Beatriz
Acordar na manhã seguinte à noite que tive com o Harry foi um dos meus piores pesadelos. Lembro-me de levar a mão ao espaço a meu lado e sentir um frio devido a este se encontrar livre de qualquer corpo. Abro os olhos e vejo-me sozinha naquele quarto. Olho me volta tentando encontrar algo que me dissesse que a noite não tinha sido um sonho, mas a única coisa que encontrei foi mesmo um vazio. Ele foi-se embora sem dizer nada. Cada vez que estamos juntos tudo nos faz parecer tão certo e tão errado. Nem um bilhete, mensagem ou telefonema. Simplesmente naquela manhã ele evaporou-se. Respirei fundo tentando esquecer a dor e mágoa que poderia estar a sentir e levantei-me para dar início a um novo dia.
Passaram dois dias e o Harry não deu sinais de vida. Pelo menos não diretamente. Sei que esteve a lanchar em casa da Anne e tanto a Emma como a Charlotte amaram ter o pai com elas. Já o Thomas optou por se manter à distância nesse lanche e mal trocou duas palavras com o Harry.
Hoje o Thomas decidiu que queria voltar à escola e assim deixei-o no colégio depois de deixar as minhas pequenas. Sei que ele está desconfortável com este regresso, mas acredito que lhe vai fazer bem.
Agora aqui estou eu a caminho da clínica. O Michael pediu para falar comigo e assim pedi-lhe para ela ir ter comigo. Se há algo que eu tenho saudades é de estar com os meus amigos e conversar com eles. Ultimamente tem sido tão intenso que mal tenho tempo para mim quanto mais para eles. Mal me sento no meu gabinete uma batida na porta é ouvida e pela porta entra o Michael.- Bom dia Bia. – Fala sentando-se à minha frente.
- Bom dia Michael. – Respondo ligando o computador.
- Como estás?
- Bem. – Respondo engolindo em seco.
- Há quanto tempo trabalhas comigo? Dez anos? – Olho-o confusa. – Pois bem. Conheço-te há tempo suficiente para saber quando estás a mentir. E definitivamente estás a mentir.
- Eu estou a sufocar... - Falo olhando as minhas mãos.
- Alguma coisa com o Zarry? Com um dos miúdos? Ou será com o Harry? – Assim que ele diz o nome que ando a evitar o meu olhar ergue-se e prende-se nele.
- Estou cansada, Michael. Cansada de tentar amar alguém e ser forte. Cansada de ser mãe que os meus filhos querem e a mulher que todos esperam que eu seja. – Suspiro. – Esta situação entre mim e o Harry está a colocar-me doida, já para não falar nos problemas com os meus filhos. Todos os dias me pergunto onde eu errei. Onde errei para o Thomas ser quem é e para o Harry ter feito o que fez.
- Bia, não digas isso. Tu és uma ótima mãe e uma mulher extraordinária. Não te culpabilizes pelos erros dos outros.
- O Harry e eu dormimos juntos. – Falo prontamente.
- Como? – Pergunta surpreso.
- Sim. Ele estava carente e eu não sou de ferro. Aliás eu ainda o amo e muito. Mas depois ele nem estava lá quando acordei.
- Mas o que ele tem na cabeça? Não te condeno por teres estado com ele. Afinal tu ainda o amas e mesmo estando de for dá para ver que ele não te esqueceu.
- Então porque se enrolou com a Samantha?
- Samantha? Samantha Waters? – Fico confusa.
- Sei lá se ela é Waters. Por mim até podia ser o diabo a quatro que pouco me importa.
- Bia, sei que não gostas de falar sobre o assunto. Mas queres falar sobre o que se passou aquando da tua discussão com o Harry.
- Apenas eu tive mais uma vez ciúmes da Samantha. Já existiam semanas que eu via a maneira que ela olhava o Harry nas fotos e nas entrevistas e não estava a gostar. O Harry quando falámos disse que eu tinha de confiar nele e que eram coisas da minha cabeça. A discussão foi mais além e pela primeira vez tenho certezas que tanto as minhas palavras como as dele magoaram-nos ao extremo. Depois supostamente naquela noite foi quando ele dormiu com a Samantha e dois meses ou três ela reapareceu dizendo que estava grávida.
- Desculpa Bia, mas essa história tem pontas soltas. O Harry nunca colocou a ideia da Samantha estar a mentir?
- Olha Michael, o Harry não é nenhum santo e Darcy apenas existiu uma nas nossas vidas. Não acredito que alguém descesse tão baixo forjando uma gravidez.
- Tens razão, mas diz-me apenas mais uma coisa... A vossa zanga aconteceu quando exactamente?
- Inícios de Julho, porquê?
- Nada. Apenas para saber.
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Just Love
Fanfiction"Porque tudo isso acontece nas nossas vidas? Porque a gente perde pessoas que amamos? Só queria ter as respostas de todas minhas perguntas, mais não tenho. Por mais que seja difícil ou dolorosas preferia descobrir, acho que seria melhor. Poderia até...