por mais de duas horas, por mais que meu corpo estivesse cansado de passar horas naquela cadeira nada confortável. Ouvi batidas na porta.
- Pode entrar?! - Era voz da Maria Júlia.
- Pode. - Respondi.
Ela abriu a porta do quarto com uma bandeja na mão.
- Trouxe seu almoço, barra lanche. - Ela disse rindo e colocou a bandeja no meu colo.
- Obrigado meu amor. - Segurei a bandeja.
- Vai para hospital mais tarde?
- Vou sim. - Peguei o garfo e comecei a comer.
- Você não vai mandar a Antonella embora, vai?
- Eu não sei, ela se envolveu com drogas Maria Júlia. Como vou confiar nela para cuidar de vocês?
- Mas pai... Ela só teve um dia ruim, ela precisa descansar. Você podia leva-la na viagem para casa da vovó né?
- Vamos com calma Maria Júlia. Levar ela na viagem? Por que eu faria isso? E depois a gente conversa sobre isso, vou falar com ela quando ela estiver melhor.
Ela assentiu e ficou em silêncio. Voltei a comer e ela saiu do quarto, terminei de comer, e já estavam marcando cinco horas da tarde, levantei e fui tomar banho, coloquei uma roupa qualquer. Peguei a bandeja e saí do quarto, deixei a mesma com as coisas na cozinha.
- Estou indo para o hospital!
- Ta bom. - Maria Júlia respondeu.
- Tranca essa porta quando eu sair, você já conhece as regras, não preciso repeti-las. - Falei.
Ela assentiu, dei um beijo na testa de cada uma e abri a porta do apartamento, e sai. Desci pelo elevador, cheguei no estacionamento, peguei meu carro e dei partida no mesmo. Minha mente estava uma viajem na realidade, eu estava preocupado, irritado e com raiva, na realidade era uma mistura de sentimentos que eu nem sabia explicar. Estacionei o carro e desci do mesmo, assim que cheguei no elevador, e para minha surpresa, Jamile estava lá dentro.
- Boa noite! - Cumprimentei-a.
- Resolveu falar comigo?
- Nunca deixei de falar. - Falei indiferente.
- Achei que você fosse mais do que parece ser. - Ela jogou o cabelo e saiu do elevador, revirei meus olhos e apertei no andar onde eu iria descer.
Abri a porta do quarto em que a Antonella estava, estava um menino sentado que eu não me engano é um tal de Levi.
- Boa noite!
- Boa noite! Ela está no banheiro com a enfermeira, já deve estar voltando. - Ele disse e eu assenti.
Não demorou nada e ela saiu do banheiro, assim que me viu ela deu um sorriso torto.
- Estou indo tá?! - Ele disse para ela e a mesma apenas assentiu. - Amanha eu volto. - Ele se aproximou e deu selinho nela e em seguida um beijo na testa.
Não gostei de vê aquilo, me incomodou digamos assim. Mas lógico que isso não ciúmes, eu só não gostei. Ele saiu do quarto, a enfermeira ajudou ela a se deitar e aproximei-me da cama.
- Como você está? - Perguntei.
- Estou bem agora. - Ela suspirou.- Melissa disse que passou a noite aqui ontem.
- Pois é, passei.
- Por que? - Ela sendo direta como sempre.
- Porque eu fiquei preocupado. - Ela me olhou e deu um sorriso. - Que foi?
- Gostei de saber que ficou preocupado comigo, só isso. - Ela disse e deu mais um sorriso.
- Mas eu não gostei de saber o porque de vim parar aqui. Não tenho nada haver com a sua vida, mas olha onde você veio parar. - Coloquei minhas mãos no bolso.
- Eu sei. - Ela abaixou a cabeça e começou a mexer em seus dedos. - Eu não sou nenhuma viciada eu só exagerei.
- Assim que começa Antonella, você está muito nova ainda, para perder a vida para esse tipo de coisa.
- Está parecendo meu pai falando, cruzes. - Resmungou. - Você vai me demitir?
- Eu não sei ainda, você é má influência para as meninas. - Respirei fundo. - Mas eu estava pensando em uma coisa, estou querendo viajar para casa de campo dos meus pais, se você quiser vim junto, vai ser bom para você descansar.
- Sério isso? Viajar com vocês? - Ela perguntou animada e eu assenti. - É claro que eu quero.
- Mas vamos esperar então você receber alta, depois vemos isso. - Ela assentiu.
- Posso te pedir uma coisa? - Eu assenti. - Me dá um beijo.
- Seu amigo que saiu agora já te deu. - Ergui uma de minhas sobrancelhas e virei as costas sentando na cadeira.
- Você está com ciúmes, ou foi impressão minha?
- Começou você e suas loucuras. - Revirei os olhos.
- Então vem me dá um beijo.
- Eu vou te beijar, quando eu quiser.
- Acha que sou fácil assim? - Ela cruzou os braços.
- Para mim você é. - Me gabei e ela me fuzilou com os olhos.
- Idiota.
Levantei e aproximei-me da cama, me inclinei, e selei seus lábios que estava com um bico de uma criança de no mínimo uns 5 anos. Ela segurou no meu rosto, e passou a língua no meus lábios, dei passagem para mesma, então iniciamos um beijo lento e devagar, não tinha malicia, afinal a situação também não permitia ter.

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