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Beatriz

Não sei que fazer em relação ao Thomas, à Emma e a toda a confusão em que a minha vida. Depois do que a diretora disse a respeito do meu filho e da maneira como ele se tem comportado na escola, fiquei com certezas que já não conheço nenhum dos meus filhos. Será que andei tanto tempo em volta nos meus problemas que me esqueci do mais importante. Esqueci que sou mãe e que os meus filhos são mais importantes que tudo o resto.
O Thomas não estava à espera que a diretora me contasse que ele tem faltado às aulas e que só vai às aulas de música. Que ele se inscreveu na audição para a entrada no conservatório e que é a única coisa que ele faz bem nos últimos tempos. Que se esforça sim, mas que o resto das aulas têm sido descuidadas. Contou que o Stefan também não é flor que se cheire e que o Thomas tem sido alvo de bulling por parte de alguns colegas. Mas o motivo é o mais estúpido de todos – ele ser um Styles e todos o compararem ao pai. Mal o meu filho sabe que também o pai errou quando tinha a sua idade e que isso danificou a relação com o Ben por muito tempo. Quanto à Emma, fiquei a saber que aquele professor de meia tijela a abordou mais que uma vez. Já Charlotte anda mais cabisbaixa e anda mais sossegada que o normal.
Agora eu penso... Onde errei?
O Liam por pouco não partiu a cara ao professor e se não fosse a Sophia fazê-lo perceber que não deveria agir assim as coisas poderiam ter-se descontrolado à séria. Quando saí da escola, saí com a promessa que o professor iria ser penalizado pela sua atitude. Mas também saí com a promessa a mim, mesmo de que iria colocar os meus filhos à frente de tudo o resto.

Chego a casa e o Thomas foi direto ao quarto onde se trancou. A Lottie puxou a irmã escada acima, mas não sem antes me darem um abraço. Por fim, fiquei eu e o meu fiel Zarry. Respirei fundo e sentei-me no sofá onde olhei em volta e apercebi-me que estou sozinha nesta jornada. Sinto o Zarry enrolar-se aos meus pés e sorrio pois a sensação de que mesmo sozinha, este meu fiel amigo continua do meu lado, como o fez durante todos os anos. Olho as horas e dou conta que mal comi hoje. Levo a minha mão ao meu ventre e lembro que não sou só eu agora. Com tantos acontecimentos mal tive tempo para cuidar de mim e deste pequeno ser que vai nascer. Oiço o toque da campainha e tento levantar-me, mas uma tontura se apodera de mim. Com alguma dificuldade lá chego à porta. Assim que a abro e dou de caras com aquele que me preenche o coração foi como se algo me atacasse e apenas lembro de ouvi-lo chamar o meu nome...

Harry

O meu nervosismo é total desde que cheguei a este hospital com a Bia desmaiada nos meus braços.

Mal a vi abrir a porta notei que algo estava errado e apenas tive a rápida reação de amparar a sua queda. O Thomas desceu a escada nesse instante assim como as minhas filhas. Era nítida a surpresa de me verem ali, mas a preocupação pelo estado da mãe era superior a tudo. Pedi que trouxessem a mala da Bia e um casaco para a levar ao hospital. Ainda tentei que eles ficassem em casa dos meus pais, mas os três se opuseram dizendo que a mãe era mais importante e que não a iriam deixar sozinha. Assim "corremos" até ao hospital e garanto que foram poucas as vezes que me lembro de passar sinais vermelhos e ultrapassar o limite de velocidade. Durante a viagem apenas me lembrava de quando a Bia perdeu um dos nossos filhos quando estava grávida do Thomas. Tentei ao máximo colocar essas memórias no passado, mas algo não me deixava esquecer isso. Algo que me deixa de coração nas mãos sem saber o motivo.

Agora aqui estou eu nesta sala à espera de notícias da minha mulher e do meu filho. Olho para a cadeira do outro lado da sala e observo o Thomas com a Lottie a dormir no seu colo e a Emma encostada ao seu ombro. Desde que cheguei ainda eles ainda mal olharam para mim. Encosto a cabeça para trás e fecho os olhos um instante, tentando controlar as lágrimas, mas não está fácil.
Oiço o meu nome e depressa me levanto vendo a Dr.ª Sophia entrar na sala. A cara dela não me mostra segurança o que me deixa mais preocupado ainda.

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