Beatriz
Agora encontro-me a olhar a minha pequena a dormir tranquilamente nesta cama de hospital. Apanhei um grande susto e por momentos pensei o pior. Ver a Lottie cheia de dores e com cara de choro cortou-me o coração. Senti-me impotente sem a conseguir ajudar.
Quando o Harry chegou e o abracei senti a segurança de volta e a paz de que te tudo ia correr bem. Quando os meus olhos encontraram os dele foi o suficiente para saber que independentemente de tudo o que aconteça entre nós ele vai estar sempre lá. Foi bom tê-lo cá e senti-lo por perto. Existe algo que nos liga de forma tão forte que tenho medo que possa escapar a qualquer momento. É estúpido eu sei, mas passámos por tanto que todos os pequenos gestos valem tanto, mas tanto. Amei ver os sorrisos dos meus filhos, sim o Thomas incluído independente de tudo, quando viram o pai neste momento, valeu e prevaleceu por tudo de errado que tenha acontecido.
Por momentos as palavras do Harry que não foi ele que me enviou os papéis pairam na minha cabeça e nem sei como reagir. Se por um lado quero acreditar, existe algo que me deixa de pé atrás. Não sei explicar.
Aqui e agora, encostada neste sofá desconfortável e observando a minha menina, noto como a vida pode ser tão injusta comigo, mas ao mesmo tempo me faz aprender com essa injustiça. Vejo a Lottie despertar ligeiramente e olhar-me com lágrimas nos olhos. Apresso-me a aproximar dela.- Que se passa meu amor? Dói-te alguma coisa? – Pergunto enquanto passo a minha mão nas suas bochechas limpando as suas lágrimas.
- Mãe... Posso perguntar-te uma coisa? – Assinto. – Tu já não gostas do pai?
- De onde veio essa pergunta agora? – Sou apanha desprevenida com a sua pergunta.
- Eu sei que vou ter um mano da outra senhora, mas eu não quero. Quero ser apenas eu, a Emma e o Thomas. Quero ter-te a ti e ao pai comigo. Não quero dividir o meu pai com mais ninguém a não ser contigo e com os manos. – Sento-me a seu lado e ela deita a cabeça no meu colo.
- Lottie, a mãe nunca deixou de gostar do pai. Aliás eu ainda gosto e muito. Mais do que queria ou deveria. Eu percebo que não queiras dividir as atenções com outro mano, mas pode ter a certeza que o pai vai estar sempre lá quando tu precisares.
- Oh, mas não é a mesma coisa. Todos os dias na escola me dizem que o pai já não gosta de mim e da Emma e que é por isso que ele saiu de casa.
- O pai adora-vos e vocês são a coisa mais importante da vida dele.
- Mas e tu? – Arqueio a sobrancelha. – Não gosto de te ver e ouvir chorar.
- A vida é complicada e os problemas que tenho com o teu pai vão resolver-se.
- Mas vocês vão separar-se. Eu ouvi a avó Anne falar com a avó Ellen sobre isso. Mas eu não quero mãe. Não quero ficar sem ti e sem o pai. Quero os dois juntos outra vez. – Fico de coração apertado de pensar que a minha filha tem este medo e insegurança.
- Mesmo que eu me separe do teu pai, tu e os teus irmãos vão poder continuar a estar com os dois. Vocês vêm sempre em primeiro lugar. – Ela assente ainda triste.
- Como é que tu e o pai se conheceram? – Sorrio com a pergunta e depressa o meu cérebro me transporta para a memória da altura em que me cruzei com o Harry nos corredores da faculdade.Vou em direção à aula quando no corredor choco com o grupo do Harry. O olhar da Inês fixa-se no do Niall, mas havia outro olhar em cima de mim.
-Vejam por onde andam. – O Harry diz meio rudemente.
- Desculpa. Isto é público e nós estamos atrasadas.
- Mais uma razão para verem por onde andam. – Olha-me profundamente
- Já pedi desculpa, ok? – Digo já meio alterada com a maneira como ele fala.
- Oh miúda tu sabes com quem estás a falar? – Pergunta com alguma fúria.
- Sim sei. Estou a falar com um idiota mal criado que me está a atrasar para as aulas.- E não voltaste a falar com ele depois disso?
- Nesse mesmo dia voltamos a falar sim, mas ele foi bruto comigo.
- A sério? Mas se ele gosta de ti como pode ser bruto com quem gosta?
- É, mas na altura ele ainda não sabia que gostava de mim. – Sorrio com a lembrança das nossas discussões constantes.
- Mas e como soubeste que ele gostava de ti?
- Estás muito curiosa. – Faço cara de espantada com tanta pergunta.
- Apenas quero saber como a história de amor dos meus pais funciona. – Rio com a sua frase.
- O amor nem sempre é um conto de fadas.
- Sim, mas a tua história com o pai vai ter um final feliz que eu sei. Mas agora conta-me mais coisas.
- E posso saber para que queres saber isso tudo?
- Porque todas vezes que falas no pai sorris e isso é tão bom. – Sorri para mim e eu abraço-a.
- Vamos mas é dormir que já é tarde e tu ainda estás a recuperar. Amanhã conto mais da minha história.
- Prometes? – Assinto e ela deixa-se aninhar no meu colo fechando os seus olhos e caindo num sono tranquilo.
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Just Love
Fanfiction"Porque tudo isso acontece nas nossas vidas? Porque a gente perde pessoas que amamos? Só queria ter as respostas de todas minhas perguntas, mais não tenho. Por mais que seja difícil ou dolorosas preferia descobrir, acho que seria melhor. Poderia até...