Just Love

9.

Beatriz

Os últimos três dias têm sido delicados. Desde aquele incidente com o Thomas que as coisas têm melhorado um pouco. Na manhã seguinte o Thomas acordou e o seu primeiro acto quando chegou à cozinha e me viu com o Harry e as irmãs a tomar o pequeno-almoço foi pedir desculpa abraçado a mim. Foi um abraço diferente do normal, pois senti que ele precisava dele para se sentir bem e em segurança. Apesar da distância para com o pai, ele pediu para nós nunca o deixarmos só. Nessa mesma manhã marcámos uma consulta com o psicólogo amigo da Jay. Eu e o Harry deixámos à escolha do Thomas se queria ir à escola nos dias próximos ao que ele disse que preferia ficar em casa. O Harry foi o primeiro a prontificar-se para justificar as faltas. Por falar em Harry, ele tem sido o melhor amigo que alguém poderia pedir. Além do excelente pai que demonstra ser. Quando digo amigo falo de coração, embora o amor que sinta por ele esteja magoado, pois antes de tudo somos amigos e essa é a base de qualquer relação. Naquela noite ele ficou na nossa casa e dormiu no sofá, mesmo eu tendo dito vezes sem conta que dormia eu com uma das nossas filhas e ele na nossa cama, que agora é grande demais para uma só pessoa. Tal como tudo que me relaciona com ele. Tudo fica sem grande sentido se ele não estiver. Nas nossas conversas temos evitado falar sobre o que aconteceu entre nós. Evitamos tocar no assunto Samantha e traição. Mas estamos a chegar ao ponto em que o vamos ter de fazer. Afinal apesar de casados não estamos juntos e começam a correr os boatos e rumores da nossa separação e de que a mesma é definitiva. Quanto à Samantha, sei que ligou ao Harry enquanto ele esteve cá em casa ontem. A Emma confirmou que o pai estava ao telefone com a mulher e que assim que desligou o telefone atirou-o para cima da mesa com grande raiva.
Hoje é dia da consulta do Thomas e ele pediu que eu e o pai o acompanhássemos. Foi estranho ele fazer o pedido ao pai, pois foi um pedido quase murmurado. Sei que o Harry se sentiu feliz com o pedido pois a relação entre pai e filho não anda pelo melhor e o maior medo do Harry é errar e acabar com o resto do amor que o Thomas tenha por ele. Assim ele aproxima-se devagar deixando o Thomas escolher, mas sempre mantendo-se a seu lado para o caso de ele precisar. Porque convenhamos que ambos são teimosos e não dão o braço a torcer sem mais nem menos.

- Mãe... - O Thomas fala descendo a escada enquanto veste o casaco.
- Sim.
- O pai está atrasado. Ele vai mesmo connosco certo? – Olho as horas e reparo que o Harry está mesmo atrasado.
- Ele disse que ia e normalmente ele não quebra as suas promessas. – Falo enquanto pego no telemóvel para ligar ao meu marido, ex-marido... Já nem sei...

Nem foi preciso chegar ao primeiro toque pois a campainha tocou e assim que abro a porta um Harry meio ofegante aparece.

- Desculpem o atraso, mas vim de uma consulta com a Samantha. – Fala meio baixo pois sabe o efeito do que acabou de dizer.
- Vamos embora. – O Thomas passa por nós e mal olha o pai ao que o Harry suspira.
- Está tudo bem com ela e com o bebé? – Pergunto trancando a porta atrás de mim.
- Sim. Apenas ecografia de rotina. – Assinto.
- Rapaz ou rapariga? – Questiono sentando-me no lugar do pendura assim que ele destranca o carro.
- Rapaz... – Fala entrando também no carro.
- Dispensava saber que vou ter um irmão daquela mulher. A Lottie e a Emma vão ser sempre as minhas prioridades. – O Thomas cospe as palavras que são o suficiente para eu sentir o Harry entristecer a meu lado.

O caminho até à clinica do Dr. Rick foi bastante silencioso. As palavras proferidas pelo Thomas para com o pai deixaram o ambiente tenso e bastante pesado. Mal entrámos no edifício, uma senhora bastante simpática perguntou se poderia ajudar. Dissemos que tinhas consulta marcada com o Dr. Rick em nome de Thomas Styles. Ela sorriu e pediu que aguardássemos na sala de espera até o doutor chamar. O Thomas fez questão de se sentar algumas cadeiras longe de mim e do Harry.