21.

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Beatriz

Naquele dia tudo mudou. Passaram duas semanas e sem dúvida que foram demasiado sufocantes. O Natal foi triste ao contrário do que se queria nessa altura, assim como a passagem de ano foi complicada. O Louis não aceita que o Harry tenha ido embora ou lá para onde ele foi. O Niall nem pode ouvir falar no nome do Harry que fica capaz de bater em alguém. O Liam e o Zayn são os únicos que estão calmos com a situação. O Liam sendo o mais sensato eu entendo, mas o meu irmão. O Zayn nunca superou o que o Harry fez e eu sei que ele esconde algo sobre o seu afastamento repentino de tudo e todos. Tanto ele como o Liam me dizem que o Harry teve as suas razões e para eu confiar nele, mas é complicado confiar em alguém eu nos magoa tanto. E com isto lembro uma das conversas que tive com a Dr.ª Kristina há muitos anos atrás, ainda o Jack er vivo.

"- Beatriz, eu só te quero ajudar. – Assinto a medo. – O que tu odeias? Odeias o Jack ou odeias o que o Jack te fez?
- Odeio o que ele me fez. – A minha resposta faz-se ouvir depois de pensar uns minutos."

Esta conversa não me sai da cabeça. Eu não odeio o Harry, muito pelo contrário. Mas dói. Dói muito amá-lo e saber que ele não está por perto para me amar de volta. Dou por mim a pensar em como chegámos a este ponto. Se ele era feliz comigo como diz? Porque se meteu com a Samantha? Porque se afastou de nós e não ficou por perto?
A minha confusão não se desfaz e tão pouco consigo concentrar-me no que está à minha volta. Olho em volta do meu gabinete e os meus olhos fixam a foto da minha secretária onde encontro os meus três filhos numa das fotografias. Os sorrisos deles vale mil sentimentos e não existem palavras para descrever o quão feliz estou por tê-los por perto.
Uma batida se faz soar na porta e eu murmuro um "entre" livrando-me dos pensamentos. Mal olho a porta nem quero acreditar quem por ela entra.

- Tu?! Mas que estás aqui a fazer? – Questiono engolindo em seco.
- Olá para ti também Beatriz. – Senta-se na cadeira à minha frente.
- Samantha diz logo o que queres. Eu já não tenho paciência para os teus jogos e para as tuas aparições repentinas.
- Não sejas assim. – Um sorriso sínico aparece na sua cara. – Eu adoro entrar quando menos se espera. Mas eu vou direta ao assunto.
- Fala.
- Eu venho por causa do Harry.
- Então vens mal. Eu não sei onde ele está. Foi-se embora na véspera de Natal e não mais deu notícias.
- Tens a certeza que não sabes? Acho estranho. Afinal nós vamos ter um filho. – Passa a mão pela sua enorme barriga.
- Não te estou a mentir. Agora se não te importas tenho mais que fazer. – Aponto para a porta.
- Ai, ai Beatriz. Receio que ainda te tenhas mais umas coisas a dizer, ou melhor mostrar. – Entrega-me um envelope com umas fotografias e umas cartas.
- Mas o que vem a ser isto.
- Minha querida, pelos vistos também andas metida em traições. O Harry vai amar saber disto.
- Tu és doente! Tenho pena que as tuas fontes estejam totalmente enganadas. – Sorrio ao ler que cartas são estas. – Se achas que isto me afeta estás muito enganada. Agora se não te importas sai. Tenho pacientes á espera e aquele pitbull da D. Antónia não gosta de esperar.
- Eu vou, mas se sonho que tu e o Harry estão juntos, essas cartas e fotografias vão parar às mãos dele. – Fala determinada.
- Pena que eu não tenha medo de ti.

Ela sai, mas não sem antes me enviar um olhar destruidor. O meu olhar recai sobre as cartas que ele deixou para trás e confesso que só me apetece rir. Ela é mesmo burra. Quer separar-me do Harry à força e nem dá conta dos erros que comete.
Agora que eu dava tudo para saber onde ele está e o que anda a fazer lá isso dava. Antes de atender a D. Antónia ainda tenho tempo para ir beber um café. Café, esse que não consegui beber pois apenas o simples tocar nos meus lábios é o suficiente para que fique mal disposta no minuto a seguir. Pego então numa garrafa de água e sigo de volta para o meu gabinete onde ao passar pela receção a Amanda, a nova rececionista, me envia um sorriso terno.

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