Just Love

22.

Beatriz

Abro os olhos e tento adaptar-me á luz branca presente. Olho em volta e vejo a Dr.ª Sophia presente na sala. Depressa o meu pensamento passou de confusão para uma certa reticência sobre o porquê da doutora aqui estar.

- Olá Beatriz. – Ela sorri para mim. – Pregaste-nos um susto.
- Que aconteceu? Porque eu estou aqui? Aliás porque está você aqui? – A minha cabeça roda com tantas perguntas.
- Calma. – Eu assinto. – Tu desmaiaste e a tua família trouxe-se para cá. Mas a principal pergunta eu respondo. Eu estou aqui porque o Dr. Robin me pediu. Ambos vimos as tuas análises e tenho uma boa notícia para ti.
- Boa notícia?
- Tu estás grávida. – Choco com as suas palavras.
- Gávida?! Eu... Mas... - Começo a ficar preocupada.
- Estás de dez semanas, mas com o teu histórico já sabes que a tua gravidez não é fácil. – Uma lágrima corre pelo meu rosto e apresso-me a limpá-la. – Não chores. – Pelo que os teus amigos me contaram tu e o Harry não estão bem. Só quero saber se queres continuar...
- Sim quero!. – Digo prontamente. – Eu jamais iria tirar a vida a uma criança. Além disso... Esta criança é algo que me liga ao Harry e isso eu não abro mão.
- Eu sabia que não irias desistir de continuar com a gravidez, mas tive de perguntar. – Assinto. – Queres que chame alguém?
- Quem está lá fora?
- Os teus filhos e alguns amigos. Mas sabes que as crianças não te podem ver. Apenas o Thomas.
- Eu sei. Pode chamar o Thomas? – Assente e sai do quarto dando-me um sorriso terno.

Fiquei pensativa. Levo a mão ao meu ventre e mesmo que não queria um sorriso é inevitável. As memórias da última noite que tive com o Harry vêm ao meu pensamento como se tivessem acontecido ontem, ou até hoje.

"- Como queres que tenha calma? Tudo está virado do avesso na minha vida. Eu traí-te e engravidei uma mulher que é uma chata do pior e que me sufoca a todo o instante. O meu filho mais velho está zangado comigo e mal me fala. As minhas filhas estão a crescer e eu estou longe delas. Os meus amigos estão de pé atrás comigo assim como a tua família. Até a minha mãe está meio Chateada comigo pelo que fiz. E como se não bastasse existes tu... - Suspira limpando as lágrimas e levantando-se ficando de costas para mim. – A mulher que amo e pela qual eu faria tudo para a ter de volta a meu lado. Tenho saudades tuas. Saudades de falar contigo, de rir contigo... Saudades do teu beijo e de estar nos teus braços e de te ter nos meus... Tenho saudades de nós... Mas burro, acabei por estragar tudo...
- Harry... - Tento, mas sou interrompida no mesmo segundo.
- Mas sabes o que dói mais? – Vira-se de frente para mim e posso ver os seus olhos verdes demasiado cristalinos devido ao choro. – Chegar a casa e não te ter lá para partilhar os bons e maus momentos do meu dia. Não ter ninguém à minha espera. Alguém que me ame como tu amas. Eu juro que tenho tentado manter-me à distância de ti e do que sinto por ti, mas dói tanto. Dói muito ver que em breve vai querer que eu fique bem longe de ti e da nossa família.
- Harry, tem calma. Ninguém te vai pedir para ires embora. Não estás a ser racional.
- Racional?! – O seu sorriso é irónico. – Racional é querer-te e não te poder ter. Será que não vês?... - Aproxima-se de mim e faz com que eu me levante ficando uma distância bem pequena entre nós. – Será que não vês que é somente tu que eu quero? Que és somente tu que eu amo? Não consegues ver que dói? Dói... Apenas dói... - Afasta-se ligeiramente e desvia o seu olhar do meu."

...

"- Não quero que te arrependas do que estás a fazer. – Ele diz e parece que o álcool se está a esvanecer no seu corpo.
- Apenas temos de fazer pouco barulho, pois temos três crianças em casa. – Encosta-me à porta trancando-a enquanto nos beijamos.
- Prometo que vamos ser silenciosos. – Beija-me intensamente. – Afinal somos peritos nisso. – Ri-se e eu empurro-o gargalhando de seguida.