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Harry

A festa da Sarah até correu bem. Houve momentos para tudo. Fiquei apenas com a pulga atrás da orelha com a minha conversa com o Zayn, mas não o recrimino por isso. Naquela noite quando regressámos a casa, o ambiente não estava tão tenso como há dias atrás. A Bia adormeceu no carro, assim como as gémeas e foi um filme para acordar cada uma para ir para a cama. Valeu a ajuda do Thomas, que apesar de estar calado a maior parte da viagem ainda trocou umas palavras comigo. Cada vez menos sei como me aproximar dele. Está bem que tivemos aquela conversa sobre a primeira vez de cada um de nós e ele até foi bastante descontraído na maneira de falar apesar de atrapalhado com o tema. Mas acho que ainda me falta tanto para o reconquistar. Sei que existe muito mais coisas que ele "esconde" de mim e da mãe. Exemplo disso é a situação dele com o Stefan. Aquele rapaz não é de confiança e sei que existe mais qualquer coisa por detrás da amizade dele para com o Thomas.
Já tentei abordar o assunto com alguns amigos do Thomas mas algo me diz que esta relação tem algo que não bate certo. O Stefan não pode simplesmente estar revoltado com o Thomas por ser meu filho. Isso não faz sentido.
Hoje calhou-me a mim fazer o jantar já que a Bia disse que ia com as nossas meninas fazer um treino de patinagem. Cada vez que me lembro dos tempos em que a Bia competia eu me encho cheio de orgulho. E pensar que a mulher que tenho a meu lado foi campeã olímpica de patinagem no gelo. A nossa história foi cheia de altos e baixos, mas foi isso que nos trouxe até aqui.
Agora aqui estou eu de volta dos tachos e panelas quando o meu telemóvel toca dando sinal de mensagem. Vejo ser uma mensagem da Georgina pedindo que ela possa falar comigo sobre a Samantha. Pois bem, essa praga da Samantha tem de ser desmascarada de uma vez. Tenho adiado o meu encontro com ela ao máximo. Mas já não o posso fazer mais. Ainda ontem ela me enviou mais uma das suas eternas mensagens fazendo ameaças e que não vou ver o meu filho se continuar com a Bia e os meus filhos. Ela apenas esquece que eu já tenho o meu trunfo na mão – Georgina. Rapidamente envio mensagem dizendo para vir a minha casa no dia seguinte ao que ela responde eu virá com todo o gosto.
Pousando o telemóvel e voltando à minha tarefa de cozinheiro, ouço a porta de entrada e as vozes das minhas mulheres se fazem ouvir. Sou surpreendido pelos abraços de cada uma das minhas pequenas.

- Pai, a mãe é uma boa professora mesmo. – A Emma fala brilhantemente.

Fico contente de ouvir o seu entusiasmo, pois desde o acontecido na escola ela pouco fala connosco e ficou ainda mais tímida do que era. Esse professor é outra pedra na minha vida. A escola acabou por suspendê-lo e apesar da queixa apresentada faltam as provas para ele ser preso. Só tenho receio que a polícia não arranje as provas e ele volte a aliciar outra criança.

- A mãe é mesmo muito boa patinagem. – Desta vez fala a Lottie.
- Meninas, só espero que não tenham cansado muito a mãe. – Olho a Bia que sorri.
- Harry correu tudo bem. Eu não abusei se queres saber. – Diz meio brava. – Vá meninas... Banho e depois trabalhos para jantarmos. – Elas caminham para fora da cozinha muito faladoras e observo a Bia encher um copo de água encostando-se na bancada da cozinha.
- O Thomas? – Questiona.
- No quarto a estudar não sei bem o quê. Chegou a casa, lanchou e fechou-se no quarto pedindo que só o chama-se para jantar.
- Hummm. Hoje a Sophie disse-me alguma coisa sobre uma audição.
- Achas que ele vai mesmo fazer a audição?
- Sendo ele filho de quem é? – Deixa um beijo na minha bochecha. – Acho que vamos ver o Thomas entrar no conservatório de música.
- Mas e como vamos fazer isso se nem sabemos quando vai ser.
- Deixa que eu pedi à Sophie e ao Ed para nos dizerem. Afinal também o Ed vai fazer a audição.
- Sério? Que vai ele tocar?
- Violino pelo que entendi. Bem, vou tomar banho.

Assinto, vendo-a sair na direção das escadas para o andar de cima. Fico curioso pelo motivo de o Thomas não dizer sobre a audição, mas vou respeitar. Já vi que com o meu filho tem de ser tudo muito cuidadoso pois corro risco de não voltar a ter uma relação de pai e filho com ele.
Olho novamente para o fogão onde acabo o jantar na companhia do Zarry que se mantém debaixo da mesa. É verdade que o velho Zarry está a ficar mais sossegado que o normal, mas a idade também pesa. Espero pelo menos que se aguente mais um tempo senão receio que vou ter uma dor de cabeça bem grande cá em casa. E apesar de eu adorar o Zarry por agora chega de problemas.

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